Ao escrever sobre direção
de atores refiro-me à indicação ou sinalização de um rumo não porque ele se
deva impor a terceiros mas porque autoimpondo-se, livremente, a quem o segue
movendo-se numa determinada direção, pelo seu próprio exemplo, eventualmente, venha
a frutificar.
A vida é um palco e a quem
a viva, a quem nesse palco represente, circule, nós todos, os seus atores.
A mim não me compete dizer
como esses atores terão de representar mas só a mim me compete estabelecer como
eu próprio o deva fazer.
Se, pelo exemplo, a minha
própria representação se projetar, então, ela frutificará.
No entanto e
aparentemente, o que frutifica é o sensacionalismo de um dado momento, seja ele
de que natureza ou a que preço for.
Primeiro a fama sem
escrúpulos obtida a troco de permanente batota, dopagem.
Agora, em entrevista a Oprah Winfrey e para incredulidade de
tantos que o idolatraram, a pseudo-confissão disso mesmo.
Confissão?
Desde quando uma confissão
se faz em hasta pública?
Quanto não beneficiará ele
próprio, Lance Armstrong, com
essa confissão e para lá dos danos
que, aparentemente, sobre si mesmo se venham a refletir?
A não ser pelos interesses
que, com ele, ameaçam submergir, que interesse público o desta entrevista?
Não é, seguramente, em vão
que ele se vende à melhor oferta pública e a fama granjeada
permanece, se é que não cresce ainda mais.
Permanece, também, não o
exemplo mas a falta de escrúpulos e a desenvoltura em o admitir.
Prevalece, de facto, a
péssima direção de atores e tudo em nome de uma segunda oportunidade, quantas
não terá ele já tido que, eu não nego, todos merecem ter.
O meu é um palco pequenino
e sem púlpito mas se, sem transigir nos meus princípios trocando-os por batota,
demagogia ou populismo, a ele lhe fosse dado um outro impulso …?
Não tiro o lugar a
ninguém;
Não imponho, senão a mim
mesmo, nada a ninguém;
Tanto neste meu blogue
como em tudo que o antecede e que leva para cima de vinte e quatro anos de uma
autêntica maratona em permanente stand by
o meu percurso, registado, fala por mim.
Se nestes termos e
permanecendo fiel à Democracia, essa sim interesse maior e elevando-a me fosse
dada outra projeção o que não teríamos todos a beneficiar com isso e desde que
permaneça nos meus princípios?
E não é esta minha
maratona garantia disso mesmo?
Quanto não, respeitando as
fronteiras entre o público e o confessional como sempre o tenho feito, em
permanente e incondicional vigília, se vificaria, pela positiva portanto, a
Democracia?
Será que sim ou será que
não?
Certo é que na lógica da
simples cativação de audiências, quantas vezes com que dúbios critérios, o que
prevalece é a sordidez e a opacidade da ausência de princípios, repercutindo-se,
elas sim, em escalada e com que danos autoinfligidos em todo o tecido social,
na aparente constatação de que o crime, afinal, sempre acaba por compensar.
todos devem ter uma segunda oportunidade mas sempre
parece haver alguns que a têm mais do que outros
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Janeiro de 2013
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