quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

PERGUNTA E RESPOSTA NUCLEARES




Egon Schiele, The Holy Family, 1913






a maior das debilidades é a que pela força física se manifesta


Na sequência da última página do meu blogue, Da Triangulação Nuclear e em seu complemento, deixo-Vos com uma pergunta e uma resposta, elas também, nucleares:

Por que razão as narrativas sagradas que bem se espelham na simbiose simbólica do Sinal da Cruz, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo que em si mesmo contém, ele também, uma narrativa são feitas, grosso modo, no masculino?

Por duas razões que diria fundamentais:
A primeira porque, historicamente, o elo menos confiável da cadeia genealógica sempre foi, pela impossibilidade senão recente de o demonstrar, o elo masculino pois que se sabia quem era a mãe ou o elo feminino e a/o filha/o ou o elo neutro, em alemão, por exemplo e só para citar esta língua, existe o género neutro ao qual a criança, gramaticalmente, pertence mas quanto ao primeiro não havia senão como pela palavra, quando não e quantas vezes pela força, o estabelecer;
A segunda porque uma vez firmado o elo masculino já que hoje suscetível de ser demonstrado cientificamente e acresce, com o avanço da ciência e a emancipação feminina, ambos histórica e paradoxalmente coincidentes com a proliferação dos santuários marianos, daí, quiçá e também, a atratividade destes últimos num deus ainda que subliminarmente feito mulher, tornam-no, ao masculino, um elo ainda mais débil dessa mesma cadeia na presunção da sua própria subalternidade quási descartável.
Estes factos conferem outra luz ao Sinal da Cruz como poderoso fator de coesão social a corroborar a sua intemporalidade imorredoira, todos somos, simultaneamente, pais e/ou mães, logo, Pai ou parentes, Filho/s ou neutros enquanto crianças e Espírito/s Santo/s no que dele, do espírito e de inviolável, em nós mesmos transportamos a denunciar à saciedade a reação reflexa bem tradicionalmente masculina, aliás, sinal de insegurança convertida em força física e/ou em estatuto, em si mesmos, afinal, demonstrações cabais da mais completa e flagrante das debilidades de que os fundamentalismos e o terror são, mais do que nunca, desesperadas e tardias, misóginas manifestações de quem dos seus derradeiros redutos se recusa a abrir mão e a partilhar.
Deus está na trilogia dos géneros que a uns não confere mais do que aos outros ou do que aos outros os iniba de ser uns, quer dizer, inteiras e trinitárias individualidades.



ao arrepio do medo, uma vez mais, Boas Festas










Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Dezembro de 2015





3 comentários:

manuela baptista disse...

pois seja como dizes,


em nome de um ser maior, não importa a forma exterior com que se nos apresenta

. intemporal . disse...

.

.

. da "Triangulação Nuclear" ao "Triângulo Dourado" dentro de poucas semanas . :) . por ora re.centro.me . porque é urgente . :) . urge respirar . :) .

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. muitos parabéns a uma Grande Mãe e muitos parabéns a um Grande Filho pelo aniversário de Sua Mãe . :) . aos noventa anos . Cristo . é uma dádiva suprema .

.

. e,,, . boas festas . para Si . e para todos . sem excepção . de e em Sua casa .

.

. abraço.OOO .

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Jaime Portela disse...

Nunca tinha pensado no assunto, mas a explicação faz todo o sentido.
Obrigado por me adicionares no Google+, pois só assim me foi possível chegar ao teu magnífico blogue.
Boas festas, caro Jaime.
Um abraço.