domingo, 29 de setembro de 2013

SINAIS DE DISTENSÃO GLOBAL








Como de há muito não se via, somam-se na arena internacional sinais encorajadores de distensão global e que a produzirem efeitos não deixarão de ter implicações positivas na vida de todas as comunidades e, mais em particular, na de cada um de nós singularmente considerados.
Passo, sumariamente, a inventaria-los, começando, cronologicamente, pelo fim:
No passado dia 28, foi finalmente aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas uma resolução histórica sobre o desmantelamento do arsenal de armas químicas da Síria colocando, esperemos, a solução do problema que martiriza este país e desestabiliza a região, definitivamente sob os auspícios do multilateralismo e do direito internacional;
Tudo aponta para que as relações entre o Irão e os EUA que de há muito permaneciam tensas, a saber, desde o derrube do já lá vão trinta e tal anos, terão entrado no caminho da distensão, da reaproximação e do desejável entendimento;
Por fim, as conversações de paz para o Médio Oriente prosseguem de novo e após terem sido durante um largo período interrompidas, encontrando nos dois sinais anteriores e que se prendem com a sua própria retaguarda, a Síria como o Irão, um novo fôlego e um clima que não deixará de lhes ser favorável e que as permita, desejavelmente, aprofundar tal como a concluírem-se, porque não, com sucesso.
Por tabela, distendem-se, também e inevitavelmente, as relações entre os grandes atores da cena internacional.

Sinais prometedores e que, do fundo, desejo não venham a ser comprometidos.
Dir-me-ão que sim senhor mas em que é que tais factos poderão concorrer para a resolução pelo melhor dos nossos particulares problemas?
Quem pense que não, está redondamente equivocado.
O melhor para os outros só pode ser o melhor para nós, logo, para ti e para mim e oxalá tais sinais frutifiquem e passem a imperar na cena internacional fazendo vingar o multilateralismo e o concerto das nações para que as fronteiras da pobreza e da miséria possam recuar em vez de avançar, como tantos sinais e numa insustentável pressão parecem indiciar.
Já agora, reitero que o Nobel da Paz de que Obama e, logo, os EUA são portadores, lhes venha mesmo a assistir por acrescido e irrefutável mérito.




que aos sinais de guerra que a Guerra Fria disseminou se sobreponham aqueles da paz sem os quais esta não frutificará






Jaime Latino Ferreira

Estoril, 29 de Setembro de 2013



sábado, 28 de setembro de 2013

DA MINHA ATITUDE







que posso eu fazer em relação a realidades geopolíticas e geoestratégias ou outras que me transcendem e com as quais, quer queira, quer não, terei de conviver?

das duas uma:

ou as hostilizo ou tudo tentarei para, de um ângulo positivo, distanciando-me e encarando-as como se de processos em pleno desenvolvimento que essas realidades o são tal como a minha, as fazer aproximar dos padrões de que comungo, dos quais não me disponho a abdicar e que se identificam com os valores universais de convivência democrática

se não abrir portas, contra mim, melhor escrevendo, nós, com toda a brutalidade elas se fecharão

escrito isto e sem malícia nenhuma, não me tomais por incauto!





à minha amiga TSG que com toda a oportunidade, numa conversa entre nós tida ontem, me inspirou a esta reflexão







Jaime Latino Ferreira

Estoril, 28 de Setembro de 2013



sexta-feira, 27 de setembro de 2013

B.M.B.

série comemorativa de selos dos correios de Chipre, 2011







sempre que penso em expoentes da música universal, da arte de organizar o som tais como Bach, Mozart e Beethoven, interrogo-me como é que uma excrescência como o nazismo eclodiu no seio da cultura de língua alemã

quando sobre este facto reflito, invariavelmente, concluo que um tal horror pode emergir onde quer que seja


ou / or


whenever I think about exponents of universal music, the art of organizing sound such as Bach, Mozart and Beethoven, I wonder how an excrescence like nazism erupted within the culture of German-speaking

when I reflect on that fact, invariably, I conclude that such horror can emerge wherever



na certeza de que a Democracia é a forma de organização política mais musical

ou / or

in the certainty that Democracy is the more musical form of political organization






