( qualquer um se pode rever em qualquer deles ou em ambos
ou nos três, isto, se ao artista, um deus menor a Adão e Eva o somarmos ou ainda e
como noutra ocasião o escrevi, que importa se foi da costela de Adão que nasceu Eva pois se foi da mulher que nasceu o filho de Deus )
O amor não tem sexo ou,
melhor dizendo, tem todos os sexos.
Do mesmo modo, o sexo se o
pode não ter, pode conter todo o amor.
Independentemente dos sexos
envolvidos, estes podem como não conduzir ao primeiro, ao amor.
Já agora, não é,
necessariamente, pelo sexo que o amor se amesquinha.
Pelo contrário, por ele,
pelo sexo, quantas vezes o amor não se pode antes lubrificar, exercitar-se
mesmo.
Quantas vezes, numa
primeira relação, ele, o amor, pura e simplesmente não resulta ou é votado ao
mais clamoroso dos fracassos?
E pese embora, será que o
amor, pelo sexo, se conspurca?
A tão propalada virtuosidade,
leia-se virgindade, é daquelas coisas que até quem venda o seu sexo, em si
mesmo, pode, num lugar íntimo e reservado de si próprio, resguardar.
Entre o sexo e o amor há
um estreito caminho de realização, assim as partes prevaleçam no que ao amor é
fundamental:
A dignidade que uma pela
outra das partes devem, têm de salvaguardar e tanto mais quanto há sempre
terceiras partes envolvidas e que a esse mesma dignidade, umas pelas outras,
mais ainda se devem.
Sexo e amor não são
incompatíveis antes complementares entre si.
Assim se salvaguarde,
entre um e o outro, o que é essencial:
O respeito pela pessoa
humana, isto é, pela sua sacralidade ou virgindade, fidelidade intrínseca o que
é outra coisa que não a virgindade literal, respeito que cada qual, antes de
mais, a si próprio pelo outro se obriga.
O amor tem todos ou nenhum
dos sexos, por todos eles passa e todos os sexos contêm, em si mesmos, todos os
sexos no assexual amor que em comum todos partilham.
Neles como em terceiras
partes, o amor se realiza.
Porque no amor há sempre
terceiras partes, sagradas triangulações por ele, na relação, envolvidas.
Tanto por via direta como
indireta, reprodutiva ou não.
Assim todos se devam ao
respeito coisa que nada tem a ver com especificidades de género.
Tem, isso sim, a ver com
uma ancestral e arreigada cultura de guerra ou com a desejável e promissora
Cultura da Paz.
A Cultura da Paz ou está
presente ou não e é independente do sexo que uma e outra ou todas as partes
ostentem.
O amor não é nem feminino,
nem masculino, é neutro.
É de uma neutralidade
transcendente porque para lá dos sexos mas entre eles interativa.
Transcende os sexos e
estando ao alcance de todos eles, em todos se realiza.
O amor não conhece
fronteiras e tem no sexo a sua ferramenta por excelência de intervenção.
O amor que pelo sexo,
direta ou indiretamente, se consubstancia está ao alcance de todos que por
todos os sexos intervém como não.
Sendo o amor mais forte do
que todos os sexos, o resto é conversa fiada.
Escreve quem crê e que não
se insinue relativismo porque o que aqui escrevo, se dele, do relativismo, se
aproxima, em tudo do fundamentalismo castrador e sem deixar ambiguidades
pendentes o ultrapassa jogando decisivamente no futuro porque adensando a
própria natureza do Mistério.
em manifesta e patente incapacidade em lidar com o sexo,
há quem tenha dele uma visão envergonhada, insegura e paradoxalmente
concupiscente, exatamente porque envergonhada, que depois transfere em
permanente contrição extasiada para as figuras, de um como do outro sexo, postas
e idolatradas no altar
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Novembro de 2013