dando a cara
o problema de nos refugiarmos em generalidades, ideologias ou ao abrigo do
institucional, do coletivo que é a mesma coisa, não que não sejam fundamentais
porque o são, por mais cruas e pertinentes que possam ser as questões que por
sua via se apontem ou denunciem tais como a corrupção consiste, precisamente,
em que nessas generalidades, ideologias ou ao abrigo institucional, as questões
denunciadas encontram sempre endémicas fugas de escape
agora, quando essas questões e tanto mais quanto globalmente consideradas, são
interpeladas a partir de uma perspetiva unipessoal. em nome próprio,
portanto e na palavra assim dada, quem interpela ou se compromete a si mesmo,
efetivando-o a começar por si próprio ou não o fazendo, a denúncia cai pela
base pondo em cheque e irremediavelmente aquele que as levanta poupando o
institucional à exposição e, logo, ao erosivo e rápido desgaste que
perigosamente não para de se acentuar
a minha palavra, nas provas dadas anos e anos a fio, de há muito me
compromete por inteiro - por inteiro, repito - pelo que aí reside toda a
diferença que como fator de dissuasão dessas mesmas questões, valia acrescida
no seu combate e suplemento anímico do institucional, até pelo simples facto do
cidadão singular nele, no institucional poder vir a encontrar eco e consagração
ou lugar num outro institucional supletivo a criar e tanto mais quanto
realizado sem recurso a quaisquer forças de pressão que à partida o condicionem,
importará considerar
a corrupção, aliás, combate-se de forma muito mais efetiva pelo exemplo que
frutifique e, logo, encontre eco no institucional do que por decreto
eis a assunção do meu fardo ou, se quiserdes, da minha cruz e quanto a esta,
sendo certo que a perspetiva cristã tradicional a encara no peso depressivo e
sacrificial, derradeiro, estrito senso considerado uma vez que à morte ninguém
escapa e nesse sentido essa é a cruz que todos carregamos, por maioria de razão
os mais velhos com ela convivem e nela se revêm e projetam, no entanto e já
para não falar na relação da cruz com o sinal +, mais ou positivo que
matematicamente ela simboliza, por exemplo, numa perspetiva aerodinâmica, não
fora o formato em cruz, o avião e nenhum de nós, hoje em dia, conseguiria voar
ou sonhar, ambicionar mais (+), aqui e outra vez em sentido metafórico, desejar
o melhor que é o que os jovens, jovens de espírito ambicionam pelo que ela, a
cruz não se antagoniza com a felicidade, a felicidade possível de alcançar,
muito antes pelo contrário
refletindo a partir da entrevista
concedida pelo Papa Francisco à Rádio
Renascença nos desafios por Ele lançados,
neles incluídos os ecológicos e, nomeadamente, quanto a saber se se quer uma Igreja quanto uma Europa avós, quer dizer anquilosadas ou antes mães e, por isso mesmo, abertas
ou recetivas e atuantes
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Setembro de 2015