Fala-se muito, às vezes
mesmo demasiado levianamente, de crescimento como se este fosse a panaceia para
todos os nossos males ou para os constrangimentos globais.
Será que podemos
continuar, globalmente, a crescer como, durante todos os séculos XIX e XX e para
lá deles, até aqui, exponencialmente, aconteceu?
Será que o Mundo, o
ecossistema global, está em condições de aguentar uma tal pressão?
Será que, não o planeta mas
nós, Humanidade, sujeita a uma tal pressão que o imparável crescimento se induz
mais induziria, estaríamos em condições de lhe resistir e, sobretudo, com a
qualidade de vida que, em vastas zonas do globo, já alcançámos?
Crescimento ou
desenvolvimento?
Crescimento.
Que crescimento?
A degradação ambiental.
As alterações climáticas.
A escassez de água.
A pressão demográfica.
As novas vagas de
refugiados provocadas por todas elas mais as sucessivas hecatombes, guerras
incluídas, que lhes estão associadas.
A eventual validação de uma hipótese que, de há muito, equacionei e à luz da qual, todos estes
fenómenos adquirem, não apenas outra plausibilidade, mas outra amplificação e urgência
na sua decisiva quanto global abordagem?
E a Democracia, resistirá
ela a tudo isso?
Democracia.
Quando falo, escrevo sobre
a Democracia que não por acaso sublinho com maiúscula, refiro-me à democracia
representativa e ao Estado de Direito sem o qual a primeira soçobraria,
associada àquela que, participativa, a enriquece e melhor a valida sem a por em
causa.
Estará ela e com ela a inegável
qualidade de vida que consigo transporta, ameaçada?
Que inesperadas e
incontroláveis convulsões, revoluções não estaremos, por falta de enfoque ou
por, obstinadamente, se olhar a assobiar para o lado, a atear?
Revoluções.
O século XX foi delas
fértil e com que terríveis consequências.
Ainda hoje delas estamos a
pagar pesadas faturas.
O que aconteceria na
ressaca de uma revolução que, pelo seu alastramento, se tornasse global?
Então!?
Como?
Como harmonizar, à luz da Democracia,
tudo o que para trás, sistematicamente, tenho vindo, aqui como ao longo dos anos,
a equacionar compatibilizando interesses individuais e coletivos, nacionais,
regionais e globais com o anseio legítimo de crescimento?
De um outro crescimento?
Afinal, que desenvolvimento?
Sobra o aprofundamento da
própria Democracia nas vertentes delimitadas atrás fazendo do Mundo um só por
no um se ter de rever, já que ela não faz
sentido sem o enfoque no singular e sem que este, à Democracia, num
compromisso de honra e a ele amarrado que
de há muito firmei, em suporte de papel e por mão própria, acrescido de toda a
produção de prova que todos os meus textos constituem, sem em nada a beliscar,
muito antes pelo contrário, reforçando-a.
Remate ou criação de uma
câmara de ressonância do edifício democrático global no constituinte um,
cidadão que, no topo dos traços fundadores da própria Democracia e que, por
isso mesmo, nas soberanias se revê, num poderoso impulso que, por provas dadas
no tempo e que sejam transparentes, avaliáveis portanto, não apenas contribua para
a concertação global na preservação dos seus alicerces, repito, como conduza ao
reforço de todo esse edifício tão laboriosamente construído.
Contribuindo assim,
decididamente, para a criação de um Novo Paradigma, paradigma de
desenvolvimento sem o qual tudo o que aqui foi enunciado pode desmoronar como
um castelo de cartas de consequências imprevisíveis.
Abrindo as portas a um
outro tipo de crescimento, de desenvolvimento e nos seus índices humanos muito em particular, sem os afetar que,
esses sim, ao abrigo dos sobressaltos que sucessivamente nos assaltam seja
sustentável e, por isso mesmo, democrático e duradouro.
no um, no cidadão o zero, o institucional, o global portanto
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Maio de 2012
2 comentários:
Considero que este texto é o mais inteligente aqui escrito nos ultimos tempos.
Muito inteligente.
Apela como um convite para a defesa da Democracia e do Estado de Direito.
Apela para a defesa dos interesses individuais e colectivos baseado num quase compromisso de honra.
Brilhante!
Será essa a panaceia?
Ou a urgência levará a hecatombe, e a convulções, pela tomada de uma decisão colectiva, inflamada e pouco reflectida?
A Democracia representativa, foi algo conseguido e um bem adquirido, que dificilmente se derrubará.
Porque a pacificação de todos os elementos activos neste estado democrático, conjugam-se para um todo integral de bem estar social.
Contudo não concordo, quando afirma com a validação de uma hipótese, "que a Terra de um ser vivo passava a ser um planeta morto, morto mas sobrevivente."
Discordo completamente.
Já reparou no valor da Terra?
Já reparou na sua capacidade de regeneração?
Já reparou, que após o abate de muitas árvores e depois das queimadas, surge sempre novas vidas e muitas vezes mais exuberantes do que as primeiras existentes?
Quando a Terra se ergue é emblemáticamente mais bela e interessante.
Talvez porque tenha a devida protecção.
Será a protecção divina?
Reside a questão!
Mas a defesa da Democracía e do Estado de Direito, tem que ser mantido, concordo.
Tanto no espaco como no tempo, mas sem qualquer intervenção activa do homem em ambientes muitas vezes estupidamente cooperativos.
Nunca se esqueça que o homem é um ser solitário. E dificilmente se consegue a verdadeira coesão do grupo, seja ela parcial ou total.
Digo-lhe sr.Jaime, é muitas vezes na hecatombe que o homem descobre a sua solidão.
O homem como ser individual, e com uma postura de coragem e de honra poderá dar o seu inefável contributo para todo este bem estar social e global.
Calma, o Estado de Direito e a Democracia,adquirida não se perde facilmente.
Uma vez mais lhe digo releve, deixe fluir.
Sem medos, sem receios, sem convocações do colectivo.
Somos um país pacificado e assim vamos continuar a ser.
Movimentar as águas, provoca as ondas.
Estamos num país calmo, muito calmo e assim se vai manter, porque serenidade é o primeiro passo para a verdadeira felicidade.
Deixe fluir.
Talvez me ausente de comentar aqui por uns tempos, mas gostaria que tivesse conhecimentos que são sempre muito interessantes, as suas propostas de debate.
Nasce a Luz na reflexão!
desenvolvimento sustentável,
é este o conceito que aqui leio
dá muito trabalho,
não se compadece com ambições políticas de homenzinhos cinzentos, com a injustiça na distribuição da riqueza, com a avareza económica
será esse o caminho, do nada fazer um
Enviar um comentário