Jaime Latino Ferreira

Estoril, 27 de Setembro de 2013



quarta-feira, 25 de setembro de 2013

OS RESSACADOS







Há os que mesmo sabendo das consequências funestas em persistirem em dependências, nelas reincidindo por sistema, se espantam com as ressacas daí resultantes.
Chamo-lhes os ressacados.
Viciados e empedernidos, os ressacados são incapazes de aprenderem, vivem num eterno retorno feito de alibis e bodes expiatórios fazendo recair sobre terceiros os males que, afinal, lhes são próprios e a si mesmos imputáveis.

A Senhora Merkel venceu as eleições, azar o nosso, concluem.
Num provincianismo que já Eça apontava a dedo como característica inelutável da saloiice dependente lusa, não aprendem, não querem aprender, têm raiva de quem aprende.
Ai se ela não tivesse vencido!
Ai se ela não tivesse atingido uma margem tão folgada!
Ai se ela fosse mandada às urtigas!
À chancelarina imputam-lhe, então, todos os males que os assolam e não contentes com isso e eivados de xenofobia endógena, envolvem-na em estigmas culturais e outros que a Alemanha não tem de carregar para sempre o que não quer dizer que a memória não deva ser conservada viva e haja coisas que importa não mais esquecer mas que à Senhora Merkel, por inteiro, lhe escapam e a transcendem.
Pois se ela, tal como eu, nasceu no pós-guerra?
Os ressacados dizem que os alemães ou os povos do norte são xenófobos e os povos do sul, o que são?
E deitam-se contas à vida numa aritmética vesga como se as eleições alemãs fossem nossas.
Que voto na matéria teremos nós nessas eleições?
Nenhum!
Não que tome partido mas a ressaca, além de revelar mau perder e falta de espírito democrático, de que nos poderá adiantar?

Frau Merkel,
Ich gratuliere Ihnen!

oder / ou

Senhora Merkel,
Felicito-A!

Em Seu próprio abono, em abono da Senhora Merkel, notai que o resultado eleitoral de há muito sem paralelo e que pese embora a saúde económica da Alemanha nem por isso exclui a hipótese da formação de uma vasta coligação, profunda ironia já que entre nós dificilmente e nas mesmas condições teria lugar, coligação essa que a concretizar-se mais não revela do que hábitos arreigados de convivência democrática que entre nós, permanentes ressacados e logo a começar uns com os outros, talvez por isso mesmo ainda se revelam tão frágeis e depauperados como depauperada é a nossa saúde económica e financeira.
Simples coincidência!?
E o que seria da Europa sem o motor alemão?

Na esperança de que a arquitetura política e democrática europeia se remate e balize no indispensável balanço entre crescimento e défice contrariando a ameaça de continuada crise e rutura, aproveito para deixar bem claro que sem procura também não há oferta ou que o deserto de austeridade também não favorece, longe disso, o crescimento.
Aqui como onde quer que seja, na Europa como no Mundo.
Quanto à ressacagem, porque tolda o discernimento, nunca foi boa conselheira e muito menos num espaço único, a Europa, que se pretende aprofundar.
Pois que se danem os ressacados!



esconjurando demónios sendo certo que o melhor para nós é o que for melhor para a Europa e esta não pode passar sem a Alemanha e as suas decisões democráticas simpatizemos ou não com elas. Uma coisa é certa: à xenofobia não se responde com mais xenofobia venha ela do norte ou do sul e com ela a Europa não se constrói. É certo que, intencionalmente, extremei este meu texto mas há crítica que, por vezes, não há nada como a extremar para que nela nos demos conta do nosso ridículo

e num silêncio pungente pelos atentados de terror como aqueles perpetrados em Nairobi ou no Paquistão






