Pax
Dizer-se que existe uma
visão ou perspetiva de classe eis uma tentação em que não caio.
Dizer-se tal coisa seria o
mesmo que admitir não existir margem para a autodeterminação singular ou para o
livre arbítrio.
Como se poderá, de um
qualquer grupo profissional ou outro, afirmar que aqueles que o compõem
partilham de uma visão comum que o mesmo é dizer que pensariam todos enformados
no mesmo molde?
Ou que,
maniqueísticamente, seriam movidos por estas ou por aquelas intenções?
Como?
Como e com que autoridade?
Tal só se pode afirmar,
não com autoridade mas partilhando de uma visão ainda que mitigada mas autoritária das coisas.
Em tese, posso ser um
patrão, um empresário e não partilhar de uma visão que a este grupo lhe seria
imputada como comum.
Em tese também, posso ser
um operário, um trabalhador e, de igual modo, não partilhar de uma visão que
lhe seria imputada como comum.
E tanto num como no outro
caso sem que lhes seja, a um como a outro, porque esse é o outro lado do
autoritarismo, imputada a excecionalidade ou qualquer atributo discriminatório que
a ambos os apontasse a dedo ou excluísse do grupo profissional ou outro a que
pertencessem exercendo, por essa via e sobre eles, qualquer forma de pressão
coerciva.
Independentemente do grupo
profissional e, já agora, não profissional a que se pertença, invoco, por
exemplo, um desempregado, a qualquer deles não se pode caracterizar imputando-lhes
uma tipologia ou visão genérica, macroeconómica
que individualmente em nenhum deles se encaixa.
A não ser assim, imperaria
uma visão totalitária que a uma mundividência, a todos, indiscriminadamente, se
aplicaria sendo que a realidade é muito mais complexa do que qualquer visão
simplista que assim, aos vários grupos sociais ou outros os pretendesse caracterizar.
Afirmar-se que existe uma
visão de classe, consiste, por isso, num enorme disparate.
A não ser excecionalmente,
não me pronuncio sobre a situação política concreta de um determinado país por
saber ou melhor, por ter dela a aguda consciência, não depender apenas de si
próprio, desse país, mas antes e tanto mais quanto a crescente e acelerada globalização,
do seu entrosamento numa complexidade mais vasta e cada vez mais
interdependente.
É claro que o que se passa
num determinado país obedece tanto a causas exógenas como endógenas.
Mas cada país é, ele
também, um país diferente de todos os outros ou não teriam sido formados e para
o que nele se passa, de bom como de mau e maniqueísmos à parte, não se podem
aplicar receitas feitas a régua e esquadro que a todos, por igual, se pudessem
aplicar.
Eis outra forma de
tentação totalitária!
E quanto mais antigo,
quanto mais enraizadas as suas idiossincrasias, maior a complexidade que o
caracteriza e que soberanamente o justifica.
É claro que os países
tendem, não apenas pela crescente e acelerada globalização mas, também, por
imperativos ecológicos e que com esta, numa feliz coincidência convergem, a
integrarem-se em grandes espaços que os transcendem e seria trágico se deste
caminhar histórico se arrepiasse caminho.
Tanto mais trágico quanto
ameaçada estaria a Paz globalmente considerada como, aliás, os tambores de
guerra não param de fazer ecoar.
Mas para cada qual, para
cada país, não há receitas padrão.
A havê-las, tal
corresponderia a encarar-se cada indivíduo singular como padronizado num molde
único que em todos e em cada qual se encaixasse sem mais pondo em causa a
Democracia que a todo o indivíduo singular, a minoria das minorias, país soberano de si mesmo, o deveria e
tanto mais quanto por provas dadas, consagrar.
Ao Papa E Em Nome Próprio, Ponto de Equilíbrio, Fundamentação e Para Um Destinatário Longínquo Mas Cada Vez Mais Próximo
do que não me pronunciando, na minha singularidade que
não imponho senão a mim próprio repudiando linguagens sectárias e belicistas,
assim me pronuncio
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Abril de 2013
1 comentário:
Muito bem dito senhor Jaime.
Sim!
Não à guerra!
E venha por fim a Paz!
Que se leia Sempre e para Sempre as suas PALAVRAS de PAZ!
E viva a vida!
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