Sir Frederick Lord Leighton, Solitude, 1890
Insólito ou raro, incomum
é o contrário de sólito ou frequente, comum.
Eu dou-me conta do
insólito da minha situação, situação essa impregnada da solidão ou da
incompreensão, vai dar ao mesmo que, por definição, ao insólito o caracteriza.
Não se é incomum sem,
implicitamente, se estar só, por raro se ser.
A verdade é que todos
somos raros, cidadãos comuns embora incomuns, únicos mas há uma diferença entre
ser-se e a assunção de o ser.
O que se pode inferir
dessa assunção?
Que se percorrem caminhos
que mais valera não serem trilhados?
Que esses percursos não
têm pernas que estejam à sua altura?
Que são caminhos sem
saída?
Mas estas mesmas
interrogações, no exercício do contraditório e sinteticamente, também podiam
ser formuladas na sua inversa:
E se esses caminhos,
precisamente esses por insólitos o serem, permitissem conduzir a uma saída, ao
desbloquear de impasses que, por se arrastarem, urge resolver?
Ser raro ou insólito não
quer dizer que seja inviável ou impossível.
Sendo verdade que não há
regra sem exceção, o insólito acontece mesmo.
Para todos os efeitos,
vivemos, aliás e mais do que nunca, no tempo dele, o insólito está na ordem do
dia.
Senão vejam-se quantos insólitos
sem pés nem cabeça despontam por todo o lado o que, convenhamos, não é o caso
em apreço pelo que, por maioria de razão, importaria considerar.
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Maio de 2016
1 comentário:
insolitamente, lembra-me qualquer coisa :)
Enviar um comentário