Jaime Latino Ferreira

Estoril, 25 de Setembro de 2013



segunda-feira, 16 de setembro de 2013

PRO NOBIS






Pro nobis
ora
tempo
demora
a Terra
me implora
já chegou
a hora

Ora
pro nobis
à nora
não colhes
chora
relógio
és nora
e me moves

Pro nobis
ora
à paz
a promoves
da guerra
tu foges
sem medo
a sacodes

Ora
pro nobis
aos vis
os demoves
Zeus és
minha Tora
da morte
vitória







Jaime Latino Ferreira

Estoril, 16 de Setembro de 2013



sábado, 14 de setembro de 2013

DOS EXÉRCITOS

capacete azul estilizado






Quando a 11 de Setembro de 2001 os EUA foram vítimas, no seu próprio território, dos horrendos e traiçoeiros ataques que para sempre marcaram o 9/11 atingindo o coração do Mundo Livre, logo na altura considerei que o sucedido não poderia ter deixado de passar sem retaliação.
Logo na altura, também, não deixei de considerar que o argumento invocado das armas de destruição maciça como justificativo dessa mesma retaliação pecava por inconsistente como, aliás, se veio a comprovar qual verdadeiro calcanhar de Aquiles que à retaliação a acabou, decididamente, por condicionar e determinar.
Ao 9/11 outros ataques de terror se lhe seguiram e aquela data ficou como um marco que hoje permite afirmar haver um antes e um depois dela.
Nada voltou a ser como era, incluindo o Mundo Livre e as regiões alvo de retaliação, elas próprias carentes de Liberdade, tornaram-se mais voláteis do que nunca.

Como na altura logo se comprovou, um avião de carreira passou a ser, ele sim e arrepiantemente, uma arma de destruição maciça e a Liberdade adquiriu outra coloração.
Outro e mais profundo significado.
Em vez de uma via rápida revelou-se em toda a sua extensão e crueza como um caminho cheio de escolhos a valer a pena percorrer.

Passados 12 anos, em que ponto estamos?
No da retaliação ou no da contenção?
No de responder à guerra pela guerra ou de esgotar todas, mas mesmo todas as vias negociais?
No do confronto ou da distensão, da paz e tanto mais quanto não há quem a ela, no seu pleno juízo, não aspire?

Passados 12 anos cresce a perceção de que o confronto apenas gera mais confronto.
Apesar disso, os exércitos ter-se-ão tornado obsoletos?
Explicar-se-á a tentação belicista sempre à flor da pele à luz do nervosismo resultante de qual venha a ser o seu papel no futuro?
Julgo não haver lugar para tal nervosismo.
Sem os exércitos e em especial aqueles sob controlo democrático, não há paz nem segurança.
Sem os exércitos não há forças de manutenção da paz.
Sem os exércitos, como acudir às catástrofes ciclópicas cada vez mais recorrentes por esse mundo fora?
Por esse mundo fora, direta ou indiretamente, quantos milhões de empregos os exércitos não garantem reforçando a coesão social?
Sem os exércitos, que seria também dos progressos tecnológicos que vão sendo colocados à disposição de todos nós?
Sem os exércitos, o caso português é disso paradigmático, o que seria da Liberdade?
Os exércitos são escolas de civismo e poderia continuar a elencar mais e outros itens em que eles se comprovam indispensáveis, reconheço-o sem hesitar e pese embora, hélàs, eu nunca ter sido alistado.
Sem os exércitos, o que seria da diplomacia?
O nervosismo belicista não tem, de facto, qualquer razão de ser.


mulheres e homens em armas, tranquilizai-vos:

a paz torna-se imperativa e sem vós, que fique claro, ela não se constrói

ou / or

women and men in arms, quiet yourselves:

peace has become an imperative and without you, let’s be clear, peace can´t be improved




na certeza de que a Paz tal como a Democracia não são dados adquiridos para sempre
=
knowing for sure that Peace so as Democracy are not facts forever acquired






