Salvador Dali, Premonition of Civil War
A guerra nunca é benfazeja
mas será que se justifica nalguma circunstância?
A guerra pode-se
justificar, por exemplo, para combater um estado de guerra.
O que é um estado de
guerra?
É uma circunstância em
que, ainda que latente, a guerra ameaça a paz.
Uma ditadura é um estado
de guerra latente.
Uma guerra civil é um
estado de guerra.
Uma situação em que se
cometem crimes contra a humanidade tais como ataques químicos, em que se
excedem, portanto, todos os limiares e convenções acordados pela comunidade
internacional, pode, eventualmente, justificar a retaliação e, logo, a guerra
contra a guerra.
Em que circunstâncias o
desencadear da guerra contra a guerra se pode tornar admissível?
Nas circunstâncias em que
esteja reunido o consenso necessário fundado no direito internacional.
Em nome de quem?
Em nome, portanto, da
comunidade internacional corporizada, nomeadamente, na Organização das Nações Unidas.
E em nome de quê?
Em nome da Paz.
Nunca em nome de um Estado
e dos seus melhores interesses, quantos não têm as suas mãos manchadas de
crimes equivalentes, uma vez que qualquer Estado carrega consigo uma onda de
suspeições resultante, precisamente, dos seus interesses específicos que nada
garante coincidirem com o bem-estar geral e por muito que internamente o seu
direito a intervir possa vir a ser legitimado.
Por mais poderoso que o
seja ou por maiores que possam ser os seus pergaminhos, um Estado é sempre um
Estado, é parte e não pode ser confundido com o todo, isto é, com o interesse
geral.
Não há Estado que possa
ser polícia senão dele mesmo e mesmo assim sabe Deus e o resto é propaganda.
A guerra nunca é
benfazeja.
Traz consigo e por mais
cirúrgica que em tese a possamos admitir, não apenas danos colaterais, isto,
para usar a linguagem fria da guerra, réplicas que contra quem a pratica ou
contra terceiros se viram bem como um coro de indignação e de indignidade
contra quem a leva a cabo.
Podem os crimes contra a
humanidade passar impunes?
Não, não podem!
Mas para os combater com
eficácia, no respeito pela multilateralidade, é preciso reunir os consensos e a
legitimidade internacional necessários.
E para os reunir a ambos é
preciso ter a prova inquestionável da perpetração desses crimes e de quem os
praticou.
É preciso dar tempo ao
tempo e não fazer do tempo intolerável pressão sobre o próprio tempo.
Que fazer se as instâncias
internacionais se mostrarem impotentes diante de crimes contra a humanidade
tais como ataques químicos contra populações civis ou outras o são?
Agir a montante e
preventivamente, tudo fazendo de tal modo que, pela concertação global, aquelas
instâncias se venham a tornar operacionais e verdadeiramente efetivas.
Antes e não depois de a casa poder vir a ser assaltada.
Há quantos anos não se
fala já da reforma das Nações Unidas?
E que efeito persuasivo
contra a perpetração de tais crimes uma tal reforma não poderia vir a
desencadear?
the best interest is not mine but ours
or/ou
o melhor interesse não é o meu antes o nosso
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Setembro de 2013
2 comentários:
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. porque será que a humanidade para além de definir o conjunto dos homens . a natureza humana e o seu género é também sinónima da bondade . da benevolência e de compaixão? .
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. tivessem sempre presente . os "senhores da guerra" . este conceito (do latim "humanitas") . no qual e do qual fazem parte . embora . e apenas e só . em parte . e os seus propósitos cairiam por terra .
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. ou então que se dedicassem às humanidades . ao seu estudo . onde a cultura . a literatura . a poesia e a gramática . atenuariam decerto os seus intentos . e valorizariam esta efémera condição humana . a qual . pode e deve ser perpetuada . no tempo que resta . para além do nosso .
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a guerra contra a guerra
é como combater o fogo com o fogo,
resulta, mas depois é apenas terra ardida
muito bom o teu texto
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