sexta-feira, 27 de maio de 2016

II - INSÓLITO




Sir Frederick Lord Leighton, Solitude, 1890







Insólito ou raro, incomum é o contrário de sólito ou frequente, comum.
Eu dou-me conta do insólito da minha situação, situação essa impregnada da solidão ou da incompreensão, vai dar ao mesmo que, por definição, ao insólito o caracteriza.
Não se é incomum sem, implicitamente, se estar só, por raro se ser.
A verdade é que todos somos raros, cidadãos comuns embora incomuns, únicos mas há uma diferença entre ser-se e a assunção de o ser.

O que se pode inferir dessa assunção?
Que se percorrem caminhos que mais valera não serem trilhados?
Que esses percursos não têm pernas que estejam à sua altura?
Que são caminhos sem saída?
Mas estas mesmas interrogações, no exercício do contraditório e sinteticamente, também podiam ser formuladas na sua inversa:
E se esses caminhos, precisamente esses por insólitos o serem, permitissem conduzir a uma saída, ao desbloquear de impasses que, por se arrastarem, urge resolver?

Ser raro ou insólito não quer dizer que seja inviável ou impossível.
Sendo verdade que não há regra sem exceção, o insólito acontece mesmo.
Para todos os efeitos, vivemos, aliás e mais do que nunca, no tempo dele, o insólito está na ordem do dia.
Senão vejam-se quantos insólitos sem pés nem cabeça despontam por todo o lado o que, convenhamos, não é o caso em apreço pelo que, por maioria de razão, importaria considerar.












Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Maio de 2016






1 comentário:

manuela baptista disse...

insolitamente, lembra-me qualquer coisa :)