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Setembro de 2013



capacetes azuis



quarta-feira, 11 de setembro de 2013

NO CONCERTO DAS NAÇÕES

símbolo das Nações Unidas







Agir-se no concerto das nações e por muito que esse concerto necessite ou não de ser aprimorado, equivale a agir-se democraticamente na arena internacional.
Agir-se em conformidade comporta uma eficácia que uma ação unilateral desconhece.
Eficácia essa que aponta, tendencialmente, para a resolução pacífica dos conflitos.
Eficácia geradora de paz e não de guerra.
E a paz urge.
Urge a todos os títulos como ultimato de sobrevivência global.
Ultimato qual contradição nos termos com o que anteriormente escrevi no mural do meu facebook, a realidade é complexa e contraditória, mas com o qual a Terra, o planeta azul, a todos nos impele.
Ultimato de sobrevivência com qualidade de vida.

Agir-se no concerto das nações é um must.
Um imperativo global no estreito caminho que todos somos chamados a percorrer.
No estreito caminho que se poderá tornar em via rápida para a Liberdade.
Estou certo que os USA compreenderão do que escrevo, outros, eventualmente, mais dificilmente e o Prémio Nobel da Paz de que Obama é detentor só pode carrear nesse sentido.

Agir-se no concerto das nações é agir em prol da paz e do bem-estar globais
O bem-estar não concorre com ninguém nem se vira contra quem quer que seja.
Não gera inimizade muito antes pelo contrário.
É este caminho sem escolhos ou eivado de um pacifismo besta, lamecha ou desarmante?
Não, não é!
Os exércitos não deixaram de ser necessários e como o são ou se poderão constituir em acrescidos fatores de segurança e, logo, de progresso e bem-estar.
Mas este é o único caminho possível ou, pelo menos, desejável:
Aquele que nos traga benefícios sem olhar a quem e em prejuízo de ninguém.
Aquele suscetível de nos vir a enriquecer.
Ganho civilizacional, insuspeitada fonte de bem-estar, riqueza maior não pertencente, em exclusivo, a ninguém, que não se vira contra quem seja e suscetível de estar ao alcance de todos.
O caminho de se agir no concerto das nações e em função da sua imperativa concertação.




que mal o meu se estiveres bem (?)

ou/or

if you are well, I’ll be well too

( ainda sobre a Síria )





Jaime Latino Ferreira

Estoril, 11 de Setembro de 2013



segunda-feira, 9 de setembro de 2013

DA IMPUNIDADE

bandeira da paz que dela Vos faz refém





o argumento que consiste em defender o ripostar pela guerra para que crimes contra a humanidade não permaneçam impunes esconde a impunidade de quem, eventualmente e sem mandato internacional, replicando-a, impune se considera

se não for castigado reincidirá, alega-se

mas que castigo aplicar, da mesma índole ainda que com outro grau de intensidade (!?)

se assim for, se à guerra se responder com a guerra, a violência replicar-se-á ad aeternum e os crimes contra a humanidade, de baixa como de alta intensidade, também

em verdade, o que distingue os mortos e os estropiados provocados por um bombardeamento convencional daqueles desencadeados por um ataque químico (?)




don’t be naïf, by itself war is a crime against humanity

or/ou

não sejais ingénuos, de per si a guerra é um crime contra a humanidade






Jaime Latino Ferreira

Estoril, 9 de Setembro de 2013



domingo, 8 de setembro de 2013

GUERRA VERSUS PAZ

prisioneiro da Paz, fotografia de Jaime Latino Ferreira





a guerra traz mais guerra e a paz traz mais paz

mesmo quando a guerra ultrapassa todos os limiares violando todas as convenções ou atingindo o intolerável é pela paz na eficácia da retaliação concertada não implicando atos de guerra que se atingem os objetivos pretendidos

aqueles geradores de paz e não de guerra

que se quebre o enguiço neutralizando a guerra




war brings more war, peace brings more peace and above all what we need is peace

or/ou

acima de tudo é da paz que precisamos







Jaime Latino Ferreira

Estoril, 8 de Setembro de 2013