I
Da minha
língua vê-se o mar
II
Da minha língua vê-se o mar
são dele a cor salina e o ar
e dela cromáticos os relevos
o livre movimento dos seus servos
Da minha língua são os nervos
que dela se derramam em eternos
abraços como se fossem o lar
da rebentação da onda no pensar
Da minha língua a abstração de um lugar
mágico e absolvido no altar
de um desejo libertado dos infernos
Horizonte sem limites nem austeros
pecaminosos nãos de amargos neros
que a amarraram sem a deixar navegar
III
Deste lugar canto o verbo amar
da minha língua o oxigenado ar
rarefeito sem apelo por decénios
num exíguo calabouço sem convénios
Liberto este lugar em cantos ébrios
ao verbo amar ergui por entre os lábios
removidas as mordaças e a arfar
pese embora mal sabendo conjugar
Hoje um grito em enchente vem do mar
traz na espuma das ondas o pulsar
que aos mascates os abafa dos cenários
Aos que nem sabem ser dos néscios
o que aprenderam a contar sem que aos sábios
os soubessem nem tão pouco trautear
por esta ordem e inspirado na citação de Vergílio Ferreira, no 38º aniversário do 25 de Abril de 1974 quando a minha língua em onda enrodilhada nas
liberdades se espraiou
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Abril de 2012
4 comentários:
a mar o mar
e deitar a língua de fora aos velhos do Restelo
ao Jaime, lutador de Abril e muitas outras marés
um beijo
pelos sonetos
e pela pessoa que é
seja qual for o mês!
Jaime,
"Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner "
Beijinhos
Filomena
... :-))
um dia havemos de reinventar Abril....Hoje é o dia! (Amanhã, também:-)
"ao Jaime, lutador de Abril e muitas outras marés
um beijo
pelos sonetos
e pela pessoa que é
seja qual for o mês!"..
Subscrevo estas palavras, todas, da Querida Manuela Baptista, com dois beijinhos grandes..:)
Lindo, Jaime Latino Ferreira! Muito Obrigado..por perseverar no tanto que nos chega!
dulce ac
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