luz / som
Como escrevi há duas páginas atrás, a escrita equivale a uma viagem no espaço/tempo que decorre
a uma velocidade onde confluindo aquelas do som e da luz, nela e através dela,
ambas se cristalizam.
Basta que nela, na
escrita, se domine a sua arte.
Esse basta é que não é de
pouca monta.
Então, vejamos:
A velocidade do som
corresponde a trezentos e quarenta metros por segundo ou mil duzentos e vinte e
quatro quilómetros por hora;
A velocidade da luz
equivale, aproximadamente, a trezentos mil quilómetros por segundo.
Por segundo, repito.
Que abissal e
aparentemente intransponível diferença entre uma e a outra!
À velocidade do som já a
ultrapassámos mas quanto a atingirmos a velocidade da luz, tal parece estar
completamente fora do nosso alcance.
Mas isto de que falamos a
uma escala macrocósmica não corresponde a valores, em si mesmos, absolutos.
Consoante a escala assim
estes valores também se relativizam.
Que difícil é agarrar,
acompanhar o pensamento, sonoridade potencial em si mesmo!
No interior do nosso
cérebro, por efeito simétrico ou de câmara
escura, as velocidades da luz e do som invertendo-se, transfiguram-se.
O som, aliás, adquirindo
pela palavra substância racional, torna-se, em si mesmo e por via desta, da
palavra em luz e propaga-se nela, nessa câmara escura a uma velocidade que à da
luz em muito a supera.
Depois, vai um passo, um
pequeno passo de gigante, para a escrita.
A escrita ou o processo
pelo qual se cristalizam, no concreto, as velocidades da luz com a do som.
Eu escrevo e no que
escrevo está o que escrevo e o que do que escrevo se subentende.
O corredor ou trincheira, veios balizados de luz, de escrita e que à velocidade desta, da luz a supera mas que não é
aleatório.
Baliza-se, repito, no que
escrito está.
Aquilo a que na música se
chamam os harmónicos do que se toca.
Da nota que tocada se
expande ou vibra numa sequência de harmónicos, impercetíveis sonoridades mas
sem as quais esta, a nota, não soaria como deve e onde os harmónicos dependem e
se sequencializam de acordo com a nota que é tocada.
Se em efeito simétrico
pela luz eu não atingisse o som, o som do que e de como escrevo, a escrita,
esta assumiria outras formas ou extinguir-se-ia.
Mas como o atinjo pese
embora o Buraco Negro que em fosso abismal à luz do som os separa ou por
isso mesmo, ao som, luz, na minha escrita os ancoro, sedimento e perpetuo.
do ato de escrever com conteúdos ou harmónicos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Maio de 2013
2 comentários:
hamonia quase perfeita,
mais,
seria um imenso buraco azul!
INTERPELAÇÃO
À velocidade da escrita, como negativo do negativo cerebral, embora nela cristalizadas as velocidades da luz e a do som, ultrapasso a velocidade da luz.
Vosso
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Maio de 2013
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