No texto anterior
sublinhei importantíssimo este como.
Se eu bater em alguém, no
meu futuro, esse ato de violência recairá, seja de que maneira for, sobre mim
próprio.
Às sociedades e por mais
livres e democráticas que elas o sejam, ainda hoje lhes são cobrados os passados
de violência que as moldaram, esse pecado
original que ao poder o constrange e que na sua génese, dela guarda a
desconfiança que para o poder, como usurpador, sempre o olha.
Nos meios, por isso, os
fins em si mesmos.
De como aja, de como cada
um de nós aja ou as sociedades no seu conjunto, assim o vislumbre de futuro que
se desenha e que no passado, suas raízes, se entronca.
A violência física ou
psicológica e tanto mais quanto gratuita o seja, nunca são gratuitas.
Elas lançam os germes que
se viram contra quem, com o poder irremediavelmente se identificando, o detém
ou pratica.
Ou praticou.
Sempre olhado como
usurpador, o poder não se consegue livrar dessa mácula que consigo e por mais
democráticas que as sociedades o sejam, transporta.
A Terra, esse cristal de quartzo que coabitamos,
refrata.
Refrata a luz em cor.
No espectro que o irradia
em planeta azul.
Miragem de todas as
miragens, lente liquefeita que, como poliédricos pequenos cristais, nos faz
emergir.
Refrata o espaço/tempo em
entidades distintas ao tempo o subdividindo em Passado, Presente e Futuro e ao
espaço lhe conferindo profundidade tridimensional.
Refrata a energia no que
se vê e ouve, em cor e em som a este último o divorciando do silêncio que,
residual se torna em íntima abstração.
Sim.
Vivemos mergulhados no som
já que tudo se move e, logo, o produz e ao silêncio que na música se expressa o
vamos sacar ao som das esferas.
Das exteriores e das mais
íntimas de nós mesmos.
Sendo ele predominante no
Universo.
Refração.
Refração que nós próprios
o somos qual bolha de água e de ar, envoltos em fina película aderente,
concentrada.
Como, de como tudo depende de tudo o mais.
De como aja.
De como as sociedades, no
seu conjunto, ajam.
De como livrar o poder
dessa mácula de violência já que, na globalização, na fragilização crescente
que esta acarreta, se torna imprescindível.
Ou imaginais o Globo
mergulhado no vazio de poder, em revolução permanente ou em guerra!?
De como ao poder o livrá-lo, na
crescente fragilização do habitat que
nos alberga e tanto mais quanto à luz da minha Hipótese encarada, dessa
desconfiança que, longe de, democrático
porque só o poderá ser, o potenciar galvanizando a Humanidade para lá de
credos, culturas e nações para as tarefas de verdadeira sobrevivência a que é
desafiada, sob pena de perder a qualidade de vida que, em partes crescentes do
Globo, já alcançou!?
Como!?
Como e tanto mais quanto preocupantes sinais se adensam que a mim,
salvaguardando a indispensável equidistância, trunfo esse que, por dever, não
posso deixar de deter, me leva a abster de os nomear quebrando o círculo de violência que a todos nos flagela.
Assim:
Agindo vis-à-vis o poder como parte entre
iguais que somos, o poder e cada um de nós no poder soberano que detemos,
individual e pacificamente, com toda a transparência e na resiliência que de há
muito, no meu agir, me caracteriza.
Permanecendo como eu
permaneço aprofundando, com toda a abertura, a Doutrina Política Geral para que
todas as particulares e democráticas se potenciem!
Em representação, repito,
meramente residual.
À imagem dos grandes
fautores de Paz no silêncio que a mim, aqui e por ora, me vou impor.
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 26 de Junho de 2012