Queda dos Titãs, Cornelis van Haarlem, 1588
DAS INTENCIONALIDADES DOS
VOTOS EXPRESSOS
É completamente abusivo,
antidemocrático, mesmo, já que ninguém consegue meter-se na cabeça de quem por
sua via se exprime, atribuírem-se intencionalidades aos votos dos cidadãos
eleitores, elas são completamente imponderáveis, porque a havê-las coletivas ou
expressas, tal equivaleria a dizer-se que sendo universal, o voto não seria
individual e secreto, ponto.
DAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS
Independentemente da tradição
e da ponderação que as forças políticas mais ou menos votadas em eleições
legislativas devem merecer ou, talvez, por isso mesmo, delas não se deduz que
ser-se a força política mais votada signifique, necessariamente, ser-se aquela
que está em condições de formar governo.
Nestas eleições, os
boletins de voto apresentam, não caras mas os logotipos das forças políticas em
presença, logo, não se destinam a eleger um primeiro-ministro até porque não
são eleições unipessoais, destinam-se, antes sim, a eleger os deputados do
Parlamento e é a partir dessa constatação que se define ou não quem está em
condições de formar um governo tão estável quanto o desejável sob indigitação
do Chefe de Estado.
DOS PARTIDOS DO
ARCO DA GOVERNAÇÃO
Pegando nesta mesma
expressão mas subvertendo-a, dos partidos do arco da governação ou do desenho
que forma o conjunto das bancadas de um Parlamento clássico sem exclusão de
ninguém e é dele, isto é, do conjunto dessas mesmas bancadas, de um como do
outro dos seus lados ou ao centro que se apura uma governação possível.
DAS CONDIÇÕES DE
GOVERNABILIDADE
Os programas dos partidos
são uma coisa e nem tudo desses programas está na agenda, eles constituem os
seus máximos e o programa do governo é outra bem diferente, isto é, aquilo que
está na agenda e é à volta deste último ou dos mínimos que o integram que se
pode chegar a um qualquer entendimento entre as forças políticas que compõem as
bancadas parlamentares com vista à formação de um governo plausível e
democrático qualquer que ele possa vir a ser.
DA EMPREGABILIDADE OU
DA FALTA DELA
Ter emprego não é, necessariamente,
ter trabalho e ambos os conceitos não se confundem.
Pode-se ter emprego e não
trabalhar de todo.
Pode-se trabalhar e não
ter emprego.
O trabalho consiste em
qualquer ocupação manual ou intelectual, não necessariamente profissional que
se tenha ou no esmero que se emprega na feitura desse mesmo trabalho ou obra
que se tenha entre mãos.
Neste último caso, o de se
trabalhar mas não ter emprego, não se tem de ser, necessariamente, um infeliz,
um excluído ou um inútil e é este o meu caso:
Neste momento não tenho
emprego, nem subsídio de desemprego, nem reforma à vista e nem por tudo isso me
sinto um inútil, um desesperançado ou um desaproveitado.
Não vivo, tão pouco,
tolhido pelo medo ou pela infelicidade.
Pelo ato de criação realizo-me
em cada uma das páginas que escrevo e dou à estampa.
Sabeis o que isso é?
Tanto mais quanto vivendo
na corda bamba da imprevisibilidade completa do dia de amanhã, sem rede ou da
empregabilidade que pelo que crio tarda em ser reconhecida?
Não se trata de fazer o elogio
da desempregabilidade, não e que fique claro mas esta ou o seu contrário não se
definem, necessariamente, num perfil, ainda que estatístico ou miserabilista
que não corresponde ao meu e não se pense que do ponto de vista estritamente
económico sou mais do que um simples remediado.
Eis outro dos mitos
titânicos em queda livre.
Sinais dos tempos ou de
maturidade que tardam?
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 Outubro de 2015
4 comentários:
ou como acreditar que os gatos pretos dão azar
e agora todos à espera de saber qual será o mito que o PR vai levantar...
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. urge devolver a Voz . a quem sempre a teve .
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. abraço.O .
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RADIOGRAFIA DO POST VERTENTE
Em momentos de grande agitação política nada como reafirmar verdades aparentemente evidentes mas que acabam por se revelar como o não sendo:
1 – O voto é um instituto universal, singular e secreto;
2 - As eleições legislativas destinam-se, tão só, a eleger os deputados para a Assembleia da República;
3 – Partidos do arco da governação ou são todos aqueles com representação parlamentar ou não é nenhum;
4 – As condições de governabilidade apuram-se com simples operações aritméticas e se para estas não se está preparado que dizer daquelas com outro grau de complexidade (?);
5 – O desemprego é um assunto demasiado sério e dele ninguém se pode apropriar a seu belo prazer.
Escrevo por mim
JLF
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