Caravaggio, David vencendo Golias ou o gigante, ele mesmo, o próprio pintor decapitado, desvendado
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Pela primeira vez, houve um (!?) anónimo que circulou entre o blogue de minha mulher e o meu e que, começando por ser extremamente desagradável foi inflectindo a sua posição até chegarmos aqui ...
Poderei, com toda a segurança, escrever que foi sempre o mesmo, sempre o mesmo anónimo?
Não, não posso embora alguns dados me levem a pensar que sim, como o estilo da escrita, as inflexões que foi dando ou as pistas que seguiu!
Poder-lhe-ei pedir a cabeça?
Como o poderia e mais a mais se, diminuto e insignificante, nada como o gigante Caravaggio, não dá a cara!?
Dever-lhe-ei ligar ou, como me chegaram a aconselhar, prudentemente admito-o (!), não lhe passar qualquer cartão?
Nestas três interrogações, contém-se já suficiente matéria de reflexão que, aliás, é comum a este universo bloguista e que muita tinta tem feito correr.
A revelação das identidades que por aqui circulam, autores ou comentadores da blogosfera é difícil de caracterizar embora pelo que se escreva e ainda que a coberto de falsas ou de anónimas identidades, se consiga, amiúde, desvendar.
Quando alguém se apresenta como anónimo e mais, não assine e ainda que o fizesse com um pseudónimo ou tentando assumir um heterónimo, arte que não está, convenhamos, ao alcance de todos (!), encarnando uma ou uma não identidade, logo aí nos é dada alguma coisa sobre o perfil do interlocutor e já para não falar daquilo que ele escreva.
Agora, perante o que anonimamente se escreva e que, por mais que o tentemos tornear nos fica a interpelar, não é por acaso que muitos autores de blogues não aceitam ou submetem os comentários a uma espécie de censura prévia nada ao meu gosto (!), perante o que se escreva, dizia, ou se enfrenta ou, acanhando-nos, amedrontando-nos, fingimos que não se lhe dá importância.
Eu gosto do desafio que suscita qualquer interpelação e por mais desagradável ou incómoda que ele possa ser e, como deste exemplo logo transparece, o desafio valeu a pena até porque, qualquer reacção anónima que a este texto se suceda já vem por mero e inconsequente, não bastasse já ser anónimo, mimetismo!
Que inflexão se deu no nosso anónimo que da pesporrência foi mudando de registo diante da nossa frontalidade, da de minha mulher e de mim próprio, que não nos deixando intimidar ou fingindo não ser nada connosco, o fomos entalando ...!
Mas como eu gosto de deixar as pessoas à vontade e além disso dando-lhes margem que lhes permita salvarem a face, só gostaria de ao anónimo o sentir de novo, identificado de preferência e, portanto, com tanta frontalidade como aquela que lhe concedemos e mesmo que dele se dissocie.
Estarei a dar demasiado relevo a este episódio!?
Não, não me parece, porque este é um episódio demasiado frequente e que, afinal, justifica (!?), neste universo da blogosfera, práticas que se tornam anormalmente normais como a da censura prévia que abomino e mesmo quando a essa regra livremente me sujeito.
Afinal, sei e não me atemorizo (!), que quem leva a melhor é quem exerce a frontalidade e não quem, escondendo-se cobardemente num suposto anonimato, não se livra de ficar com a cabeça, a face a descoberto ...
... e ainda que fique sem saber o seu nome que de tanto querer dar nas vistas, afinal, se conforma.
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O anonimato é a abstenção impressionável de si mesmo mas
como eu voto
me pronuncio
não me deixo impressionar
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( Para quem se interesse, seguir as interacções nas caixas de comentários desde as páginas O Espaço Entre Tu e Eu e Inumerável em http://historias-com-mar-ao-fundo.blogspot.com/, até àqueles da página Oito deste meu blogue )
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Setembro de 2009
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Setembro de 2009