Se eu escrevesse em função das conveniências, das audiências tão só, aos assuntos não os aprofundaria nem da verdade poderia ter a presunção de me aproximar, repego do penúltimo texto que escrevi.
Mas haverá maior audiência do que mais de metade do céu …!?
Entre o fechamento no casulo e o voo livre da borboleta há assuntos que apenas à falta de clara assunção, num sempre latente impulso reversivo, se tornam fraturantes.
O que impede a igualdade de géneros?
Melhor ainda:
O que há no género que o impeça, na sua imensa diversidade, de ser universal?
Género humano ou géneros feminino e masculino?
Género …
O que nos une mais do que divide?
Escrevia-me uma amiga minha em reação ao meu texto anterior que o mais belo de ser mulher é ser mãe ( … ) sofrer por amor sem sentir dor.
E o que sinto eu quando crio!?
Anos e anos a fio, até hoje, sem me demover deste sofrimento que dá à luz!?
Que traz à luz …
Como chegámos onde chegámos …!?
Onde sempre e pese embora tudo, parecem prevalecer as questiúnculas que longe de nos unirem cavam divisões!?
Artificialismos sem os quais parecesse que não poderíamos sobreviver e, muito menos, afirmarmo-nos!?
Colocando na dianteira a defesa da nossa lisura pessoal contra a dos demais!?
E quanto mais sofro ainda quando, como agora, em prolongadas dores de parto, tardo em dar à luz como se, afogado no rame-rame sem tino em que chapinhamos, me obstinasse, contudo, em não perder a clarividência!?
Como chegámos até aqui!?
Como cheguei eu até aqui sem perder o fio condutor que me move e que me faz bradar aos céus este meu silêncio ensurdecedor numa imensa vontade de voar para lá do território conhecido sem que a chama se apague e se desdobre em três numa interpelação que não se extinga mais?
num sofrimento sem dor que da dor tem a dor do mundo
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 11 de Março de 2012
2 comentários:
Muito interessante o seu texto.
Inteligente, introspectivo.
"De tanto olhar para as audiências o conforto vai-se tornando mais e mais desconforável"
É verdade, beber nas audiências a carência interior.Somos nós que construimos as grades da nossa própria prisão.
A questão do género, suscitava um debate simpático.Digo-lhe apenas que existem lindas maneiras de nos movermos, que merecem a honra da movida.
Vou estar atenta ao seu blog.
género humano
e as diferenças fomos nós que as inventámos e continuamos a permitir
sem dor, não se chega a nenhum lado e mesmo depois de chegar, o caminho continua
são lágrimas e alegrias continuadas, sempre
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