Duy Huynh, sometimes time doesn’t fly
fast
Foram precisos três anos e
meio para que, no texto anterior, não só desvendasse mas ampliasse todo
o enfoque que desde que passei a escrever neste suporte, por fim a descoberto,
se havia escondido.
Sempre presente mas
escondido.
Passar do papel com
destinatários direcionados e a quem os meus textos, por correio postal e anos a
fio, eram dirigidos, numa materialidade que entretanto se perdeu, textos simbolicamente
públicos mas que aqui, nesta virtualidade, se passaram a dirigir a um público
indeterminado e muito mais vasto, tão vasto quanto aqueles que pelas
autoestradas da informação circulam, público esse de difícil caracterização
teve, na desmaterialização do suporte, o que se lhe diga.
Entre outras coisas
senti-me obrigado a criar lastro, conteúdos públicos suficientes que não
apenas me apresentassem, digamos assim mas que, de antemão e aplainando o
terreno pudessem avalizar os voos a que, de há muito, me predispus e lancei.
Se eu tivesse escrito
aquilo que no texto anterior escrevi logo a abrir este meu blogue, por
quem me tomaria quem, de chofre, a ele o lesse?
Mas esse é apenas um dos
lados da questão.
Escrever para um público e
tanto mais quanto indeterminado como este o é exige, não apenas que nos demos
ao respeito como, sobremaneira e o que é a mesma coisa, que lhe tenhamos
respeito.
Que interessam as
audiências se este duplo requisito não for preenchido?
O que neste meu blogue,
até hoje, escrevi já fala por si.
Independentemente do alvo,
para me dar à ousadia do que nos textos anteriores escrevi, tive de
criar massa crítica, ça veut dire:
Tive de fundamentar, publicamente
e por essa via demonstrar estar em condições de fazê-lo, isto é, de me
abalançar a tão altos voos como quem dissesse que se o não estou então que me
demonstrem o contrário, que o que escrevo não passa de um devaneio sem qualquer
sustentabilidade.
Demonstrem-mo não apenas
contraditando todos os conteúdos congruentes do que Vos vou expondo mas,
também, as qualidades que pela passagem do tempo, à medida do que Vos escrevo,
se vão destacando.
De que interessa um imenso
impacto instantâneo se ele não tiver lastro que o sustente?
De que interessa um fogo-fátuo
sem outras consequências?
Essas não são as razões
por que corro!
Corro por objetivos que me
transcendem:
Corro pelo aprofundamento
da Democracia que, se passa pelo singular, passa também pela singularidade aprofundada
do pensamento que não se compadece com a instantaneidade informativa em que,
por ela cilindrados e pese embora a sua crescente incontornabilidade, tendemos
a viver;
Corro pelo que de melhor,
dos pressupostos anteriores, para todos, do que faço e escrevo, exatamente pela
original aproximação que lhes confiro, globalmente possa advir;
Corro, at last but not least, pelas convicções
que me norteiam.
Corro …
Engajado, nesta maratona
interrogo-me quanto mais a minha corrida terá, nesta abnegação, de durar?
sou um corredor de fundo
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Junho de 2012
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