quarta-feira, 13 de abril de 2016

PAPEIS













Há papeis e papeis.
Sendo todos bem vindos há papeis que denunciam, há papeis que decretam e há papeis que fazem mexer.
Há papeis que criam factos políticos, longe de mim duvidar que assim seja e que contribuem, até, para a transparência dos sistemas.
Há papeis que falam em nome próprio como são os meus por maior ou menor impacto não concertado que possam gerar.
Há papeis que da montanha deles, concertadamente e a conta-gotas disponibilizados a lembrar uma gigantesca manobra de marketing mediática, para lá das aparentes cortinas de fumo que trazem a lume, mais parecem parir, sobretudo, ratos.
Peixe miúdo é o que é e pode sempre conduzir a peixe graúdo ou será que somos todos mais impolutos do que, alguma vez, se pensaria?
O tempo e as investigações o dirão mas a Política tal como a Democracia, se não podem ficar reféns da economia nem das finanças, também não o podem ficar de justicialismos.

Eu não duvido que a corrupção que a montante quando não a juzante se entronca com os mais abomináveis tráfegos e com o terror, pela denúncia e pelo decreto dos esquemas que, mais do que ilícitos espezinham a ética e delapidam os patrimónios públicos e privados, eis aqui as vantagens de todos os Panama Papers, possam e nem que mais não seja, contribuir para a criação de condições globais de transparência e verdadeira licitude.
Mas que consequências apriorísticas deles retirar?
Na minha ótica a consequência central só pode ser uma:
Se é, sobretudo, pelo exemplo que se combatem todas as opacidades, então, que não se deixe de reconhecer o exemplo de quem, pela transparência, sacrifício pessoal em nome da causa pública como pública é a minha causa, ao longo de anos e anos a fio, não se deixa intimidar nem corromper.

Papeis.
Papeis há muitos mas os meus falam, escrevem por mim.
Nunca percebi, ainda hoje o não percebo, porque é que para atrair os melhores para a política, não vão cair em tentações, se lhes deve pagar a peso de ouro.
Por mais bem pago que se seja, a ganância, é isso que a define, nunca se satisfaz.
E a generosidade, qualidade ímpar do político, neste contexto onde é que fica?
A generosidade que explica como cheguei até aqui?
Sim, onde é que fica?
Na certeza de que a liberdade de investigação e de expressão são bens inestimáveis, papeis há muitos mas há papeis, virtuais mas pouco que falam, escrevem por si e sem quaisquer cartas ou opacidades escondidas na manga.
E a esses papeis, sem prejuízo nem desqualificação para todas as denúncias, também se devia, sobremaneira e concertadamente, quais incentivos, inputs positivos, catárticos, social e politicamente, valorizar.
Esperemos que os Panama Papers tenham, pelo menos, um efeito dissuasor.














Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Abril de 2016






1 comentário:

manuela baptista disse...

os teus papéis têm uma outra raridade,
não basta um consórcio

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esta música de fundo tem cá um Papel! :)