Há os que mesmo sabendo
das consequências funestas em persistirem em dependências, nelas reincidindo
por sistema, se espantam com as ressacas daí resultantes.
Chamo-lhes os ressacados.
Viciados e empedernidos,
os ressacados são incapazes de aprenderem, vivem num eterno retorno feito de
alibis e bodes expiatórios fazendo recair sobre terceiros os males que, afinal,
lhes são próprios e a si mesmos imputáveis.
A Senhora Merkel venceu as eleições, azar o
nosso, concluem.
Num provincianismo que já Eça apontava a dedo como característica
inelutável da saloiice dependente lusa, não aprendem, não querem aprender, têm
raiva de quem aprende.
Ai se ela não tivesse
vencido!
Ai se ela não tivesse atingido
uma margem tão folgada!
Ai se ela fosse mandada às
urtigas!
À chancelarina
imputam-lhe, então, todos os males que os assolam e não contentes com isso e
eivados de xenofobia endógena, envolvem-na em estigmas culturais e outros que a
Alemanha não tem de carregar para
sempre o que não quer dizer que a memória não deva ser conservada viva e haja
coisas que importa não mais esquecer mas que à Senhora Merkel, por inteiro, lhe escapam e a transcendem.
Pois se ela, tal como eu,
nasceu no pós-guerra?
Os ressacados dizem que os
alemães ou os povos do norte são xenófobos e os povos do sul, o que são?
E deitam-se contas à vida
numa aritmética vesga como se as eleições alemãs fossem nossas.
Que voto na matéria
teremos nós nessas eleições?
Nenhum!
Não que tome partido mas a
ressaca, além de revelar mau perder e falta de espírito democrático, de que nos
poderá adiantar?
Frau Merkel,
Ich gratuliere Ihnen!
oder / ou
Senhora Merkel,
Felicito-A!
Em Seu próprio abono, em
abono da Senhora Merkel, notai que o
resultado eleitoral de há muito sem paralelo e que pese embora a saúde
económica da Alemanha nem por isso
exclui a hipótese da formação de uma vasta coligação, profunda ironia já que
entre nós dificilmente e nas mesmas condições teria lugar, coligação essa que a
concretizar-se mais não revela do que hábitos arreigados de convivência
democrática que entre nós, permanentes ressacados e logo a começar uns com os
outros, talvez por isso mesmo ainda se revelam tão frágeis e depauperados como
depauperada é a nossa saúde económica e financeira.
Simples coincidência!?
E o que seria da Europa sem o motor alemão?
Na esperança de que a
arquitetura política e democrática europeia se remate e balize no indispensável
balanço entre crescimento e défice contrariando a ameaça de continuada crise e
rutura, aproveito para deixar bem claro que sem procura também não há oferta ou
que o deserto de austeridade também não favorece, longe disso, o crescimento.
Aqui como onde quer que
seja, na Europa como no Mundo.
Quanto à ressacagem,
porque tolda o discernimento, nunca foi boa conselheira e muito menos num
espaço único, a Europa, que se
pretende aprofundar.
Pois que se danem os
ressacados!
esconjurando demónios sendo certo que o melhor para nós é
o que for melhor para a Europa e esta não pode passar sem a Alemanha e as suas decisões democráticas
simpatizemos ou não com elas. Uma coisa é certa: à xenofobia não se responde
com mais xenofobia venha ela do norte ou do sul e com ela a Europa não se constrói. É certo que,
intencionalmente, extremei este meu texto mas há crítica que, por vezes, não há
nada como a extremar para que nela nos demos conta do nosso ridículo
e num silêncio pungente pelos atentados de terror como
aqueles perpetrados em Nairobi ou no Paquistão
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Setembro de 2013
2 comentários:
estou com Eça e contigo
só este povo saloio merece o governo que tem, provinciano e mentiroso
estou a falar de Portugal é claro
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. cada um tem aquilo que merece . como resultado daquilo que fez por merecer . e sinal precursor do merecimento futuro .
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. felicitemos os que há muito sabem ter juízo . e não vivem . um segundo de vida que seja . acima das suas possibilidades .
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. "sobrevivem" . pensam alguns .
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. pois [não] pensam .
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. um abraço . Jaime .
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