terça-feira, 29 de novembro de 2011

A CONSPIRAÇÃO CLIMÁTICA





Eu que não sou nada de teorias da conspiração, hoje, apetece-me escrever sobre … a conspiração climática.
Já repararam nas temperaturas que, atendendo à época do ano, se fazem sentir?
Escrevo, claro está, deste meu cantinho e na consciência plena de que uma andorinha não faz a Primavera, esta ou, seja onde for, outra estação qualquer …
… nem no tempo que decorre e nem num espaço localizado!
No entanto …
No entanto e neste hemisfério, estamos em pleno anúncio do Inverno e, não apenas ainda não fez frio como, na brandura que a este meu rectângulo o caracteriza e pese embora, as temperaturas estão primaveris, diria mais, como se já anunciassem, prematuramente, um tímido Verão.
Há qualquer coisa que não bate certo …!
Como se houvesse uma conspiração que, na confluência com a assim chamada e não dita oportuna crise, a esta a fizesse convergir na urgência da mudança de paradigma perante o aquecimento global mas do qual não se falasse, hélàs, coisa essa que, essa sim, eu não entendo!
Conspiração …
Esta conspiração de que escrevo, ditaria assim:
A ecologia não é um tema mobilizador, as pessoas apenas se deixam levar pelo que têm ou não no bolso e apenas esse engodo, sendo irremediável, as convence:
Tanto quando se trata de fazer promessas como quando a torneira se fechou.
O que não toca no bolso, não toca em lado nenhum e não adianta, dirão os doutos conspiradores, às pessoas as  mobilizar em torno de causas mais nobres!
Se há que arrefecer os bolsos, os bolsos, a economia, a finança, não há nada como uma boa crise:
Assim e neste conforme, colocados entre a espada e a parede … os eleitores não têm outro remédio senão renderem-se às evidências.
Com mais ou menos espalhafato mas … rendem-se!
Só que esta história que nos contam, de tão mal contada, a mim não me convence.
E mais:
Esta história dá-se, exactamente quando muitos mais milhões desesperam pela Democracia ou, como dirão esses tais doutos conspiradores, quando esses milhões convergem como uma imensidão de potenciais consumidores prontos a aderirem a um não menos potencial aquecimento económico insustentável …
A crise soa, assim, como uma bênção pronta a refrear quaisquer ânimos mais intempestivos.
Mas a história não cola, não gruda, não se mantém de pé …
e vai contada de pernas para o ar!
Quanto não mobilizaria mais uma causa nobre!?
Assim, eu preferiria dizer, sem subterfúgios, aos eleitores do Mundo, potenciais ou não:
Esgotou, o paradigma em que temos vivido esgotou, rebenta pelas costuras.
Aqui, entre nós, como onde quer que seja!
Não dá mais para fazer suar a Terra e quando a ela toca, não há fronteiras que do seu suor, a quem quer que seja possa poupar!
Como não há uns que possam ser poupados e outros que devam arcar com os custos gerais da vertigem em que temos obstinadamente vivido!
Aliás uns são, eles próprios aqueles sobre quem caem, agora, os custos desse insustentável crescimento, a razão do não menos insustentável crescimento dos outros …
Não dá para continuarmos a viver assim, desmedidamente, sem atender à sustentabilidade do ecossistema do qual todos dependemos …!
Aqui, neste meu cantinho, como no país, na Europa ou no Mundo inteiro!
E denunciada a conspiração que a todos interpela e que a ninguém pode poupar, a ti, eleitor, pergunto-te:
Queres ou não preservar um padrão global de qualidade de vida em que aqueles que mais têm, mais devam, pelo exemplo, sinalizar a incontornável e urgente mudança que se impõe!?
Cidadão eleitor:
Queres ou não sobreviver!?
E aos teus filhos, de que estás disposto a abdicar para lhes poderes vir a entregar!?









Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Novembro de 2011

domingo, 27 de novembro de 2011

CANTO MUDO




Aquilo que canto é mudo
no silêncio tem de tudo
se o declamar o meu canto
perde o relevo e o espanto

Num calar que tem de santo
enche-se o mundo de tanto
dito alto a tudo mudo
do cantar sobra o que grudo

O que escrevo ou um entrudo
quando o pensar é um pranto
equacionar que levanto

Às fronteiras as quebranto
sem esquinas arestas bicudo
pontuar grave ou agudo



da imaterialidade acústica da poética, no dia em que o Fado, marca indelével da língua portuguesa, se tornou Património Imaterial da Humanidade





 
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A MINHA LÍNGUA



A minha língua o que canta
vem do fundo de uma planta
brota a pulso desenterra
ergue-se como uma serra

A minha língua se ferra
o que diz não a emperra
tem por raiz que a encanta
adormecida uma infanta

Coberta por fina manta
na minha língua se encerra
a vontade que a suplanta

Correu mundo não se enterra
minha língua terra santa
lugar refúgio da guerra




quando importa avivar as consciências








Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Novembro de 2011

terça-feira, 22 de novembro de 2011

RAZÃO E POPULARIDADE

Claude Monet, Houses of Parliament at Sunset




Razão e popularidade …
Nem sempre uma coisa e outra andam a par.
Pode mesmo acontecer que a dessintonia entre uma coisa e outra seja de tal ordem que a razão se imponha ou deva impor à própria popularidade.
Na antinomia entre conceitos, o mesmo se poderá afirmar entre a arte ou a verdade científica, por um lado, e a popularidade ou a adesão, a empatia que, num dado momento e por outro lado, entre eles possa como não existir.
Aliás e em relação a estas últimas, não raro a popularidade a elas se impõe e apenas o tempo, a estas lhes acabará por dar razão e isto independentemente da popularidade granjeada.
Mas se a razão, num dado momento, se torna imperiosa, então, como compatibilizar esta com a própria Democracia ou com a popularidade que a manifestação expressa nela se  justifica?
Num tempo em que imperam os soundbites sobre o debate sério e aprofundado extirpado de demagogias e populismos, ele há um lado, sempre escamoteado, do exercício democrático, ele próprio concebido à luz da conceptualização científica e que importa, aqui, sublinhar:
É que este, o exercício democrático, não se pauta, apenas, pela prevalência da vontade da maioria na popularidade que através do sufrágio universal se manifesta mas também da resultante do diálogo que na exposição desacalorada de argumentos contrários se baliza e orienta e da comprovação fundamentada que dessa argumentação possa resultar.
Num como noutro sentido!
Tal como o conhecimento científico no fundamento dos factos apresentados e contraditados, pela experimentação, se baseia e essa, nunca condicionada pelo sufrágio universal;
Ou, se quiserdes, no plano jurídico, a incriminação ou absolvição do arguido que, elas também, não se fundam na justiça popular, na popularidade do arguido, mas na apresentação das provas e no exercício do contraditório que à Democracia lhe confere um estatuto de Direito.
Para que o exercício da Democracia seja efectivo, é preciso que ela se funde numa situação em que o direito, o Estado ou a situação de Direito prevaleça!
A popularidade tem pois muito que se lhe diga …
Como a colagem estrita do exercício do sufrágio universal à definição simplista de Democracia:
O nazismo apossou-se das rédeas do poder por via do sufrágio universal …!
Não, para que o exercício democrático se complete ou aprofunde, não apenas tem de ser respeitada a vontade da maioria como e sobretudo, salvaguardados os direitos das minorias do lado das quais a razão pode estar.
O imediatismo em que vivemos e que as modernas tecnologias aceleram, convenhamos, tem depauperado, empobrecido e de que maneira (!), estas incontornáveis vertentes do exercício democrático e a um tal ponto que fenómenos de explosão mediática desregrada ameaçam subverter as regras todas sem as quais dificilmente se pode falar de Democracia.
É certo que nesse imediatismo muitas ditaduras têm caído ou sido abaladas mas poderemos, deslumbrados, tranquilizar-nos no que toca ao que a elas se lhes possa seguir ou se o mesmo imediatismo a tantas outras democracias as não poderá pôr em causa, subverter ou mesmo derrubar!?
Não, a popularidade, tal como as estatísticas, não são tudo e dizer-se que contra factos não há argumentos esconde, em si mesmo, a maior das perplexidades:
Aquela de se achar que basta o aglomerado acrítico dos factos sem o olhar sobre eles na sua própria fundamentação.
Eu acho que tenho razão e só aqui, neste meu blogue, não me bastou escrever um texto bombástico, pelo contrário, já vou nos oitocentos e tal que formam um todo coerente e poderei, indefinidamente, continuar a escrevê-los sem que os índices de popularidade se alterem …
Hoje e talvez mais do que nunca, à razão, no instilar de substância à Democracia, importa reafirmar a pés juntos!
Eu acho que tenho razão e se a tenho, a minha razão fará o seu caminho!!
Contraditem-me pois!!!



