quinta-feira, 25 de outubro de 2012

PENSAMENTOS ( II )

 

 

POBREZA


A pobreza tem muitas faces sendo que, de todas elas, aquela que incapacita de discernir é causa de pobreza acrescida.
 

Quando não se consegue discernir, distinguir o trigo do joio, seriar hierarquicamente as diferentes dimensões da realidade ou proceder, fundamentadamente, ao contraditório, mete-se tudo no mesmo saco e o resultado é ainda mais catastrófico:
 

À pobreza material soma-se, tanto maior e estupidamente replicante, miséria intelectual.



 

JANELAS  DE  OPORTUNIDADE


Quanto mais intrincada se vai tornando uma qualquer situação mais tendo a refugiar-me em considerações genéricas, em pensamentos, isto é, a manter abertas as janelas de oportunidade ou, para dizer de outra maneira, quanto maior o sufoco mais insisto, determinado, em respirar ar puro como se me recusasse a fechar as janelas à oxigenação que, por seu intermédio, se renova.


Ao proceder, teimosamente, deste modo sem me alhear da realidade crio as condições para que a situação se desanuvie.


Empurro para cima as janelas para que, de guilhotina, elas não se venham a abater sobre mim próprio.



 

SIMPLICIDADE


Simplicidade não é o mesmo que simplismo.


Simplismo reporta-se a um vício de raciocínio que na sua linearidade e primarismo tende a desprezar elementos essenciais ao próprio raciocínio que pela sua adulteração o empobrece.
 

Simplicidade, contudo, reporta-se ao raciocínio complexo que não desprezando todos os seus elementos essenciais o reduz à sua forma mais simples.

 

O que é simples, sendo uma arte é, simultaneamente, tremendamente complexo.
 


  

PAZ


A paz começa em nós.
 

Sendo certo que para a termos primeiro nos temos de desinstalar, se à paz, num permanente e longo, penoso e perseverante exercício a não instalarmos em nós próprios, em vão a poderemos desejar para o mundo inteiro.
 

em memória de todas as vítimas dos mais variados conflitos que logo em casa, quantas vezes, como seu recetáculo se desencadeiam
 


 

SILÊNCIO
 

O silêncio é a expressão de paz interior.
 

O silêncio não é sinónimo de coisa nenhuma antes sinaliza que o ruído foi extirpado e que em nós, interiormente, ele se converteu num profundo diálogo de vozes musicais justapostas que se fazem por complementar.


O silêncio é música, harmonia que de dentro vem e no exterior se projeta.
 

aos meus alunos
 

 

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Outubro de 2012
 
 
 
 

3 comentários:

Hanaé Pais disse...

A Paz começa em nós!
Baber um som maravilhoso, para nos envolver em Paz...
Obrigada pela sugestão.

manuela baptista disse...

querem-nos intelectualmente pobres

para nos fecharem as janelas

mas se o mais simples é o mais complexo, sejamos silenciosos e pacificadamente guerreiros

ki.ti disse...

Baber uma tigelinha de leite, talvez...

Barber e a Senhora com a cabeça a explodir, gosto muito!