sexta-feira, 12 de outubro de 2012

DE UM HOMEM SÓ

o meu escudo, 1989

 

 
Há um percurso que, de tão estreito qual buraco de agulha, é para ser percorrido por um homem só.
Só mas não alheado, sentindo e vivendo o pulsar que o rodeia.
Percurso que tanto mais se impõe quanto, na globalização, a massificação se torna cada vez mais esmagadora.
Percurso, aliás, que humaniza essa mesma massificação, dando-lhe um rosto.
O que afere e dá consistência, aderência, plausibilidade e relevância, seriedade a esse percurso?
Antes de mais, a fidelidade tanto nos objetivos como nos meios utilizados que a esses objetivos os preenchendo se integrem e não colidam com o ideário democrático, reforçando-lhe, precisamente, a vertente das ideias;
Depois e como se deduz do parágrafo anterior, a fundamentação que a esse percurso o leva a ser percorrido;
Finalmente, a prova do tempo, insubstituível cadinho que à temperança do corredor de fundo que a esse percurso se dispõe, livremente, a percorrer, a caldeia.
A Democracia só será ampla e universal quando a sua vertente formal se compatibilizar com a vertente singular, o mesmo é dizer, aquela de um buraco de agulha que preenchendo os requisitos atrás referidos encontrará aí, balanceados estes dois pilares, o seu duplo alicerce que pela tensão entre ambos criada a aprofunde refundando-a no equilíbrio desse duplo escrutínio:
O escrutínio que se revê no sufrágio universal, direto e secreto e no Estado de Direito e a consistência do singular que posto à prova com o primeiro se harmoniza.
Uma coisa leva à outra.


o que não cabe num buraco de agulha nunca terá o tamanho do mundo




Jaime Latino Ferreira
Estoril 12 de Outubro de 2012
 
 
 

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