na minha razão não obrigo ninguém mas se o Outro não vir como não se sentir obrigado a dar-ma, pois então, que me a dê






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Novembro de 2011

domingo, 20 de novembro de 2011

A ÁRVORE DA VIDA


Gustav Klimt, A Árvore da Vida


Ao contrário do que é voz corrente, mais do que uma crise das dívidas soberanas, a presente crise, verdadeiramente, é a crise das soberanias tal como até aqui as conhecemos.
Perante os desequilíbrios ecológicos, que sentido é que as velhas soberanias nacionais, tout court, continuam a fazer?
Conhecerá o ecossistema global quaisquer fronteiras por estas delimitadas?
Soberania …
Vejamos o seu significado:
Para o que aqui interessa, primazia ou prioridade, qualidade ou característica do que é imperioso
Ainda há uns dias, no passado dia dezasseis, efabulava com um amigo meu que, qualquer dia, a Alemanha, espantada e ao acordar, terá o FMI à porta e mal suspeitava ainda do novo sobressalto que, logo no dia a seguir, não foi preciso deixar passar mais do que um dia (!), varreu a Europa pressionando os juros das dívidas daqueles países, a Alemanha incluída, que até aí se julgavam ao abrigo da tempestade que a assola e que a ninguém, a nenhuma soberania nacional, vai deixando impune …
E resistirá a Europa, no conjunto dos seus estados, sobretudo daqueles que aderiram à moeda única, se nela, em sucessivos braços de ferro, predominar o olhar para os seus umbigos, na salvaguarda das clientelas que aos seus líderes os elegeram e das quais estes, ambivalentes, delas permanecem reféns?
Pretendendo preservar essa mesma moeda, instrumento de unificação e circulação de que não querem prescindir mas com visões predominantemente nacionais remontando, ao arrepio da História, a um tempo em que as soberanias residiam nas nações?
Uma árvore é um animal revirado do avesso tal como a Europa o está …
Nela o sistema circulatório, exposto e uma vez criado, expande-se, contaminante e imperativo, sem conhecer fronteiras e de tal modo que amputado dos seus veios, ameaça o sistema no seu conjunto.
Tanto mais assim é quanto, transformado em subsistema de referência, já não há volta atrás que se lhe possa dar porque ele, não apenas a si próprio, contagiante, se interpela como a todos os outros que dele dependem, arrastando-os consigo, os expõe e fragiliza.
Aí, este organismo, tal como a árvore, aproxima-se, decisivo, ainda mais do organismo animal que não pode passar sem o sistema circulatório no seu conjunto como dos outros dos quais dependente para sobreviver.
Experimente-se regar a árvore em demasia ou não lhe saciar, de todo, a sede e o que é que lhe acontecerá?
Uma árvore que queira permanecer viçosa terá de ser regada com conta e peso, nem mais e nem menos, de modo a que preserve o seu crescimento harmonioso.
E poderá ela ficar indiferente aos solos e às outras árvores que a rodeiam?
Poderá ela deles fazer tábua rasa ou não olhar, preservando-o no seu conjunto, ao seu desenvolvimento que da árvore, apenas, não depende?
O sistema circulatório criado, impõe que para ela se olhe no seu conjunto e no contexto do seu habitat e poderemos dar-nos ao luxo, uma vez criado, de arrepiar caminho!?
Uma árvore é vida e a árvore da vida já se confunde com o mundo todo …!
Num intrincado sistema circulatório, este não mais se compadece com visões parcelares ou com soberanias que das outras julgassem não ser apenas veios.
Como um tufo esférico ou viçoso manjerico, bolhão de água ou turbante, confunde-se a árvore com o que, pelo turbante  escondido, existe, soberano, em cada um de nós!
Como no nosso sistema circulatório, a moeda unifica-nos a todos e dela interdependentes em abraço que nos cinge, perdemos, se é que alguma vez o tivemos e sem volta atrás, o nosso isolamento …
… a virgindade inicial.
O problema e esse é o ponto (!), é que estando já todos os subsistemas circulatórios, entre si, interligados, uns se encontram saturados e os outros, dessa circulação carecidos.
Irresistível, sem cor nem nacionalidade, o sistema monetário internacional aí está a fazer apelo a uma decidida e democrática, imperiosa concertação política global:
A ser vítima de um AVC, a nenhum dos seus subsistemas este os deixará incólumes!


