Parece ser cada vez mais consensual e pacífico entre a comunidade científica, a constatação da influência antropogénica, humana sobre o clima e o ecossistema global. Basta olhar para um rio que se polui por influência da actividade humana ou da mesma sobre a atmosfera, poluindo-a e sendo certo que nem o rio, a água conhece fronteiras estanques como o ar também não.
Não menos consensual será admitir-se que alarmismos não conduzem a outro que não seja o lado de, pela impotência que logo suscitam, ficarmos a alimentar essa nossa propensão escatológica, diria, que satisfaz não a discussão lúcida, serena e razoável, verdadeiramente mobilisadora, mas toda a ordem de catastrofismos conducentes, escrevia, ao lado de coisa nenhuma.
Acrescentaria ainda, talvez importe sublinhar, que toda a ordem de instrumentos e ferramentas aferidores de tendências que hoje possuímos, não os possuíamos ainda não há muito tempo, que o tempo nestas coisas se mede a uma escala que ultrapassa a geração dos nossos avós, pelo que não sei até que ponto se poderão, a este nível, tirar conclusões irrefutáveis.
Diria ainda que a atitude científica não se pauta pelo consensual mas pelas rupturas e pelo factual, é irreverente e desenvolve-se, quantas vezes senão todas, a contra corrente, não é ditada por modas ou pelo pensamento dominante num dado momento, não é, tão pouco, politicamente correcta nem se sujeita, ai de nós se assim o fosse (!), a diktats impostos por maiorias electivas ou manifestações de massas.
Se consensual se torna a influência antropogénica, humana sobre o ecossistema global e diante de todas as dúvidas, perplexidades e apreensões que esta suscita no evoluir de certas tendências para cenários que se traçam, cenários que são sempre cenários e não mais do que cenários (!), na dúvida e diante de todas as angústias e incertezas, estou de acordo, não há nada como prevenir e na prevenção, sublinho-o, está o ganho e tanto mais quanto se invista na reconversão energética que às energias não renováveis, logo causadoras de tantos conflitos e amputadoras das autonomias, as cinja ao estritamente indispensável!
A esta luz se justificam as negociações em curso na Conferência de Copenhaga que há que levar, assim o espero, a bom termo!
A Terra integra-se, porém, num ecossistema maior, o Sistema Solar e este na Galáxia, a Via Láctea a que pertence e esta no Universo e se, é certo, a influência humana não poderá deixar de ser equacionada no peso que sobre o clima, nefasta ou positivamente poderá ter, certo é que outros olhares mais abrangentes ainda, não poderão deixar de ser equacionados quando a estas candentes questões as abordamos.
Da atitude científica, importará não esquecer, é indissociável o espírito crítico e a capacidade interrogativa que faz questionar o que, aparentemente, se dava como inquestionável.
E esta minha pergunta, aquela que se segue e com que, por fim, darei por encerrada esta página escrita ainda no pano de fundo da Conferência de Copenhaga, carrego-a de há muito, sobre ela exaustivamente elaborei num encadeado de hipóteses e de ensaios que a este blogue o precederam e que aqui não cabem, aflorei-a também já neste meu blogue e que a mim próprio, confesso-o, ainda me surpreendem e até hoje, para ela não encontrei cabal e peremptória refutação, com tudo o que ela também implica na abordagem das questões que da conferência estão pendentes e que aqui, dificilmente, se poderão desenvolver:
E se tivéssemos atravessado um Buraco Negro, tão difícil de se ver quanto de demonstrar termos, de facto, atravessado (?), perguntei outro dia e uma vez mais, sabendo bem do risco que corria na salvaguarda do meu bom nome e equilíbrio mental, a pessoa conhecida e perita em questões ambientais.
Essa pessoa logo nervosamente me respondeu de fugida que o mais certo seria que nos desintegrássemos e eu, de seguida, não deixei de lhe retorquir prontamente:
- O mais certo é uma coisa, que tal tivesse acontecido é outra e nem sempre o que acontece é o que dávamos por certo poder vir a acontecer!
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Dezembro de 2009