segunda-feira, 8 de outubro de 2012

FIRME

hoje ainda firme e direito, um meu retrato de António Correia que, uma vez mais, aqui reedito, 1985
 

 

Se na cerimónia oficial do passado dia 5 de Outubro, atabalhoada, fechada, timorata e no meio do episódio da bandeira, Ana Maria Pinto, ao cantar Firmeza de Fernando Lopes Graça, personificou a afirmação singular com toda a dignidade, até por contraste com uma outra manifestação individual de indignação que, praticamente em simultâneo, no mesmo espaço ocorreu e que quase a ofuscou ou, em prejuízo aparente da sua performance, maior realce lhe conferiu ainda, valorizando o próprio poema da canção heroica interpretada, com letra de autoria de João José Cochofel e que passo, de seguida, a citar, o que dizer, então, de quem há vinte e três anos, não para de se dignificar intervindo, numa obra original que cresce, publicamente, sem desfalecimentos?
Cito o poema:
 
" Sem frases de desânimo,
 Nem complicações de alma,
 Que o teu corpo agora fale,
 Presente e seguro do que vale.

Pedra em que a vida se alicerça,
Argamassa e nervo,
Pega-lhe como um senhor
E nunca como um servo.

Não seja o travor das lágrimas
Capaz de embargar-te a voz;
Que a boca a sorrir não mate
  Nos lábios o brado de combate. 

Olha que a vida nos acena
Para além da luta.
Canta os sonhos com que esperas,
 Que o espelho da vida nos escuta."

 
Espelho da vida.
Assim me espelho num reflexo inteiro, sem que a voz se me embargue, senhor sim e nunca servo.
Sinal dos tempos, espelho outro, aquele em que a cerimónia do 5 de Outubro, simbolicamente invertida, se acabou por transformar.
 
O que dizer, repito, deste meu firme, silencioso e ininterrupto canto que, por aqui, em socorro do aprofundamento da Democracia, se escoa?


se em política o que parece é, três pedidos de socorro para memória futura


ver, no facebook, textos conexos




Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Outubro de 2012
a rocha, o meu escudo igualmente firme e direito, 1989
 
 
 

2 comentários:

Hanaé Pais disse...

Desconhecia a situação daquela senhora...
Os nossos males, são tão menores, comparados com a falta de pão!
Muito profundo fez-me pensar!

Obrigada, por este momento!
Penso que a partir de agora comecei a gostar mais de Si e do seu blog!
Bem haja!

Jaime Latino Ferreira disse...

HANAÉ PAIS


Minha Amiga,

E eu a julgar que já gostava que bastasse de mim ...!

Mas, sabe, estamos todos no mesmo barco e a coincidência ou não do hastear da bandeira de pernas para o ar significa, em si mesmo, ele também, um pedido de socorro.

Daí a minha referência a três pedidos de socorro:

O dessa senhora, Luisa ao que sei, o da cantora Ana Maria Pinto e, at last but not least, o do país que nesse involuntarismo voluntário, na prática também o solicitou.

Cá entre nós, que brado, nos corredores do poder, ele não terá feito ...!

Beijinhos e uma boa semana


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Outubro de 2012