o estrangeiro é o desconhecido em mim mesmo

aqui se conclui a minha Trilogia A Árvore da Vida em homenagem a Gustav Klimt


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Novembro de 2011

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

IRREVERSÍVEL E CONTAMINANTE

Gustav Klimt, A Árvore da Vida


Irreversível e contaminante, o velho paradigma de um continuado crescimento esgotou!
Alguém tem dúvidas!?
Senão vejamos:
Tendemos sempre a ver as coisas de forma parcelar e distorcida em função daquelas que, num dado momento, se afiguram como sendo as nossas prioridades obliterando planos e dimensões que, ao seu sabor, ao sabor dessas mesmas abordagens de momento, objectivamente se tornam menos relevantes, de acordo com as conveniências que julgariam possível equacionar como não, a belo prazer, as dimensões hierárquicas e dialécticas de análise, tanto quanto possível, geral ou global das coisas.
Pelo olhar da crise, assim se distorcem e esquecem planos à luz dos quais esta assumiria outra plausibilidade e, quiçá, outra e pertinente acutilância, a saber:
Do ponto de vista dos recursos disponíveis e da sustentabilidade do ecossistema global, será viável, sensato e mesmo aconselhável, persistirmos no paradigma do consumo ilimitado e de um crescimento sem fim à vista?
Será esta minha pergunta um luxo daqueles que gozam ou que até aqui gozaram desse mesmo crescimento?
Aconselhar-nos-ão as alterações climáticas e o aquecimento global, a persistirmos num modelo de crescimento que se sabe, a comunidade científica aí está, melhor do que ninguém, para comprová-lo (!), estar intimamente a eles associado?
Dir-me-ão que é fácil levantar estas questões quando desse crescimento se goza mas são ou não estas, questões verdadeiramente centrais e que remetem para a viabilidade desse mesmo modelo de crescimento!?
Mais, ainda:
A confirmar-se a hipótese que há muito formulei, a saber, a de que estaríamos, agora, no termo da Travessia de um Buraco Negro e os factores desaceleradores da economia aí estariam, esses também, a comprová-lo, então, a oportunidade das perguntas anteriormente formuladas adquiririam, a essa luz, uma premência acrescida …
E não só essa premência seria acrescida como a situação económico-financeira global, por arrasto ou reflexo, a essa Travessia apenas a reflectiria como, aliás, vai sendo voz comum afirmar-se:
Estamos confrontados com um autêntico buraco negro, diz-se amiúde e sem medir, inteiramente, o que se diz …!
E não apenas a situação económico-financeira resultante dessa travessia seria, a somar-se a tantos outros efeitos, apenas mais um como todas as preocupações ecológicas deveriam assumir, então, particular destaque e enfoque.
Ou será que as pessoas só mudam de hábitos quando irremediavelmente confrontadas com a sua necessidade …!?
Seja como seja, o paradigma esgotou-se e em relação a isso, julgo, confluem cada vez mais vozes abalizadas, agora, subsumidas pela crise …
Assim e em relação a essas preocupações irrecusáveis, diante da espuma dos dias, todas elas se somem e esquecem à vez …!
Mas é ou não este meu equacionar relevante e situado a montante da crise!?
É e também contra mim falando, julgo que há males que poderão vir por bem!
Neste meu equacionar sem o qual as coisas não se podem colocar em prospectiva, talvez o cidadão comum lhe encontrasse outro e menos economês, para não dizer mesmo indecifrável sentido e porque com propósito e saída (!) susceptível de o mobilizar para os sacrifícios que lhe vão sendo exigidos.
Assim sendo, o que não dá, porém, é para uns pagarem pelo crescimento ou ganância que outros, países, entidades, seja quem for, à outrance, no imediatismo do lucro que com a falência do paradigma, ele também se estiola, fizessem questão ou julgassem poder manter intocável.
Eis o grito da Terra Mãe que há falta de holística, isto é, de enfoque verdadeiramente estratégico, prospectivo e global, clama por nós e aos mercados, sensíveis como o são, na irreversível e contaminante desconfiança que tendo este quadro não nomeado e por fundo a imperar, perante as incógnitas do não dito, os deixa ainda mais imprevisíveis, hipersensíveis e nervosos!



