sábado, 30 de julho de 2011

DA EFICÁCIA DA MUSICALIDADE SILENCIOSA DA ESCRITA




A eficácia do que é explícito deixa, muitas vezes, tudo a desejar …
Alguém afirma, ufano, não ser um menino do coro e logo lhe cai o menino e o coro, o Carmo e a Trindade em cima que assim se vê obrigado, engasgado, torpedeado a engolir!
Por outro lado, escrevo sobre alguém e quem será esse alguém!?
Esse alguém sabe que foi ele, outros implicitamente deduzirão quem ele é, mas poder-se-á afirmar que esse alguém é x, y ou z e pesem todas as coincidências espaço/temporais que ao que sobre esse alguém escrevo e para quem esteja atento, convergem no que tenha dito!?
Poderá esse alguém processar-me do que sobre ele, eventualmente, tenha escrito!?
A mim é que não me tomará ele por incauto, incauto ao ponto de não salvaguardar as minhas próprias defesas …!
E fui menino do coro, sim e depois!?
Que julga ele, que nasci ontem como ele!?
Que, como ele, na ânsia de protagonismo o desejo ter a troco de tudo ou nada!?
Ou sem que esse protagonismo se balize em terreno seguro sem o qual este se esfumará perante a chacota geral?
Sem que, ao que desse episódio escrevi, medisse bem a gravidade do sucedido ou a pertinência em sobre ele me pronunciar e como escrever, vindo, para mais, de quem vem nas responsabilidades que enjeitou, escarrapachando tudo na praça pública na ânsia de se safar e sem olhar a quem, nem aos meninos do coro os poupando tão pouco!?
Enchi o copo e zás!
Zás num silêncio musical bem medido!!
Afinal, o que é que os meninos do coro têm a ver com isso!?
Têm apenas na medida em que não dão tais fífias!
Mas com uma coisa temos nós todos a ver:
Há situações, preocupantes como o são pelo terreno em que se desenvolvem e que, afinal, a todos nos afectam, que não se compadecem com protagonismos de quem os deseje ter mas não está à altura deles!
E que arrepiante, no caso, isso não pode ser!?



a propósito de Quando os Galões Caem aos Pés publicado no mural do meu facebook e que, aqui, também Vos deixo



CALAI-VOS

Calai-vos
que dessas bocas
só sai
baboseira
sem ai
sem medir
o que vos trai
de tanto que não sabeis

Calai-vos
que nas parangonas
vos enterrais
marafonas






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 30 de Julho de 2011

quarta-feira, 27 de julho de 2011

EIS A QUESTÃO



Reduzir o terror àquilo que ele é, eis a questão:
Terror e nada mais do que isso, inqualificável forma de proceder e colocá-lo sob a alçada da justiça como crime contra a Humanidade;
Extirpá-lo das suas conotações religiosas, culturais, políticas ou outras, tudo pretextos da sua motivação e desculpabilização, na terra queimada que visa instalar;
Retirar-lhe o enfoque dos coitadinhos  dos seus perpetradores, assunto que apenas interessa à investigação reduzindo-os àquilo que são, criminosos contra a Humanidade;
Chamar-lhe terror, terror apenas ou por demais (!), inominável forma de proceder diante da qual não há patologia, tão pouco, que o justifique!
E assim inflectir em tudo o que alimente, por sua via, guerras de civilizações ou geográficas em que este se pretenda ancorar.
O terror é um caso de polícia a ser julgado e exemplarmente condenado e punido nas instâncias de justiça internacionais:
O terror é um crime contra a Humanidade perpetrado pela guerra dos tráficos, de todos os tráficos, desde o de armas, ao de pessoas, ao narcotráfico e à lavagem de dinheiro, eis ao que se resumem as suas ocultas, últimas motivações e nada mais.
O terror, já agora, não nos deve intimidar e a ele só se pode responder com mais Liberdade e mais Democracia sem cair na ingenuidade de, diante dele, lhe baixar as guardas ou as defesas:
E é por esta via que estas últimas também se preservam!



 na sequência de Ficção ou Realidade, publicado em nota no mural do meu facebook



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Julho de 2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O FUNDAMENTALISMO E O TERROR





