Wassily Kandinsky, Composition VI, 1913
Tudo o que escrevo,
refiro-me à música das minhas palavras ou à harmonia nelas implícitas, aos
implícitos resultantes da sua conjugação, são originais.
Originais ao sabor dos
acontecimentos relevantes sobre os quais vou tomando posição e que desta minha
perspetiva importa, julgo, não deixar passar em claro.
Nada do que publico é
aleatório ou casuístico.
Obedece à minha agenda,
ela mesma e ao correr da pena transparente.
Porquê?
Porque se tem
originalidade, singularidade e urge deixar registada, não tem dúbios
interesses escondidos, expõe-se.
E é assim que, constando,
o que escrevo não se aliena.
Se todos somos originais,
únicos, irrepetíveis, uns há cuja visão releva.
Tal vai da importância que
nos damos a nós próprios, nada de condenável em si mesmo, sublinhe-se e da
capacidade de por artes e ofícios a essa visão a exprimir.
A que importância me dou?
Àquela que o que escrevo
traduz e assim, em pensamento sistemático, expondo-me, se revela.
Importará mesmo o que vos
escrevo?
Só o tempo o dirá mas ele
passa, se passa e ajuíza.
labiríntico, o tempo ou o ritmo, o som que à música
a definem e que só o silêncio, o repouso da escrita potencia, são os juízes
da História
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Julho de 2016