sábado, 30 de novembro de 2013

SENTIR

Luchino Visconti, Senso, 1954







Calem-se
que falo eu
quem mora aqui
não morreu
diz-me a vontade
e a alma
que com o tempo
cresceu

Calo-me
que escrevo eu
junto às forças que me restam
saber que não esmoreceu
diz-me o que escrevo
na música
que por aqui
renasceu

Ouve-me
que a mim o deu
o que na minha escrita
espanta o que escureceu
o que ilumina a passagem
estreita margem do meu eu
o que permite a viagem
que nos faz olhar o céu

Oiço-te
o digo eu
há uma esperança
que nasceu
sem sonho
murcha enfadonho
o teu sentir
e o meu





na penumbra das horas difíceis, do que faço por sentir







Jaime Latino Ferreira

Estoril, 30 de Novembro de 2013



4 comentários:

manuela baptista disse...

Senso, incomum

uma passagem estreita conduz a uma grande viagem

. intemporal . disse...

.

.

. bravo . Jaime . bravíssimo . mesmo . :) .

.

. a música destas palavras . ficam.me . desde já no ouvido .

.

. e este poema . levo eu . :) .

.

. abraço .

.

.

Kika disse...

Kriu?

Não me mandes calar, porque ao esvoaçar por aqui, corres o risco, de eu me poder descuidar!

Kriu!

Anónimo disse...

Aluguei este filme ontem à noite no videoclube para gastar os pontos que estavam prestes a caducar no clube viva...

E, um clássico é sempre um clássico e vai bem com este outono...