crescer é crescer por dentro e esse investimento duradouro é o que a prazo cria riqueza e a faz render


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Novembro de 2011

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

CENTRO, PERIFERIA E DECISÃO

Gustav Klimt, A Árvore da Vida




Alguém dizia que o processo de decisão, em democracia, é lento e tanto mais quanto numa união em convulsiva construção e do qual o imediatismo dos mercados não se compadece …
… como quem, implicitamente, admitisse que não fossem as democracias e o processo de decisão seria mais célere ao ponto de à especulação a conseguir fazer estancar …!
Só que … especulação confunde-se com a própria liberdade de opinião!
Decididamente, prefiro outra abordagem:
Não foram as instâncias políticas democráticas e as opiniões públicas consolidadas e o processo de decisão seria ainda mais lento!
Veja-se a coisa, primeiro, à escala nacional:
A consciência crítica das situações que se vão tornando previsivelmente recorrentes e que se sucedem em efeito  dominó toma, primeiro, conta das assim chamadas periferias ou das opiniões públicas quando consolidadas, antes de aos centros de decisão política e democrática, nas circunstâncias forçados pelas primeiras, a reboque e por elas ultrapassados, serem levados a admiti-las e a elas se conformarem!
Isto passa-se no interior dos países individualmente considerados, em progressão de acordo com a sua dimensão como, à escala, nos grandes espaços geográficos ou no todo global.
Irremediavelmente interligados e em todos sem excepção, por maioria de razão naqueles países onde, à falta de instâncias democraticamente legitimadas e de opiniões públicas consolidadas, as democracias não prevalecem, os seus centros de decisão, sempre mais e mais anquilosados e pecando de crescentes défices de decisão e de iniciativa estratégica, são os últimos dos últimos a reagir em decisões que se vão revelando como tardias com o acréscimo de custos que tal sempre representa.
Polémico, atrevo-me mesmo a dizer que mais rápido na Grécia se decide do que em Itália, nesta do que na Alemanha, na Alemanha mais rápido do que nos EUA ou do que no conjunto da União e nestes do que … na China!
Onde está a decisão?
Eu, célere e por mim mesmo, decido;
Nós, demoramos mais tempo a decidir;
No conjunto destes, dos nós, provavelmente e pese embora, mais rápido ainda decide quem aos efeitos desaceleradores, irreversíveis e contaminantes ( daqui partirei para nova reflexão em texto ulterior ), está exposto;
Aqueles que julgando não depender de nós, esses, nunca mais decidem até caírem por si!
E eu, delimitado por nós!?
Eu, circunscrito no nós, na antecipação que de há muito reafirmo, talvez ainda conseguisse preservar em acréscimo a iniciativa estratégica a qual, como seria possível não reconhecê-lo (!?), se encontra em cavado défice …!
E valerá a pena arriscar em mim?
Se o meu passado fala por mim como garante das liberdades, do nós que sempre salvaguardei, então … vale!
Vale enquanto sinal de aprofundamento da própria Democracia pelo qual sempre pugnei;
Vale enquanto motor da iniciativa que hoje, mais do que nunca, importa acolher e preservar!
Mais do que nunca esse sinal que se confunde com o singular e nele balizado, razão de ser da própria Democracia, tem de ser dado e só as democracias estão em condições de, em concertação e pela iniciativa, nele se reverem já que exposto, definido e susceptível de amplo escrutínio, o anteciparem e fazê-lo projectar:
Na globalização, o periférico singular é o limite, esse e nenhum outro (!) que, como baliza, não pode ser ultrapassado!
Centro, periferia e decisão …
O centro deslocou-se para o um e as periferias que, na globalização, todos os espaços geográficos se tornaram, deles equidistante, à uma o solicitam como … pão para a boca!