Os trágicos acontecimentos ocorridos na Noruega e que em vários posts condenei, repudiei, sucessivamente, no mural do meu facebook, vieram demonstrar como os fundamentalismos, todos e quaisquer que eles sejam, casam bem com o terror.
Casam bem com essa nova realidade com que à escala nos teremos de habituar a lidar e sem baixar as guardas para as quais, afinal, o inominável do ocorrido na Noruega nos veio pôr de acrescido sobreaviso.
Afinal, esta trágica, inqualificável ocorrência, não poderia ser apontada a uma qualquer religião ou etnia que não as próprias de um dos seus!
Este, aliás, parece-me ser um falso problema:
O verdadeiro problema está em que replicantes, tais actos se perpetram independentes de filiações, cores, religiões ou culturas e se uma coisa é certa é que os fundamentalismos de sejam quais forem os matizes, sublinho, casam bem com o terror!
Terror, repito, e não terrorismo!
Terrorismo, para quem não tenha a memória curta (!), tem conotações históricas que se prendem com os epítetos que os colonialistas utilizavam para classificar os movimentos de libertação que às suas ex-colónias as pretendiam, legitimamente, tornar independentes.
Já o terror, até pela sua eventual inorganicidade, remete para aquilo que ele é:
O terror é inominável!
O terror, sendo subterrâneo, mata cega, indiscriminadamente e a eito!!
O terror, para além da ignorância e da inumanidade que revela, confunde-se com as mais terríveis das idiossincrasias!!!
O terror não tem pátria …
O terror é um dos preços que temos de pagar pelas coisas boas e más que a globalização e as novas tecnologias, inevitáveis, consigo transportam.
O terror obriga a mais democratização, mais cosmopolitismo, mais multiculturalismo, maior concertação global também para que, em simultâneo, não se deixem baixar as guardas …
Sendo subterrâneo, ao terror tem de se responder com o outro lado do subterrâneo de cada um de nós que o seja capaz, politicamente, de neutralizar!
O terror não passará!






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Julho de 2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

IRMANDADE



Tempestade na Europa
onde está tua vontade
correm ventos
potestades
falta-lhe majestade


Falta-lhe quem tenha idade
de gritar à irmandade
que sem ter pulso
saudade
de a sentir
como Cidade

De a sentir sem ter idade


 hoje mesmo e não por acaso, por ocasião da Cimeira do Eurogrupo




Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Julho de 2011

domingo, 17 de julho de 2011

ENTORSE

   


Entre o real e o Real uma tremenda entorse confunde,  baralha cada vez mais acentuadamente todas as coordenadas.
Volto à carga:
Repego na reacção que um amigo meu teve, respondendo à pergunta que lhe fiz sobre se tivéssemos atravessado um Buraco Negro, à qual ele me respondeu que o mais certo seria termo-nos desintegrado!
Ter-nos-íamos desintegrado, assim, de um momento para o outro!?
Respondo-Lhe eu, uma vez mais:
Poder-nos-emos desintegrar, isso sim, se continuarmos a olhar para tudo e a agir como se tal não tivesse acontecido!
Entorse:
Distensão súbita e violenta dos ligamentos e das partes moles que rodeiam as articulações, diz o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa …
Distensão ou tensão violenta ou forçada, torção, acto Ato ou efeito de torcer …
E figuradamente:
Efeito da torcedura sobre o que se religa no articulante ou estrutural conferindo-lhe novas ou insuspeitas qualidades.
E que dessa distensão não nos dávamos conta ou que nos obstinávamos em continuar a agir como dantes.
O que poderá acontecer a uma distensão não tratada?
A ela somando distensão sobre distensão?
Da crise ambiental à política, desta à económica e por aí fora ...!
Acentuando a torção em vórtice ou turbilhão, redemoinho, furacão ou voragem?
Não instantânea mas paulatinamente no tempo até um ponto de não retorno?
Match point a partir do qual impossível se tornasse reverter a situação?
Entre o real e o real, uma tremenda entorse persiste na abordagem do … Real.
Até onde e até quando!?






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Julho de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

TRÊS POR TRÊS


I

ABERTURA

Tudo o que se pede é, apenas, outra abertura com outro grau de adesão à realidade.
Tudo o que se pede é o aprofundamento da Democracia …
Aprofundamento que cole com a realidade, isto é, que permita a recuperação da iniciativa Política estratégica que a evidência desta mostra ir sempre e cada vez mais tragicamente a reboque!






II

DO  TRÁGICO, DA  MORTE  E  DO  HERÓICO

A música dá-nos as dimensões mais profundas da vida.
A dimensão do trágico de uma voz cantada que pela morte se reabilitou na escrita e a dimensão heróica que nestas duas, como matriz, se baliza.
As incontornáveis dimensões do um susceptíveis de aprofundarem a Democracia e que no todo revificam, se projectam, potenciam e revêem!






