I
Que me interessa ter se usufruo?
E o que é o ter senão o transitório usufruto?
E a posse?
O que é ela senão a tremenda desilusão de julgar seu?
Usufruo …
Usufruo também porque dou!
E nesse meu desapego que usufruto maior …!
O de dispor e de dar e que dando … melhor usufruo …
Tal como a folha que cai e que se é da árvore também pertence à terra.
( no primeiro dia do Outono )
II
Dou o que escrevo e sempre que dou, que maior usufruto!
Dar é usufruir …
Imaginem que procurava outros que não o intermediário que é este suporte que me permite chegar até vós e que, com ele, com esse intermediário estabelecia condições de salvaguarda da propriedade intelectual que, na sua publicação, me garantissem a sua posse.
Tem, o acto de criação, propriedade?
Ou ele é livre para que livre se possa dar …?
Fui eu que escrevi, é quanto me basta!
III
A mim basta-me a propriedade ou a justeza da linguagem …
… da linguagem que utilizo!
Quanto à sua posse não ambiciono que ela se torne um meu exclusivo.
Como o poderia ambicionar …!?
Como se o meu mais íntimo desejo, ao utilizá-la, reside em que ela se propague!?
Como se, congruente com a praxis, ela deveria, tal como comigo, imperar!?
A mim basta-me a justeza do que escrevo, propriedade das propriedades …
… e essa propriedade não é minha mas sim de todos nós!
propriedade = justeza
( publicado em primeira mão no mural do meu facebook )
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 24 de Setembro de 2011
3 comentários:
usofruto
é como os escritos que correm por aqui
lançamo-los
vagueiam
viajam
retornam
usufruímos
com propriedade dizemos, de quem são?
Jaime
Meu amigo
Usufruo da vida, não a tenho.
A posse é uma ilusão desmedida do que realmente somos. Se me rodeio do que é material, é porque tenho um corpo onde viajo. O que tenho, o que é meu, verdadeiramente, não é mensurável nem sequer vísivel no olhar das coisas.
Um beijinho
Neste seu usufruto, que bom o seu desapego, assim usufruímos desse seu dar quando escreve e permite que se propague em[a] nós.
Um abraço
oa.s
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