quinta-feira, 17 de novembro de 2011

IRREVERSÍVEL E CONTAMINANTE

Gustav Klimt, A Árvore da Vida


Irreversível e contaminante, o velho paradigma de um continuado crescimento esgotou!
Alguém tem dúvidas!?
Senão vejamos:
Tendemos sempre a ver as coisas de forma parcelar e distorcida em função daquelas que, num dado momento, se afiguram como sendo as nossas prioridades obliterando planos e dimensões que, ao seu sabor, ao sabor dessas mesmas abordagens de momento, objectivamente se tornam menos relevantes, de acordo com as conveniências que julgariam possível equacionar como não, a belo prazer, as dimensões hierárquicas e dialécticas de análise, tanto quanto possível, geral ou global das coisas.
Pelo olhar da crise, assim se distorcem e esquecem planos à luz dos quais esta assumiria outra plausibilidade e, quiçá, outra e pertinente acutilância, a saber:
Do ponto de vista dos recursos disponíveis e da sustentabilidade do ecossistema global, será viável, sensato e mesmo aconselhável, persistirmos no paradigma do consumo ilimitado e de um crescimento sem fim à vista?
Será esta minha pergunta um luxo daqueles que gozam ou que até aqui gozaram desse mesmo crescimento?
Aconselhar-nos-ão as alterações climáticas e o aquecimento global, a persistirmos num modelo de crescimento que se sabe, a comunidade científica aí está, melhor do que ninguém, para comprová-lo (!), estar intimamente a eles associado?
Dir-me-ão que é fácil levantar estas questões quando desse crescimento se goza mas são ou não estas, questões verdadeiramente centrais e que remetem para a viabilidade desse mesmo modelo de crescimento!?
Mais, ainda:
A confirmar-se a hipótese que há muito formulei, a saber, a de que estaríamos, agora, no termo da Travessia de um Buraco Negro e os factores desaceleradores da economia aí estariam, esses também, a comprová-lo, então, a oportunidade das perguntas anteriormente formuladas adquiririam, a essa luz, uma premência acrescida …
E não só essa premência seria acrescida como a situação económico-financeira global, por arrasto ou reflexo, a essa Travessia apenas a reflectiria como, aliás, vai sendo voz comum afirmar-se:
Estamos confrontados com um autêntico buraco negro, diz-se amiúde e sem medir, inteiramente, o que se diz …!
E não apenas a situação económico-financeira resultante dessa travessia seria, a somar-se a tantos outros efeitos, apenas mais um como todas as preocupações ecológicas deveriam assumir, então, particular destaque e enfoque.
Ou será que as pessoas só mudam de hábitos quando irremediavelmente confrontadas com a sua necessidade …!?
Seja como seja, o paradigma esgotou-se e em relação a isso, julgo, confluem cada vez mais vozes abalizadas, agora, subsumidas pela crise …
Assim e em relação a essas preocupações irrecusáveis, diante da espuma dos dias, todas elas se somem e esquecem à vez …!
Mas é ou não este meu equacionar relevante e situado a montante da crise!?
É e também contra mim falando, julgo que há males que poderão vir por bem!
Neste meu equacionar sem o qual as coisas não se podem colocar em prospectiva, talvez o cidadão comum lhe encontrasse outro e menos economês, para não dizer mesmo indecifrável sentido e porque com propósito e saída (!) susceptível de o mobilizar para os sacrifícios que lhe vão sendo exigidos.
Assim sendo, o que não dá, porém, é para uns pagarem pelo crescimento ou ganância que outros, países, entidades, seja quem for, à outrance, no imediatismo do lucro que com a falência do paradigma, ele também se estiola, fizessem questão ou julgassem poder manter intocável.
Eis o grito da Terra Mãe que há falta de holística, isto é, de enfoque verdadeiramente estratégico, prospectivo e global, clama por nós e aos mercados, sensíveis como o são, na irreversível e contaminante desconfiança que tendo este quadro não nomeado e por fundo a imperar, perante as incógnitas do não dito, os deixa ainda mais imprevisíveis, hipersensíveis e nervosos!



crescer é crescer por dentro e esse investimento duradouro é o que a prazo cria riqueza e a faz render


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Novembro de 2011

8 comentários:

Dulce disse...

"Crescer é crescer por dentro e esse investimento duradouro é o que a prazo cria riqueza e a faz render"

Como concordo com as Suas palavras, Jaime..! E na verdade, sem esse crescimento que afere, nenhum outro será, em tempo algum, possível, nenhum outro Crescimento, realço-o, com fidedignidade ao momento que vivemos e porventura a qualquer outro momento de vida..!

Querido Jaime, um abraço amigo para Si!

dulce ac

ki.ti disse...

As pessoas não sei.

Eu mudei de hábitos confrontada com o arrefecimento nocturno,

durmo agora em frente ao buraco luminoso do aquecedor

e nem mio.

Jaime Latino Ferreira disse...

KI.TI


Que engraçada ... mias quando ele se apaga!!!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 17 de Novembro de 2011

manuela baptista disse...

crescer é uma coisa boa

é um anseio legítimo, é o que nos move

apenas os meninos da terra do nunca, não querem crescer

de facto às vezes crescemos mal, pela nossa própria natureza ou por razões alheias, exteriores

estamos a estragar a Terra e a nossa terra, duas mães à deriva sim,
paradigma esgotado e esgotante

crescer por dentro, olhando sempre para fora, ver a Terra de longe,

talvez


o buraco negro, é assim tipo, óculo de pirata que engoliu um crocodilo :)))

mb

. intemporal . disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Kika disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaime Latino Ferreira disse...

TÉRÉRÉ E FEZADINHA


Haja paciência e rasteirice à altura!!!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Novembro de 2011