água mole em pedra dura tanto bate até que fura
Cada vez mais as soluções
políticas, económico-financeiras e sociais, de tão movediça que se vai tornando,
revelam crescente falta de adesão à realidade.
Como vertigem a realidade,
crescentemente, a todas as supera.
No exato momento em que a
um problema desse fórum se diagnostica logo esta, ao diagnóstico, o vem
desmentir como se a este lhe faltasse a âncora em que se pudesse fundear.
É claro que tanto a
política como a economia e as finanças ou a sociologia não são ciências exatas
tanto quanto estas o conseguem ser mas a sua inexatidão, contudo e com o tempo,
parece cavar-se num abismo sem fim.
Falta de adesão à
realidade.
As ciências sociais estão
para o indivíduo concreto tal como as ciências exatas estão para a
experimentação mas ambas, quando não enquadradas pela hipótese, aquela pergunta
que o observador, o cientista individualmente considerado coloca perante os
dados recolhidos da experimentação ou da observação do real, desenvolvem-se às cegas,
sem rumo e sem método.
Aleatoriamente.
Se a pergunta não for
suscitada e ela é-o pelo ângulo particular, circunstancial e contextual do
observador, a experiência, apenas casuisticamente poderá levar a bom porto e o
dispêndio de energias nela aplicado dispersar-se-á, quando não, tornar-se-á
completamente inglório.
Que perca escusada de
energias que a experimentação, com a introdução da hipótese, veio poupar
tornando-a mais efetiva!
É na hipótese que assenta
a experimentação científica e, sem ela, sem essa visão singular de quem à
experiência ou à realidade a observa, cai-se no infrutífero e dispendioso
experimentalismo.
Sem espírito crítico que
conduz à interrogação sistemática e esta como aquele dependem do observador, de
quem analisa os dados da experiência ou a realidade o que remete, tanto nas
ciências exatas como nas sociais, sendo que nestas últimas e diretamente, o
observador confunde-se com o objeto último da experiência, não há investigação
científica.
E as ciências sociais
perdem-se no macro, na estatística, nos grandes números ou nas teorias gerais
esquecendo-se que não há regra sem exceção e que a exceção confirma, isto é, pode
criar, ela mesma, a regra.
E se a pergunta não for
feita, se o espírito crítico estiver ausente reincidiremos, permanentemente, no
erro, quer dizer, na falta de adesão à realidade.
Quer isto dizer que há uma
verdade única e inquestionável?
Não, não há mas se a
pergunta não for feita, constituindo-se um feixe de hipóteses que se possa
trabalhar nele fazendo convergir, se necessário, todas as partes, nestas
incluídas as ciências sociais e as exatas na confirmação científica dos dados
da experiência com os da realidade social, poderemos estar sistematicamente a
cavar o fosso que nos afasta cada vez mais do real criando entre ele e nós
próprios um abismo que nos poderá vir a ser fatal.
E a pergunta, aqui e
apenas indiretamente demonstrável tal como se observado à distância, no
Universo, é:
E se, na sua aceção
astrofísica e não encarada como simples alegoria ou metáfora, tivéssemos
atravessado um Buraco Negro?
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Factos de uma Travessia, Tanto dá até que fura, Black Hole, Sonnet Brisé Autour, I - Um Ponto Esquálido e Azul, II - Um Portal Escuro e Impercetível, III- Um Pixel de Grão da Areia, entre outros
no distanciado silêncio que me anima
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Abril de 2013
1 comentário:
todas as perguntas são legítimas e todas as questões apaixonantes e esta será a tua preferida
numa plataforma mais troikiana, ainda temos mais sete anos de buracos negros para atravessar...
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