Escrevo este soneto surdo e mudo
cego ao que me chega e não é tudo
preso ao que a cantar num dedilhar
vos trago para lá de um triste olhar
Se vê aquilo que canto é um radar
que vê mais do que vejo por pensar
nas ondas deste mar encapelado
que a todos nos atingem lado a lado
Se ouve o que não ouve quero e mudo
aqui neste lugar sem ter lugar
as coordenadas rígidas deste fado
Se canta não se ouve mas ao teu fardo
mais leve o quer tornar quer sejas surdo
ou mudo ou cego inspira-me o meu estar
aos que da ausência destes sentidos padecem
e numa paralisia anestésica
escrito ontem de madrugada sem outra música que não esta
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Março de 2012
2 comentários:
muito bonito!
talvez haja luz
depois do túnel
Jaime
Meu anigo
E o que nos traz, do triste olhar É tanto, e muito mais que o velho fado.
Pode ser mudo e surdo o despertar
Mas sem o ler, não se lê tudo.
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