Eu que não sou nada de teorias da conspiração, hoje, apetece-me escrever sobre … a conspiração climática.
Já repararam nas temperaturas que, atendendo à época do ano, se fazem sentir?
Escrevo, claro está, deste meu cantinho e na consciência plena de que uma andorinha não faz a Primavera, esta ou, seja onde for, outra estação qualquer …
… nem no tempo que decorre e nem num espaço localizado!
No entanto …
No entanto e neste hemisfério, estamos em pleno anúncio do Inverno e, não apenas ainda não fez frio como, na brandura que a este meu rectângulo o caracteriza e pese embora, as temperaturas estão primaveris, diria mais, como se já anunciassem, prematuramente, um tímido Verão.
Há qualquer coisa que não bate certo …!
Como se houvesse uma conspiração que, na confluência com a assim chamada e não dita oportuna crise, a esta a fizesse convergir na urgência da mudança de paradigma perante o aquecimento global mas do qual não se falasse, hélàs, coisa essa que, essa sim, eu não entendo!
Conspiração …
Esta conspiração de que escrevo, ditaria assim:
A ecologia não é um tema mobilizador, as pessoas apenas se deixam levar pelo que têm ou não no bolso e apenas esse engodo, sendo irremediável, as convence:
Tanto quando se trata de fazer promessas como quando a torneira se fechou.
O que não toca no bolso, não toca em lado nenhum e não adianta, dirão os doutos conspiradores, às pessoas as mobilizar em torno de causas mais nobres!
Se há que arrefecer os bolsos, os bolsos, a economia, a finança, não há nada como uma boa crise:
Assim e neste conforme, colocados entre a espada e a parede … os eleitores não têm outro remédio senão renderem-se às evidências.
Com mais ou menos espalhafato mas … rendem-se!
Só que esta história que nos contam, de tão mal contada, a mim não me convence.
E mais:
Esta história dá-se, exactamente quando muitos mais milhões desesperam pela Democracia ou, como dirão esses tais doutos conspiradores, quando esses milhões convergem como uma imensidão de potenciais consumidores prontos a aderirem a um não menos potencial aquecimento económico insustentável …
A crise soa, assim, como uma bênção pronta a refrear quaisquer ânimos mais intempestivos.
Mas a história não cola, não gruda, não se mantém de pé …
… e vai contada de pernas para o ar!
Quanto não mobilizaria mais uma causa nobre!?
Assim, eu preferiria dizer, sem subterfúgios, aos eleitores do Mundo, potenciais ou não:
Esgotou, o paradigma em que temos vivido esgotou, rebenta pelas costuras.
Aqui, entre nós, como onde quer que seja!
Não dá mais para fazer suar a Terra e quando a ela toca, não há fronteiras que do seu suor, a quem quer que seja possa poupar!
Como não há uns que possam ser poupados e outros que devam arcar com os custos gerais da vertigem em que temos obstinadamente vivido!
Aliás uns são, eles próprios aqueles sobre quem caem, agora, os custos desse insustentável crescimento, a razão do não menos insustentável crescimento dos outros …
Não dá para continuarmos a viver assim, desmedidamente, sem atender à sustentabilidade do ecossistema do qual todos dependemos …!
Aqui, neste meu cantinho, como no país, na Europa ou no Mundo inteiro!
E denunciada a conspiração que a todos interpela e que a ninguém pode poupar, a ti, eleitor, pergunto-te:
Queres ou não preservar um padrão global de qualidade de vida em que aqueles que mais têm, mais devam, pelo exemplo, sinalizar a incontornável e urgente mudança que se impõe!?
Cidadão eleitor:
Queres ou não sobreviver!?
E aos teus filhos, de que estás disposto a abdicar para lhes poderes vir a entregar!?
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Novembro de 2011