PENSAMENTOS
Como já tereis reparado tenho vindo a coligir pensamentos, todos da minha
autoria.
A primeira questão que levanto é esta:
Se, de hoje para amanhã e por hipótese, me viesse a tornar numa pessoa
célebre não seria difícil imaginar que os meus pensamentos passassem a ser
citados por dá cá aquela palha mas caso permaneça mergulhado no anonimato, quem
me citará?
Põe-se, então, uma outra e contundente, oportuníssima questão:
Valem ou não os meus pensamentos, nos seus conteúdos, por si próprios e
independentemente da minha própria notoriedade?
Finalmente:
Ou será, antes, a riqueza intrínseca dos meus pensamentos que transporta
consigo a celebridade?
QUEM PERGUNTA
Quem pergunta é porque já sabe, pelo menos em parte, a resposta e, por
isso, já responde ainda que, por responder em forma de pergunta, deixe a
resposta em aberto.
Aliás, quem não sabe também não consegue, seja de que maneira for,
perguntar.
PERGUNTAR
Perguntar é a forma mais inteligente de se insinuar, ainda que se deixe em
aberto, uma resposta.
Uma pergunta que é o que uma hipótese é, aliás, é o primeiro passo para que
a experimentação não se conduza nem às cegas nem fortuitamente e resulte,
sistemática, em investigação científica.
DO 1 E
DO ZERO
Se o 1, primeiro dos números naturais ou a unidade, o singular, não
conseguir chegar e compatibilizar-se, por si próprio e pela lógica,
pacificamente, com o zero, o artifício da lei ou o institucional, como é que a
numeração inteira que o número 10 introduz, alguma vez, poderia fazer qualquer
sentido?
RECONCILIAÇÃO
No dia em que o um, primeiro dos números naturais, a unidade, o cidadão
singular, pelo seu próprio mérito, pacifica e transparentemente, conseguir
chegar ao 10, à numeração inteira, ao institucional, reconciliando os cinco
dedos da mão direita com os cinco da mão esquerda, dar-se-á, simultaneamente, a
reconciliação entre o poder democrático, a Democracia e o Povo.
Nesse dia, tanto mais urgente quanto a crise que nos assola, o
aprofundamento da Democracia não será expressão vã.
DO ZERO
O zero é a superfície do espelho à direita da qual se desenvolve a
numeração positiva.
À sua esquerda, contudo e partindo do mesmo princípio, ao que se
convencionou chamar a numeração negativa que à primeira a anularia, simétrica
da positiva, desenvolve-se algo que não sendo numeração antes o seu simétrico,
repito, já se aproxima da escrita.
Abstração da abstração, o reflexo da numeração positiva na sua simbologia
não já numérica, humanizada resulta e ambas, na absorvência transformadora do
zero ou da superfície do espelho, não se anulam antes, na sua
complementaridade, se potenciam.
O APRENDIZ E
O MESTRE
Aprendiz é aquele que, por sua
livre vontade e iniciativa, confrontado com uma prova de fogo incansável
persiste e, pacificamente, não desarma por maior que seja a omissão que sobre
si próprio recaia.
Mestre é aquele que sujeitando
o aprendiz a uma prova de fogo, por fim, nele se sabendo rever o reconhece e
mesmo se o aprendiz em muito o excede.
De qualquer maneira, mestre e
aprendiz, ou têm ambos um pouco dos dois ou não são nem uma coisa nem a outra.
mais e mais
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Dezembro de 2012
1 comentário:
se não sabe, porque é que pergunta
os pensamentos das pessoas célebres são exatamente iguais aos da gente comum
os meios de os publicitar é que são outros
há, sim, aqueles que não pensam e até são célebres, basta ver a programação das têvês
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