Fala-se à exaustão, tanto que até já cansa como se à palma disso nos fôssemos anestesiando (!), na crise económico-financeira que eu insisto em afirmar não ser mais do que a manifestação de outra mais grave e candente, a crise ambiental e dos riscos, a ela inerentes, de contágio incontrolável.
Tentam todos pôr-se a salvo em reacção esquizofrénica inqualificável, e os riscos não param, todavia, de se acentuar!
Digamos que isto, a Norte.
A Sul, por seu turno e lancinantemente, cresce a fome desmedidamente como é, agora, o caso da Somália!
Pergunto-Vos, e da fome, não há risco de contágio!?
Dir-me-ão ser esta um mal endémico mas o facto é que ela entra-nos, aos países ricos, pela porta dentro embora ainda com laivos de simples brincadeira quando comparada com aquela que a milhares, milhões mesmo e crianças, mulheres e velhos sobretudo (!), os faz sucumbir todos os dias!
Da fome, repito, não haverá risco de contágio?
Não ameaça ela o nosso bem estar colectivo e, em particular, as democracias que, diante dela, dificilmente podem resistir?
Como o poderão!?
Não há perigo de contágio!?
Enquanto prevalecer a lógica cega dos números sobre a incontornável lógica da humanidade que no um, em cada um se revê e colectivamente nos interpela, continuaremos a brincar com o fogo!
Digo fogo e bem:
O aquecimento global que a todas estas manifestações, cada vez mais, subjaz interpelando-nos com urgência acrescida a mudarmos de vida, é fogo que arde sem se ver aos nossos pés e que relutantemente estamos dispostos a admitir!
O contágio é global e manifesta-se tanto pela fome que urge solidariamente atacar e sem delongas como por via da brincadeira que é essa nossa crise e que nos insta a mudarmos, solidários, colectiva e globalmente de vida!
E entre o Norte e o Sul, cresce a convulsão …
UMA VEZ MAIS
que são os nossos problemas ao pé dos daqueles que sofrem as maiores privações
ao pé dos que assolam
por exemplo
a Somália
dir-me-ão que
com o mal dos outros podemos bem aguentar
mas o mal dos outros
( dar-nos-emos conta )
é o nosso próprio mal
a atolar-nos os pés
( este poema e uma vez mais, no mural do meu facebook agora para aqui transposto, a propósito da terrível situação na Somália )
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Agosto de 2011
8 comentários:
o contágio das boas políticas, da paz e do pão
seria bem vindo
não podemos sequer imaginar o que é um campo de refugiados e ironicamente, é aí, que melhor se está
e onde todos os que têm fome desejam entrar
quando o atoleiro começa, entre os que desgovernam estes países, por que ponta se pegará, a não ser a do bálsamo na ferida?
MANUELA BAPTISTA
Sublinho:
O contágio das boas políticas, da paz e do pão!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Agosto de 2011
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Agosto de 2011
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Agosto de 2011
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Agosto de 2011
Jaime
Meu amigo
O contágio há muito começou. A maleita propaga-se, lenta e silenciosamente. Em estado mantido de negação, ouvem-se os risos meio loucos, as bandeiras hasteadas em falsas (dês)preocupações... mas matem-se a vida, aparentemente igual, enquanto o contágio se dissemina. A Sul, diz o Jaime, mas essa fome é por demais evidente e poucos, verdadeiramente, com ela se importam. Está longe, é triste, mas não está à nossa porta. Ser solidário é coisa para o Natal, pensam muitos, ou então é obrigação do Estado, dizem outros tantos. O despertar das consciências, colide sempre com a ameaça dos próprios interessem e, talvez por isso, sejam infelizmente cada vez mais os rostos, onde a vida já adormeceu dentro das pálpebras.
Atolados estamos... embora não pareça. A decadência começa muito antes ser vísivel!
Um beijinho
MARIA JOÃO
Querida Amiga,
E se o contágio, aos poucos, ele próprio se disseminasse nos próprios interesses ...!?
Pode crer que já estivemos mais longe disso do que, eventualmente, possa parecer!
Um beijinho
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Agosto de 2011
ATÓIS IV
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Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Agosto de 2011
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