maior virtude, pináculo do Arco da Rua Augusta, Lisboa
Para que ao discurso
político democrático lhe seja conferida a adesão com a realidade que lhe falta
e que resulta do facto de ser feito em nome de uma teoria, de uma perspetiva,
de um modelo ou suportado por um grupo, em qualquer caso, feito no plural, a
ele lhe tem de ser acrescentada a dimensão singular, virtude maior sem a qual
as pessoas, de facto, acabam por não passar de números, de abstrações, de
realidades descartáveis.
Sem o por em causa, nem
aos grupos e muito menos às instituições, o discurso político democrático tem
de sair da escola em que se encontra, de há muito, enclausurado.
O discurso político tem de
se referenciar, ele mesmo, ao instituto soberano que é o cidadão comum.
Instituto soberano de
referência.
O indivíduo pode,
simbolicamente, deve mesmo, prevalecer sobre as instituições democráticas que,
sem que as ponha em causa, têm de o ter, sob pena de se desumanizarem cada vez
mais, como alvo e fim último.
E é esse caracter
simbólico, o do instituto singular e soberano de referência, que pode
salvaguardar esse desidrato.
O desidrato de que o
discurso político, sem tacticismos nem demagogias, sem disfuncionalidades tão
pouco, se dirige e visa resolver os problemas das pessoas concretas.
Já agora, também, só tendo
em vista o cumprimento desse desidrato é que se fecha o cume do arco em
pináculo que à República Democrática, como valia, plenamente a justifica e à
Monarquia Constitucional a complementa.
O tempo das revoluções,
entendidas como uso da violência para atingir os seus fins, no mundo
democrático, acabou.
Em nome próprio.
É em nome próprio e por
provas dadas que a Vós me dirijo.
Vós, o coletivo nós, o
institucional, o supranacional nós.
Olho para dentro e
projeto-me para o exterior.
Sem escamotear o eu, o meu
eu.
Conferindo-lhe dimensão
própria.
A dimensão que ao coletivo
lhe fornece enchimento, plausibilidade, salvaguardando sempre a equidistância
de todas as legítimas diferenças, das múltiplas singularidades singulares ou coletivas.
Sem renegar, tão pouco, as
minhas convicções embora frisando que são minhas e que, no respeito por todas
as outras, a elas tenho direito.
Num permanente,
sistemático esforço de convergência global.
Sublinhando o que nos une
e pesem embora todas as nossas salutares diferenças.
Num discurso declinado na
primeira pessoa do singular que em todas as outras se faz por rever.
Sem disfuncionalidades.
Num tempo de incontornável
globalização, com todos os riscos de desumanização que, consigo, transporta, o
sublinhar desta dimensão comum e singular torna-se tanto mais urgente quanto
coletivos e democráticos, candentes são todos os nossos anseios que, neste
quadro, se tornam mais expedita e efetivamente resolúveis ainda que possam
obrigar a maiores ou menores sacrifícios sendo que mais a mais, para muitos já
terá sido ultrapassado o razoável de todos os limites.
Tão expeditamente quanto a
urgência dos desafios que temos pela frente e que à nossa sobrevivência comum,
com qualidade, aquela que em décadas foi a pulso construída a fazem,
sobremaneira, perigar.
Como, aliás, se constata.
na inabalável fidelidade democrática
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Setembro de 2012
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