os vossos antepassados dignos desse nome escarnecem de
vós
Se vivêssemos como vivemos
uma situação trágica não a iludiria nem a pintaria em dégradé que a suavizasse
ainda que temporariamente e retratá-la-ia ipsis
verbis sem mais delongas e isto independentemente dos custos eleitorais ou
outros que pudesse vir a arcar mas nunca sem antes fazer um exame de
consciência:
Estou ou não em condições
de falar, escrever nesses termos?
Por condições, que quero
eu dizer com isso?
Terei ou não
responsabilidades no ponto a que se chegou?
Gozo de uma situação
desafogada ou a minha equivale aquela de quantos cidadãos que com essa situação
se confrontam no seu dia-a-dia?
Ganho a vida por emitir
opinião?
Tiro dela, a cantar de
alto, qualquer tipo de proveito pessoal?
Terei alguma agenda
escondida que me faz escrever o que escrevo?
Que autoridade, em suma,
me sobra ou advém e para lá daquela que resulta do sufrágio ou da estrita
legitimidade democrática que, aliás, não justifica tudo e que não vem ao caso para,
por hipótese, impor sacrifícios aos meus pares e iguais deles não me eximindo?
De incongruência entre o
que se é, se faz e se diz, dou-vos apenas um exemplo e que nas manchetes da
atualidade passou praticamente despercebido:
O Presidente do Deutsche Bank afirmou há poucos dias e a
propósito das novas taxas diretoras do Banco
Central Europeu serem estas, de tão baixas, pouco saudáveis.
Mas Sua Excelência
esqueceu-se, vá-se lá a saber porquê, de referir o doentio das taxas de juro
a que a Alemanha se continua a
financiar nos mercados e, sobretudo, se comparando com o que se passa,
nomeadamente, nas periferias da Europa.
Liquidez a mais, liquidez
a menos, sistema de vasos comunicantes artificial e perigosamente bloqueado.
Pouco saudável e é dizer
pouco, é a situação de profundo desequilíbrio que, no seu conjunto, à Europa a afeta!
Ou que julga o Presidente do Banco Central Alemão!?
Que à Alemanha o que à Alemanha
lhe interessa e que esta está ou pode permanecer imune à doença que varre toda
a Europa?
Pouco saudável é o Euro, essa é que é essa, qual divisa especulativa
mais do que de investimento na economia real expondo e fragilizando os países
mais fracos que o integram mas não deixando de levar todos os outros por
arrasto, é uma questão de tempo e o tempo
urge não se compadecendo mais com porfiadas e calculistas agendas domésticas, quanto mais tarde, aliás, pior,
continuar, sobrevalorizado, a valer o que vale e sem que ao Banco Central Europeu lhe sejam concedidas todas as prerrogativas que a um banco
central, verdadeiramente, lhe competem.
Por quem se toma o senhor Deutsche Bank?
Halt den Mund que o mesmo quer dizer cala-me essa boca!
segui, criteriosamente, os links que de texto para texto, a partir deste, se vão, sucessivamente,
disponibilizando
( onde está a genialidade alemã? )
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Maio de 2013
3 comentários:
CAROS LEITORES,
Nesta abordagem, eu tinha duas hipóteses, a saber:
Ou depreciava as qualidades da cultura alemã como muitos, compreensível e indignadamente, tendem a fazê-lo e virando-a contra mim;
Ou, inversamente, puxava pelo que de melhor essa cultura tem, afinal uma entre tantas e, desejavelmente, iguais, chamando-a a mim e sem ferir, já agora, a legitimidade tanto dos eleitos como dos eleitores alemães.
Optei, decididamente, pela segunda delas e disso, não me arrependo, muito antes pelo contrário.
Vosso
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Maio de 2013
e como eles não se calam, eu tapo os ouvidos...
muito bom!
Wim Wenders, também é alemão
Concordo consigo, caro Amigo, em não querer diabolizar a cultura alemã.
Aliás tenho o máximo respeito pela cultura dos outros Povos, sejam eles quais forem - brancos, pretos, amarelos ou peles-vermelhas...
E algumas das minhas maiores referências não têm a minha nacionalidade. Por isso, se me permite afastar-me do tema inicial, acho um disparate os nacionalismos exacerbados, embora eu, tanto quanto me é possível, seja patriota, isto é, gosto do sítio onde nasci, dos meus amigos mais próximos, vizinhos muitos, e gosto do meu País.
Gosto da Arte e dos Artistas que aqui nasceram. Gosto muito do Cinema Português (daquele que é bom, entende-se).
Em geral detesto e desprezo os que, provincianamente, acham que o que se faz "lá fora" é que é bom... Como trabalhei numa empresa com delegações por todo o mundo, senti muito isso. E também pude concluir que essa atitude, se umas vezes era por oportunismo, muitas outras era por falta de Cultura...
Um abraço
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