Há papeis e papeis.
Sendo todos bem vindos há
papeis que denunciam, há papeis que decretam e há papeis que fazem mexer.
Há papeis que criam factos
políticos, longe de mim duvidar que assim seja e que contribuem, até, para a
transparência dos sistemas.
Há papeis que falam em
nome próprio como são os meus por maior ou menor impacto não concertado que
possam gerar.
Há papeis que da montanha
deles, concertadamente e a conta-gotas disponibilizados a lembrar uma
gigantesca manobra de marketing mediática, para lá das aparentes cortinas de
fumo que trazem a lume, mais parecem parir, sobretudo, ratos.
Peixe miúdo é o que é e
pode sempre conduzir a peixe graúdo ou será que somos todos mais impolutos do que,
alguma vez, se pensaria?
O tempo e as investigações
o dirão mas a Política tal como a Democracia, se não podem ficar reféns da
economia nem das finanças, também não o podem ficar de justicialismos.
Eu não duvido que a
corrupção que a montante quando não a juzante se entronca com os mais
abomináveis tráfegos e com o terror, pela denúncia e pelo decreto dos esquemas
que, mais do que ilícitos espezinham a ética e delapidam os patrimónios
públicos e privados, eis aqui as vantagens de todos os Panama Papers, possam e
nem que mais não seja, contribuir para a criação de condições globais de
transparência e verdadeira licitude.
Mas que consequências
apriorísticas deles retirar?
Na minha ótica a
consequência central só pode ser uma:
Se é, sobretudo, pelo
exemplo que se combatem todas as opacidades, então, que não se deixe de reconhecer
o exemplo de quem, pela transparência, sacrifício pessoal em nome da causa
pública como pública é a minha causa, ao longo de anos e anos a fio, não se
deixa intimidar nem corromper.
Papeis.
Papeis há muitos mas os
meus falam, escrevem por mim.
Nunca percebi, ainda hoje
o não percebo, porque é que para atrair os melhores para a política, não vão
cair em tentações, se lhes deve pagar a peso de ouro.
Por mais bem pago que se
seja, a ganância, é isso que a define, nunca se satisfaz.
E a generosidade,
qualidade ímpar do político, neste contexto onde é que fica?
A generosidade que explica
como cheguei até aqui?
Sim, onde é que fica?
Na certeza de que a
liberdade de investigação e de expressão são bens inestimáveis, papeis há
muitos mas há papeis, virtuais mas pouco que falam, escrevem por si e sem
quaisquer cartas ou opacidades escondidas na manga.
E a esses papeis, sem
prejuízo nem desqualificação para todas as denúncias, também se devia,
sobremaneira e concertadamente, quais incentivos, inputs positivos, catárticos, social e politicamente, valorizar.
Esperemos que os Panama Papers tenham, pelo menos,
um efeito dissuasor.
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Abril de 2016
1 comentário:
os teus papéis têm uma outra raridade,
não basta um consórcio
.
esta música de fundo tem cá um Papel! :)
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