Vladimir Ilitch Ulianov, Lenin
discursa
do que se torna pertinente registar
Jerónimo de Souza, Meu Caro,
“ … os homens valem sempre muito mas a importância é
sempre dos coletivos, das forças organizadas … “
Acautela-te porque este
filme, aquele que nesta citação se encerra pode queimar, queima como hoje, pela
prevalência sistemática das organizações sobre o indivíduo, todos, tu incluído,
o constatamos!
Organizações versus pessoa
singular ou da génese que te justifica.
É certo que a pessoa, a
mulher ou o homem, também não se podem impor, no sentido de subjugar, aos
coletivos mas dar-te-ás conta da afirmação que proferes?
Vejamos:
Basta que o coletivo, a
organização se confunda com quem a dirige.
Dir-me-ás que não, que o
teu coletivo não se confunde contigo mas, não lhe sendo dado o destaque que ela
merece senão a ti ainda que como a face do teu coletivo e a pouco mais como
garante ideológico da organização, do coletivo, contradição nos teus próprios
termos, sonegando, publicamente, o contraditório que dela, da pessoa, no
coletivo se projete e impondo-se, este, sempre à pessoa, às mulheres e aos
homens, que papel político transparente, democrático a ela, à pessoa lhe poderá
restar?
Dito de outra maneira, que
autonomia, que importância tens tu no teu coletivo?
A pessoa, a mulher ou o
homem também não podem subjugar o coletivo, o coletivo das pessoas, repito, mas
podem impor-se, naquele outro sentido de para lá dele, pelo contraditório,
democraticamente, em importância se afirmarem ao ponto de, elas próprias se
tornarem em institutos soberanos, o que, em si mesmas, potencialmente já o são.
O coletivo, esse também
tem de ter por goal, por meta a
pessoa concreta e independentemente da sua importância sob pena de esta não
passar de um número ou de uma classe de números.
Classe … classismo de que
tanto gostas, das classes que tanto dizes defender mas que ao grupo, ao teu
partido, como bastião ou vanguarda e como, aliás, desabridamente o reconheces,
em primeiro lugar, sobre as pessoas o fazem prevalecer!
Nenhum algarismo vale mais
do que o 1 ( um ) e este, por isso mesmo, por ser a partir dele que todos os
outros números se formaram, não pode subjugar o conjunto deles.
Tudo vai de como olhemos
para o 0 ( zero ), o coletivo, a organização, o institucional, se como anulação
ou abstração absorvente que à pessoa, às mulheres e aos homens concretos, quais
catalisadores os potenciem e mesmo se excedem, porque o podem exceder, em
importância, as organizações.
Tu, aliás e quer o queiras
quer não, objetivamente, expressão de que, também, tanto gostas, impões-te ao
teu coletivo e, na opacidade desse mesmo coletivo, como me poderás demonstrar
que assim não é pois se a dissidência é nele, por sistema, excluída?
Como me poderás refutar o
que acabei de escrever?
Sabes, uma coisa é certa, o
que na tua afirmação se encerra ainda é o vício de raciocínio, a matriz ou
forma nas quais, independentemente da maior ou menor opacidade que as caracteriza,
ainda hoje enferma a generalidade das instituições, das organizações que, uma
vez aqui chegados, sem as pôr em causa e pese embora a democraticidade que as
regule, contudo e ainda, como se fossem redutos inexpugnáveis, as emperra.
A elas, organizações, às
pessoas e às sociedades no seu conjunto.
Os números aí estão,
candentes, a imporem-se sempre às pessoas, ao concreto da pessoa humana.
Cá entre nós e se queres
que te diga:
Tu és a cara do partido
constitucional de referência em função do qual, a régua e esquadro e mal ou
bem, todos os outros se acomodaram!
Por isso é que os líderes
dos outros partidos, teus adversários e por mais democráticos que eles sejam,
não só são capazes de afirmar que és muito institucional, que o és e ainda bem,
não é isso que está em causa, como não levantaram a voz ao que tu, com que
irrefletida candura, no que a todas as embebe, ousaste, por todas elas, afirmar
ou de como, produto das revoluções industriais, os partidos comunistas se
transformaram, ironia das coisas, no motor das organizações, olhe-se para a China mais os seus dois êmbolos ou
sistemas, isto é, do capitalismo global.
The untouchable communism.
Já agora e para que
conste, este que, aqui, a ti se dirige não é, propriamente, nem
anticapitalista, nem um anarquista empedernido, trotsquista tão pouco e, muito
menos, um anticomunista confesso.
do papel do indivíduo na História e do défice que na
arregimentação sonega a afirmação singular
desde que esta afirmação foi produzida, um dia antes da data em que escrevo,
deixei passar tempo suficiente e que tempos estes, até que, por fim, hoje e por mera coincidência de agendamento, a
esta réplica a decidi publicar, neste dia 11 de Setembro de trágica memória em que, sem que se veja nisto uma indireta, milhares foram reduzidos a pó
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Agosto de 2012
2 comentários:
o camarada responderá, ou não
11 de Setembro,
a dor individual foi inequivocamente colectiva
Parabéns!
Gostei muito do seu texto.
Permita-me um aditamento matemático:
oo + oo = oo
Traduzindo, infinito somado com infinito, infinito dá. O valor da vida humana é infinito! O valor de uma organização humana também é, portanto, igualmente infinito.
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