Siqueiros, fragmento mural
Qualquer dia ao acordarmos dar-nos-emos conta, de súbito, do fosso que paulatinamente se vai tornando intransponível entre o institucional cada vez mais anquilosado e tudo aquilo em que se revê o cidadão comum;
Entre os ritos comuns e aqueles que ao institucional o enformam;
Entre a praxis institucional e aquela do comum dos cidadãos.
Qualquer dia e sem que nos tenhamos dado conta e pesem embora todos os sinais que se vão avolumando arriscamo-nos a que, não apenas se extingam as audiências que a um qualquer representante institucional lhe dê ouvidos em declínio, aliás, acentuadamente crescente como, pior ainda, se deixe, pura e simplesmente de entender o que ele tem para transmitir!
Qualquer dia e por mais democrático que o regime o seja, as suas praxes institucionais serão coisas completamente despidas de sentido para o comum dos mortais, nas quais ninguém se reverá e remetidas para um gueto de iniciados, candidatos a cuja iniciação, aliás, irão, como já se nota, cada vez mais escasseando!!
Qualquer dia a desconfiança será tal, à força da incoerência de um discurso que teima em não ter correspondência com o real, que me interrogo onde poderá ir parar a legitimidade democrática institucional que à palma do sempre crescente nível de abstenção dela se vai, silenciosamente, depauperando!!!
Qualquer dia …
Qualquer dia a preparação do candidato, seja ele qual for, tentando fazer dele um homenzinho modelo cujo modelo se perdeu (!), não terá nada a ver com o cidadão comum;
Qualquer dia, os próprios ritos esvaziados de modelo, mas que modelo (!?), perderão, eles também, todo o sentido;
Qualquer dia o cidadão comum que numa frase de seis palavras dá três erros, nada de especial (!), entenderá por ilegível um período de um qualquer discurso político!
Qualquer dia …
Qualquer dia, afogados em diktats e jogos tácticos de ocasião, estes omitirão e neles se dissolverá, por completo, a percepção do bem comum!
Qualquer dia e à força de, em nome das tradições, ir sempre atrás, sempre a reboque dos acontecimentos, acordamos e de repente … somos engolidos pela barbárie!
para que este qualquer dia nunca venha a acontecer
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Agosto de 2011
11 comentários:
Qualquer dia poderá ser aquele dia em que todos os valores se perderam...mas eu acredito numa nova geração que tão bem conheço, tão diferente daquela que por aí aparece à tona e que há-de emergir para que esse dia nunca aconteça.
Bem regressado Jaime.
Beijinhos
Branca
Jaime,
as instituições a arder
a marcha fúnebre para uma rainha
são fragmentos
o fosso é muito grande,
entre o discurso, os governantes, os candidatos, a democracia, os modelos e a realidade de cada um dos habitantes deste planeta
"Niels Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade inteira saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.
...
Mais um passo.
Mais outro.
Num sobre-humano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
Com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira,
com o coração pequeno e ressequido,
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar, no chão poeirento da Lua, a bandeira da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho."
António Gedeão, extracto de: Poema do Homem Novo
respeitando o silêncio
desejo: boas férias!
manuela
REGISTO
Excepcionalmente, quebro o meu silêncio apenas para fazer este registo:
Cumpre-se hoje um ano desde que instalei, neste meu blogue, o contador de visitantes que, juntamente com o planisfério, se encontram no fundo das páginas visíveis deste meu blogue.
Estou a atingir e vou ultrapassar, julgo, ainda hoje, um total de 42 000 visitantes no decorrer desse ano que hoje se completa.
Posso, portanto, dizer que atingi a média diária aproximada de 115 visitantes por dia no decorrer do ano que passou.
O planisfério, instalado três dias depois, a fazer um ano no próximo dia 18 de Agosto encontra-se, ele também, pintalgado de visitas vindas de todo o Mundo o que me apraz, sobremaneira, registar!
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Agosto de 2011
O planisfério é um mistério redondooooooooooooooo
eu sou a gata 42 030
tranquila e assanhada
e lá por teres ficado com a lágrima no olho aí com o rafeirote, livra-te de lhe dares croquetes e recusares-me chocolate!
Jaime,
estou aqui para lhe dar um abraço de parabéns, e desejar-lhe umas boas férias
qualquer dia... dou-lhe um abraço ao vivo e a cores, ok?
Walter
Parabéns Jaime!
Também venho quebrar o seu silêncio... para festejar consigo, porque hoje também festejo a vida e apetece-me partilhar com os amigos. A operação do pai correu lindamente e já estamos a pensar na festa dos 8o para Novembro. Ele quer igualzinha à da mãe [é o mimo a vir ao de cima, :))!].
Mimos também para si.
Beijinhos
Branca
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