o Homem é a medida padrão de todas as coisas






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Novembro de 2011

terça-feira, 8 de novembro de 2011

REAFIRMO

no beco há luz

Reafirmo tudo o que tenho escrito, que aqui se patenteia e que não dá para repetir ou repisar como novelo que se enrola e que permanentemente me teria de ver na contingência de desenrolar numa meada sem fim para satisfazer o comodismo daqueles que não me tendo lido se sentissem no direito de não me fazer sair do mesmo sítio!
Como se a todos tivesse a obrigação de manter a par e não o contrário, todos, antes de me ajuizarem por um texto avulso, seguirem o fio que, no novelo com fio condutor que publicamente disponibilizo (!), me fez chegar até aqui!
Para mais tendo eu estado sempre receptivo ao contraditório que pouco se fez, até aqui, ouvir …
Numa Obra que se ergue vai para vinte e dois anos ou mais e que aqui, neste meu blogue, apenas transparece!
Reafirmo tudo o que até aqui escrevi e que Vos dei, dou publicamente a ler!
Tudo e mais …!
Mais:
Reafirmo que no beco escuro alimento a luz que faço, permanentemente, por conservar acesa nos meandros que nos parecem querer arrastar para o fundo!
Um fundo sem retorno nem humanidade!
Reafirmo …!
Reafirmo que há saída e que a Humanidade, o humanismo, os Direitos Humanos e a Democracia não são negociáveis!
Humanismo esse que ergueu ideologias e que, pese embora ao seu simultâneo arrepio, agitou utopias, as fez soçobrar e nos parece, agora e impotente, deixar às mãos avassaladoras dos mercados, essa utopia sem rosto nem alma que a tudo e a essa mesma Humanidade parecessem querer ou ter o direito a negociar!
Na minha inteira flexibilidade, como tudo o que neste meu blogue está escrito o demonstra, não sou negociável!
Reafirmo que no Serviço sem cálculos nem contrapartidas que presto, sendo gratuito na sua generosidade, não estou à venda!
Reafirmo-o!
Reafirmo que já vai longa, muito longa mesmo esta minha Jornada e que não estou disposto a abdicar de mim mesmo!
Reafirmo que no beco há luz, simples candeia que ilumina a tortuosidade dos tempos!
E que fundados no humanismo, céleres e decididos que temos de ser, Todos à uma concertados (!), o tempo é um inesgotável templo, o templo que cada um de nós é e que ainda há tempo para tudo!
Reafirmo-me na primeira pessoa, inclusivo e sem interpostos que não este suporte em que Vos escrevo e sem o qual não teria podido chegar até Vós …
Reafirmo-me!






