terça-feira, 9 de agosto de 2011

INSPIRADO NUMA CONVERSA REAL





- Caro amigo, então de crise em crise!?
- É a vida … e parece que temos outra a chegar.
- Pois é ... outra ou o cavar de uma que já tenho dificuldades em perceber quando se iniciou ...!?
Repare, utilizei a palavra cavar como se utiliza na psiquiatria quando se refere uma depressão que por ser mal atacada apenas se acentua ... pois é, meu caro … mas, desculpe-me, explico-me melhor:
Há muito já que os remédios não têm sido eficazes, logo por o diagnóstico da doença estar mal feito e, por isso, susceptível de aos intervalos entre a euforia e a depressão os permitirem tornar-se cada vez mais curtos, cavando-a, até porque uma e a outra coisa, euforia e depressão são ambas manifestações inversas de uma mesma doença bipolar e que se resume num défice crescente de confiança que é, antes de mais, Política!
Escrevi Política com maiúscula para que não se confunda com o que predomina, a politiquice ou politics e, já agora e se não se importa, vou-lhe só contar mais uma pequena história:
Durante muitos anos, na Europa e no Mundo, julgou-se ter estancado os dois pólos da doença separando-os por um muro. Depois, o muro, felizmente caiu e ambos os pólos passaram a andar desregrados e à solta por aí pese embora fossem apenas exaltadas as virtudes da euforia escamoteando a depressão.
Exangue, porém, o El Dorado, à falta de um qualquer contraponto, esgotou-se ...!
Moral da História:
Sem um contraponto, a saber, a afirmação Política que se imponha e contra-balanceie a realidade dos números, estes divagarão desregrados e cada vez mais sem qualquer tipo de sustentação!
- Bem pensado …
- Veja lá o que me saiu ... muito obrigado …e uma vez que tenho monopolizado a conversa queria, apenas, precisar um ponto para que não fiquem rabos de palha à solta por aí:
Ao referir a afirmação Política, refiro-me àquela que seja legitimada pelas democracias já que a China se há muito conhece um crescimento, uma euforia exponencial sem precedentes, afinal, ela própria manifestação da mesma doença, tal deve-se a nela coabitarem os dois pólos – um país, dois sistemas – pese embora o bloqueio que já se começa a fazer sentir, o da não legitimação democrática do contraponto que a esse crescimento o tem permitido!
Para o bem como para o mal, está tudo ligado e, por isso mesmo, sujeito a contágio como um rastilho:
O Norte e o Sul, o Este e o Oeste, o aquecimento global e a escassez de recursos, as finanças e a economia, as dívidas e a fome, o desejo arrojado de Democracia e as explosões quase incontroláveis de saque e destruição sem propósito e sem olhar a quem!
O mundo moderno, afinal … é pequeno, frágil e muito pequeno mesmo!


numa necessária pausa do meu continuado jejum






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Agosto de 2011

6 comentários:

manuela baptista disse...

caro amigo

o mundo, não é moderno, é confuso

contraponto será, não o nego,
mas tem de ser muito bom

até lá, façamos como nos ensinaram: se a onda é forte e traiçoeira, temos de aprender a furá-la!

agora vou tirar a areia dos pés e muito obrigada por esta silenciosa conversação

manuela

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ki.ti disse...

Eu cá sinto-me tão engatada, tão engatada

que até me custar inspirar...

miauu

Kika disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
manuela baptista disse...

"prá cama, já!

hoje só há tarte de cebola e é para quem quer"

inspirado numa conversa real, embora não me lembre do nome do príncipe

Linda Simões disse...

Jaime,

Crises causam mesmo é conflitos,miséria, arrocho salarial,desconforto,anarquia política e toda uma gama de balbúrdia que poderia ser evitada se os que nos representam não fossem tão gananciosos,tão manipuladores e tratassem de cumprir metas para garantir o bem comum, num governo de todos e para todos.

Um abraço que se estende a Manuela querida

Linda Simões