O tempo presente é o
resultado da conjugação das coordenadas Passado e Futuro.
A bem dizer, o Presente
não existe, mal passa foi-se.
Passado e Futuro esses
estão sempre bem presentes, não gozam de nenhuma rigidez e de como os olhemos alteram,
condicionam o tempo que passa:
Conforme os olhemos no
sentido que lhes atribuamos como não, assim o momento presente converge ou não
numa determinada direção.
Se eu vir ou não poder deixar de ver o meu passado
como fechado ou o meu futuro como pré-definido ou determinado, então, o meu
presente é, ele também, definitivo.
Se, pelo contrário, para
eles, Passado e Futuro, os olhar como não definitivos, interativos com o meu
livre arbítrio, com a minha capacidade de decisão, comigo próprio ou com a
minha Liberdade, assim eles movem-se e se ajustam, adquirem outra e maleável
profundidade.
Isto dentro de parâmetros
de relatividade e nunca se a esses parâmetros, caindo no relativismo absoluto,
os não tivermos em linha de conta.
Explico-me melhor:
Não se pode fazer tábua
rasa da História, seja ela individual ou coletiva mas conforme a interpretemos
assim também o que será virá ou não a ser assim e mesmo se independentemente do
nosso tempo de vida útil ou, pura e simplesmente, de vida.
No que toca ao Passado,
não será difícil admitir que assim seja mas quanto ao Futuro, aí, as coisas
poderão fiar mais fino.
Eu sou o Futuro do Passado
e tu também o és.
Então por que é que não
evoluímos todos num mesmo sentido?
Se o Passado tem muitos
passados, tantos quantos aqueles que somos o Futuro, esse também, por quantos
somos tantos mais os serão.
E ele, o Futuro, é parte
da malha que nos envolve e que vai do
Passado ao Futuro.
Conforme o Passado em
interação com cada um de nós assim o somatório dos futuros que no Futuro se
espelha.
Dinâmico, tão dinâmico e
interativo quanto o Passado.
Eu vejo um futuro aberto e
tudo faço para que assim seja e ele abrir-se-á.
Tu vês um futuro fechado e
nada fazes ou nada julgas poder fazer para que o contraries e ele fechar-se-á
sobre ti próprio.
Ambos, Passado e Futuro,
estão bem presentes, diria mesmo que são o momento presente.
Estão connosco quer nos
vestígios materiais como imateriais do Passado sempre por redescobrir quer nos
desejos, objetivos, anseios de Futuro.
No que a este último lhe concerne
a Arte tem dele, do Futuro, um especial condão de adivinhação ou premonição.
Do Passado, aos seus
vestígios também os tem e não poderia deixar de ser assim já que ela o
transporta ou catapulta para o Futuro.
Da Arte pode-se então
dizer que transporta consigo vestígios do Passado como do Futuro
Não há, aliás, Futuro sem
Passado e o contrário também o poderá ser dito.
Vivemos como se numa
miragem.
E o que essa miragem nos
diz é que só vemos, só vivemos aquilo que quisermos, podermos ver e só vemos se
estivermos em condições, fizermos por o ver.
E como, importantíssimo este como, o vemos!
Se no meu Passado eu não
visse sinais de Futuro, o meu presente seria completamente sufocante.
Mas como em ambos a
ambos, nos sinais de abertura que consigo transportam, os vejo, o meu presente
e logo neste meu texto que aqui se conclui, respira e liberta-me.
o Presente é o Passado do Futuro
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Junho de 2012
1 comentário:
a arte e Proust
em busca do oxigénio e da serenidade
pois se vês, vais
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