 

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Novembro de 2011

sábado, 5 de novembro de 2011

O FUTURO É DA CRIANÇA

Olbinsky


‎"O menino é um monstro de perguntas, de curiosidade, de inteligência actuante.”
( Agostinho da Silva in O Império do Espírito Santo entre os Homens )



Quem à pergunta interroga
já a resposta pressente
quando a criança nos roga
o pulsar de toda a gente 

Reúnem-se os grandes com a mente
entorpecida na hora
que aos minutos os não sente
perdidos em vã demora

No voo das aves se invente
a raiz que tem por lente
o brilho que dela aflora 

Naquilo que aos grandes cora
feminina a clave chora
e os embaraça crescente





dedicado a Patrícia SSofia que à citação de AS me relembrou, publicada no mural do facebook da Associação Agostinho da Silva
 


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Novembro de 2011

terça-feira, 1 de novembro de 2011

FARTAR VILANAGEM


Van Gogh, Os Ciganos

Como se poderá pretender que países como a Grécia, a Irlanda ou Portugal e omitindo outros que, no seu seio, se dizem ricos, resolvam os seus problemas estruturais relacionados com o emprego, o crescimento, os seus défices e com as suas dívidas soberanas quando a Europa, nas pessoas dos seus representantes Van Rompuy e Durão Barroso, em carta conjunta, vem agora fazer um apelo dramático à concertação do G20, sem a qual esta, a Europa,  não poderá, sozinha, resolver os seus problemas?
Bem sei que cada país tem os seus problemas específicos e que a cada qual lhe compete fazer a sua parte de um esforço que, afinal e por si mesmo, individualmente, contudo, inglório, lhe escapará …
Mas se a União Europeia apela dramaticamente ao conjunto daqueles que são os países mais ricos e que se agrupam no G20, sem os quais, esta, aos seus problemas específicos não conseguirá fazer face, o que poderão nela e por si mesmos, fazer aqueles que mais debilitados estão!?
Certo é que há uma debilidade específica da União Europeia que a coloca em desvantagem absoluta em relação a todos os outros espaços ou países que ao G20 o integram e essa tem um nome que se traduz numa imensa debilidade política em relação aos seus outros parceiros dos quais ela também faz parte, para mais (!), mas que a inferiorizam, por opção própria, a saber:
O facto de ela não ser, verdadeiramente, uma união política que corresponda, pelo menos, ao espaço que integra aqueles países que constituem a moeda única!
Não por acaso, é no seu interior, no núcleo do euro que essa debilidade se faz agora sentir com crescente e clamorosa premência:
Grécia, Irlanda e Portugal são países que integram esse núcleo central constituinte mas, o que é certo, é que a esse núcleo lhe falta voz única e pronta decisão …
Cabeça Política!
Sim, porque não dá para que os mais fracos expiem se a União não se portar à altura!!!
Cabeça …
Cabeça sem a qual não há nem união económica nem, em bom rigor, outra qualquer, célere e decidida que o seja e que lhe permita atalhar a sensibilidade ou o nervosismo que, disso se dando conta como os mercados se dão, porque eles, afinal, a essa desconfiança política apenas a espelham, reagindo prontamente e à flor da pele àquilo que a União leva, por seu turno e estrebuchante, uma eternidade a decidir.
E tanto mais quanto parte dos membros constituintes da Europa, dos constituintes também do G20 jogarem com um pé numa, a União, e o outro no outro, o G20 ou o G8 ou pretendendo apenas salvar a sua pele como mais ricos e livrando-se dos problemas comuns que aos mais fracos, em particular, os dilaceram …
Chega de ambiguidades!
Não dá para ser rico, por um lado, ou fazer-se de conta que se o é, tendo, por outro lado e sozinho, deixado de o ser!
Se eu fosse o representante de um dos tais países ditos emergentes, alguns deles bem mais antigos do que alguns dos países da Europa e que ao G20 o integram, não me conteria neste desabafo:
Chamam-nos emergentes … o tanas (!) … uma verdadeira emergência é a Europa que sem saber quem é e se o é, tem alguns dos seus que quando lhes convém dizem-se ricos e da União jogam fora e quando não, atrás dela se escudam na esmola que aos mais ricos que nós somos, afinal, fazem apelo … é fartar, vilanagem!








Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Novembro de 2011