III

FECHO

Há que preencher um vazio institucional global que pela não violência e pelo desenvolvimento da praxis e do consequente doutrinal, democraticamente o remate e feche para que se abra de par em par, conferindo-lhe a agilidade que falta e que à Política, pela musicalidade a instile de democraticidade acrescida.

trilogia criada tendo por pano de fundo uma entrevista dada ontem pelo Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso,  à RTP 1 e editada, faseada e em primeira mão, no mural do meu facebook




Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Julho de 2011

sexta-feira, 8 de julho de 2011

RATE / RATING


frederic sommer


Tanta conversa fiada e nem se vai ao dicionário, bastara um simples dicionário escolar de Inglês/Português para desanuviarmos as ideias ...
Num simples dicionário apenas se encontrará a palavra rate.
Que quer ela dizer?
Para além dos significados que se prendem com avaliação, com qualidade ou razão, ali, no fim, quase discreta e despercebidamente, eis que aparece, para ela, o significado de descompostura.
Do Dicionário Priberam da Língua Portuguesa retiro para descompostura:


1. Desalinho; desarranjo; desordem.
2. Indecência; insulto.
3. Reprimenda; desanda; censura acrimoniosa.

Já alguém se teria dado conta disto!?
Já alguém se teria dado conta que, por vezes, se dá crédito a quem, afinal, se designa por descomposto!?
Àquele que diz não estar aqui para enganar ninguém!?
E que ao escarrapachar-se assim, logo no nome e pese embora, confunde toda a gente!?
I'll rate you!
De facto, só lhes dá crédito, sabeis a quem, quem se deixa ratar!
Ratar:

1. Dentar, roer à maneira de rato.
2. Cortar na casaca de alguém.

( a este texto, corrigido e anotado e que foi publicado, em primeira mão, no mural do meu facebook, tive o cuidado de me cingir à objectividade dos conceitos sem ser mais expresso do que isso, deixando aos leitores, como é norma da inteligência, desta e da ironia não menos inteligente, a capacidade, a vontade de aos conteúdos os desvendarem )



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

DEMOCRATICIDADE

Joaquin Sorolla


Democraticidade …
A democraticidade garante o sufrágio universal e secreto sem o qual não há Democracia digna desse nome mas ele não é, em si mesmo, suficiente para a garantir:
Eleito não é, apenas, aquele que por sua via se torna elegível mas, também, aquele que por seus méritos, méritos esses associados à defesa da Democracia, se consagra.
A democraticidade garante a democratização do Ensino que deverá ser universal e tendencialmente gratuito, mas ela não é, em si mesma, suficiente para a garantir:
Implica, ela também, o tratamento diferenciado, isto é, que não se trate de forma igual o que é, por sua própria natureza, desigual.
A democraticidade garante igual acesso à Cultura mas nesse igual acesso aos bens culturais, sob pena de ele se tornar desigual, há que garantir:
Tratamento diferenciado em função das provas dadas que logo se aferem pelos conteúdos dos bens culturais criados.
A democraticidade aplicada nestas que diria serem as suas três vertentes axiais e já para não falar dos direitos ao emprego e à saúde sem os quais elas não são almejáveis, implica, ela também, a democraticidade nas suas vertentes económica e financeira:
As derivas em que estas duas últimas vertentes, por hipótese, descambem, não poderão afectar a prossecução daquelas outras que sendo axiais, a elas as sobrelevam.
Nem só de pão vive o homem e a acharmos que sim, não o realizando, tão pouco, a esse desidério, estão criadas as condições de fazer regredir a Democracia não sei para que recuado patamar …
Este é um desafio que se põe à Comunidade Internacional no seu conjunto e que não há como contorná-lo.
Eu a ele Vos desafio!
De outro modo acabará por imperar a ditadura dos números o mesmo é dizer … uma qualquer e ainda que subliminar e sinuosa ditadura!





Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Julho de 2011

domingo, 3 de julho de 2011

EXCELÊNCIA



A excelência tanto está em quem cria como em quem interpreta e quem interpreta é tanto quem executa como o destinatário dessa execução.
Eu crio, tu tocas ou lês, transmites, interpretas o que eu criei e ele, como receptor, também interpreta o que lhe foi transmitido.
Se a algum dos elos deste triângulo, digamos, lhe faltar a qualidade da excelência, o processo fica por concluir.
A criação pode ser da máxima excelência mas se aos intérpretes, tanto o transmissor tal como o receptor, igual excelência lhes faltar, não é a criação que fica em causa mas antes a excelência dos seus intérpretes.
Os intérpretes podem ser da máxima excelência mas se à criação igual excelência lhe faltar, esta nunca ficará à sua altura, será de qualidade inferior.
Como se afere a excelência?
Antes de mais, pelos conteúdos da obra criada.
Quantos mais os tiver, quanto mais em aberto ela se demonstrar ser pelas leituras escondidas que em si mesma se encerrem, isto é, quanto menos definitiva e em aberto ela se der, tanto ao intérprete transmissor como ao intérprete receptor, mais a obra se afere, no tempo, conservando a sua qualidade, exigência perene, actualidade, mais nela se afere, escrevia, da sua excelência.
Quanto aos intérpretes, a excelência na interpretação de uma obra, essa afere-se pela capacidade, sejam eles o intérprete transmissor como o receptor, pela capacidade que tenham de a esses conteúdos os serem capazes de desvendar, de trazer à tona.
Neste sentido, a criatividade está tanto do lado do criador como dos intérpretes transmissor e receptor, eles mesmos não menos criadores, melhor dizendo, recriadores.
Pergunto-me:
Reconheceria, rever-se-ia Mozart na qualidade, exigência interpretativa posta aqui, por Mitsuko Uchida, de um seu Romanze...?
E tu, rever-te-ás nela, acrescentando-lhe valia!?
Se, em simultâneo, eu for capaz de ser eu, tu e ele, os três num só, recriador da recriação da criação, ela mesma, já de si, recriação, não subestimando nenhum destes três elos, estão criados os ingredientes capazes de à obra, dando-lhe plena dimensão, a transfigurarem em Obra que é o que a obra de Mozart, de facto, em si mesma o é.
Chama-se a esta capacidade o trinitário mistério revelado da criação artística!
Na interpretação de Mozart a que se tem acesso no link abaixo, de que lado está a excelência criativa ...
... do dele, do teu ou do meu!?



aqui adaptado, este texto foi publicado, em primeira mão, no mural do meu facebook






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Julho de 2011

sexta-feira, 1 de julho de 2011

IMAGINE-SE



Imagine-se um país democrático em crise, em crise política, económico-financeira, em crise de identidade ameaçado de insolvência, de falência onde as instituições democráticas caem num crescente descrédito e cuja crise, por arrasto, ameaça tantos outros para não dizer o sistema financeiro global de crescente contágio, descalabro e ruptura.
Imagine-se, não o será difícil de imaginar, o descrédito crescente em que persistem essas mesmas instituições, um pouco por todo o lado.
Imaginem-se, para ir ao fundo da questão, as crescentes alterações climáticas, essa maior crise que subjaz em pano de fundo e que, elas mesmas, para bom entendedor, logo obrigam a mudar de vida (!), que não conhecem fronteiras nem países, nem, tão pouco, grandes espaços geográficos, dependentes e ao sabor das conveniências eleitorais daqui ou dali, encaradas de acordo com um determinado sentir e consciência críticas, por avanços e recuos e sem estratégia global de ataque ou de enfoque que a elas concertadamente presidisse.
Imagine-se tudo o que, em nota de rodapé, na minha página anterior, Vos pus à consideração …
Imagine-se a escassez de água, aquela que já é apontada como a fonte de todas as disputas que a este século constrangerá …!
Imagine-se que teríamos atravessado um Buraco Negroquem nos poderá garantir do contrário!?
Imagine-se como tudo o que vou equacionando interpela, directamente, a Democracia e como esta, à falta de concertação global se encontra ameaçada de, no mínimo, vir a deteriorar-se pela perca crescente de confiabilidade no ataque, com êxito e pacífico, a todos estes reais, porque não imaginários, desafios …!?
Prefiro encará-los como desafios …
Imagine-se a premente necessidade de à Democracia a aprofundar para que se enraíze, reveja noutra sustentabilidade e enriqueça …
Imagine-se …!
Imagine-se que, em nome de tudo o que atrás foi dito e muito mais alguém se levanta e nos termos já referidos, numa atitude de confiança a ela, à Democracia, na pessoa das suas instituições e representantes e à escala global, assim, resiliente, persiste em se afirmar!?
Imagine-se, por fim, que, também à escala global, a esse alguém lhe é dada resposta, consagrando-o, pela não violência e Serviço creditados a seu favor, num lugar por preencher
Imagine-se o impacto global que tal teria!?
Como à Democracia seria instilado novo e redobrado crédito!?
E que catarse não teria lugar, à escala global, repito, na reconciliação que se geraria entre as instituições democráticas e o cidadão comum
… o cidadão que como todos nós, afinal, é um cidadão do mundo!?



clássico … há coisas que não são mera obra do acaso






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Julho de 2011