Aquilo que canto é mudo
no silêncio tem de tudo
se o declamar o meu canto
perde o relevo e o espanto
Num calar que tem de santo
enche-se o mundo de tanto
dito alto a tudo mudo
do cantar sobra o que grudo
O que escrevo ou um entrudo
quando o pensar é um pranto
equacionar que levanto
Às fronteiras as quebranto
sem esquinas arestas bicudo
pontuar grave ou agudo
da imaterialidade acústica da poética, no dia em que o Fado, marca indelével da língua portuguesa, se tornou Património Imaterial da Humanidade
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Novembro de 2011
2 comentários:
em quebranto
é mudo o canto
não fora uma guitarra afinada
uma toada
uma estrada
e o orgulho de ser português!
eu cá tenho, pouco me importa os velhos do Restelo
Jaime
Meu amigo
E quantas vezes o canto, sendo mudo, entoa em qualquer lugar do universo. Creio no silêncio, como sabe, esse silêncio com que oiço o fado e nele me reconheço, pertença do meu povo.
Um abraço forte, que vem de dentro de um canto meu, tantas vezes, também, mudo.
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