Jean-Michel Basquiat, sem título
Há quem, pelo simples
facto de eu escrever e como escrevo, se sinta, por mim, sonegado, isto é, ofuscado
ou encoberto pela sombra que lhe farei e pese embora a projeção que tenho.
Por hora, a ainda muito modesta
projeção que tenho.
Dirijo a esse quem as
minhas saudações e esse quem, sem dizer água vai e como se eu sofresse de
alguma contagiosa peçonha, some-se na estratosfera.
Desaparece da vista como
se lhe tivesse dirigido um insulto!
Há quem, perante o que eu
escreva, acione, de pronto, um permanente blackout
informativo.
Não interessa o que
escreva ou como escreva, não interessa, tão pouco, se do que escreva recolhe ou
não informação que para si toma como útil ou originalmente como sua, não
interessa, tão pouco, se o que escrevo é ou não digno de nota mas, sobre mim, logo
esse quem coloca uma rolha de silêncio como se o que tivesse escrito não
estivesse lá, aqui, melhor dizendo, exercendo essa prepotência quando não, pura
e simples, má educação com toda a desfaçatez.
Como se, na feira de
vaidades em que esse quem circula, o que eu escrevesse, sobre ele fizesse recair
o oblivion que o ofuscasse, fazendo
perigar a sua áurea.
Há quem ache que, no jogo
que joga, aquilo que conta é o seu lugar no tabuleiro partindo da imensa
insegurança que o tolhe e que as outras pedras, permanentemente, a si mesmo fizessem
perigar.
Fizessem ofuscar a sua
luminescência.
Esse, repito, é um quem permanentemente inseguro e
independentemente do seu peso ou posição no
xadrez.
Ai se alguém lhe retorque.
Ai se alguém o questiona.
Ai se alguém se atreve a
abordá-lo de igual para igual.
Ai se alguém … e por muito
que esse quem ostente pergaminhos
democráticos irrepreensíveis.
Há quem, gozando de posição
dominante, se encarregue de obliterar e por sistema o Outro, de fazer, pelo
esquecimento, a vida negra ao seu mais próximo.
Há quens assim.
Para esses quens a sua afirmação é a negação da
afirmação dos outros.
Para esses quens não importa se os não faço perigar
no que seja.
Para esses quens, basta que eu exista para que me
ignorem.
E como as inquisições já
se foram, há lá inquisição maior do
que fazer abater, sobre mim, um completo blackout
e tanto mais quanto exercido pela calada, sem provas nem danos físicos
mensuráveis que se lhes possam apontar.
Deixando, se necessário, a
pão e água esse seu próximo mas deles tão distante.
Há quem.
Pois há, mas aquilo com
que esse quem não contou foi com a
minha resiliência que me faz agir, surpreendentemente e neutralizando-o, quase roçando a
ingenuidade, pela inversa dele mesmo e mesmo em relação a ele próprio.
A minha resiliência nunca
fez parte dos seus cálculos meramente oportunistas, táticos, de ocasião.
Não sabe o que isso é na
exata medida dos princípios que não tem.
E também não contou com
outra coisa:
Esse quem não contou com o desenvolvimento exponencial destas
plataformas que aqui me fazem existir e projetar independentemente da sua
vontade e do seu querer.
Esse quem tem vistas curtas também e tanto mais curtas quanto a ausência
de princípios de que padece.
Esse é o seu erro fatal e
mesmo se a sua afirmação, estatuto ou razão de ser, por mim, nunca foi
questionada nem, tão pouco, posta em causa!
Há quem se ponha a coberto
das maiorias para asfixiar as minorias delas sendo expressão, em última
instância, o singular, como se a Democracia não fosse, na prossecução da
vontade das primeiras, a salvaguarda daquela das segundas sem as quais ela
ficaria irremediavelmente amputada e comprometida.
sem qualquer conspirativite, os resquícios inquisitoriais
do presente jogam no esquecimento
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Junho de 2012
3 comentários:
os blogues são espaços democráticos
escrevemos o que queremos
comentamos ou não
obscurantismo cura-se com indiferença, não dou importância a isso
e acho que este texto pode ser confuso para quem o lê
MANUELA BAPTISTA
Antes de mais, obrigado pelas tuas observações que me permitem ou alertam para a nota que o teu reparo me sugere escrever:
Neste texto escrevo em tese e não me reporto a nenhuma situação em particular embora, no meu percurso, com muitos quens destes me tenha e me continue a cruzar sem que neles inclua quem quer que me leia ou comente.
Quens.
Sei da intencional e rude semelhança fonética deste com outro termo de diferente significado.
E porque, como escreves, estes são ou deveriam ser espaços democráticos, achei ter chegado o tempo de sobre esses quens, fonte de obscurantismo que o são, discorrer.
Tens razão:
O obscurantismo merece o nosso inteiro repúdio o que não significa que a ele fiquemos indiferentes e por não o ficarmos tal não significa que lhe dêmos mais do que a importância que merece.
Obrigado
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Junho de 2012
Sr. Jaime está zangado?
Escreva um lindo soneto, para ficarmos todos felizes por si.
Aguardamos a música das suas palavras, com requintado dobador ardente.
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