quarta-feira, 19 de junho de 2013

REFORÇO DO REFORÇO DO REFORÇO





A  PAZ  SEM  VENCEDOR  E  SEM  VENCIDOS


Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos
A paz sem vencedor e sem vencidos
Que o tempo que nos deste seja um novo
Recomeço de esperança e de justiça.
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Erguei o nosso ser à transparência
Para podermos ler melhor a vida
Para entendermos vosso mandamento
Para que venha a nós o vosso reino
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos

Fazei Senhor que a paz seja de todos
Dai-nos a paz que nasce da verdade
Dai-nos a paz que nasce da justiça
Dai-nos a paz chamada liberdade
Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos

A paz sem vencedor e sem vencidos





SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN


Querida Amiga,

A paz que enquanto figura de estilo ou imagem poética, como refrão, neste teu belo poema e logo no seu título, pleonástica, sublinhas ser sem vencedor e sem vencidos, na concórdia ou reconciliação, harmonia que implica e significa, pressupõe isso mesmo:
Não haver nem vencedor nem vencidos.
Quando há um vencedor, tal significa que entre os outros, os vencidos sobre os quais o primeiro, o vencedor triunfou, não tendo sido, necessariamente, por este convencidos, germinarão sentimentos de ressentimento ou de vingança em tudo contrários à paz ou, então, que a paz, como simples armistício ou cessação temporária das hostilidades não é mais senão o precário desenlace e intervalo da guerra.
O resultado da guerra, aliás, tem sido sempre esse, o de haver, encapotadamente ou não, vencedores e vencidos mas se conseguíssemos chegar a um ponto em que, não por consequência da guerra mas da paz até aqui possível ou em que à paz, a paz sem vencedores nem vencidos se impusesse, portanto, que enorme acquis, ganho ou salto civilizacional tal não constituiria?
A paz sem vencedor e sem vencidos.
Fazes bem em reforçá-lo e eu subscrevo-o e assino por baixo e desculpa-me o pleonasmo!

Como se não continuasses a agir bem e pese embora já não estares entre nós, bem hajas


sob as ruínas escondidas da guerra suas feridas mal saradas, mitigados, latentes e em vigília mas armados de linguagem belicista, os exércitos movimentam-se



Jaime Latino Ferreira

Estoril, 19 de Junho de 2013



1 comentário:

manuela baptista disse...

bonita a missiva,

linda a oração.