1+0= 1 0+1= 1
1-0= 1 0-1= -1
1x0= 0 0x1= 0
1/0= não é possível dividir 0/1=
0
Olhemos para o quadro
acima em que zero e um são fatores das operações nele representadas e interpretemo-las
à luz dos resultados.
Na coluna da esquerda:
Tanto na adição como na subtração
o zero aparece como elemento neutro e o resultado de ambas, absorvente, é a
unidade, o um;
Na multiplicação, o
resultado é o absorvente zero;
Já na divisão, a unidade é
indivisível por zero.
Na coluna da direita:
Aqui, também, na adição, à
neutralidade do fator zero, impõe-se-lhe a unidade, o um.
Na subtração do zero pelo um,
porém, abre-se a porta à numeração negativa;
E nas operações de
multiplicação como de divisão, uma vez mais absorvente, é o zero que se impõe à
neutralidade do fator um, a unidade.
Daqui, simbolicamente,
extrapolemos:
O zero ou abstração que
abre a porta à numeração inteira, a superestrutura, o institucional;
O um ou o concreto da
numeração natural, a unidade ou o indivíduo singular, a cidadã ou o cidadão
individualmente considerados.
Registaria como primeiro
ponto a sublinhar que o indivíduo singular é indivisível pela superestrutura,
pelo institucional.
Que somados ou subtraídos
e apenas com a exceção da subtração do zero pelo um, prevalece sempre,
absorvente, a unidade, o indivíduo singular sobre o institucional.
Que ao institucional,
subtraída que lhe seja a unidade, a cidadã ou o cidadão individualmente
considerados, se abre a porta à numeração negativa.
E que, nas restantes
operações e independentemente da ordem dos fatores, absorvente, o institucional
se lhes impõe.
Há nos resultados
elencados uma aparente simetria, a absorvência, como lhe chamo, do um nas
operações de adicionar ou de subtrair por um lado e a absorvência do zero nas
de multiplicar ou de dividir por outro lado, apenas com duas exceções que,
diria, são também simétricas entre si.
Assim:
Uma, aquela em que o
resultado da subtração dá lugar à numeração negativa ( 0-1= -1 ), o outro lado
do espelho e a outra, aquela em que o resultado da divisão não se pode apurar
porque a operação não é possível realizar ( 1/0 ).
Daqui concluo:
A unidade não deve mas
pode subtrair-se ao institucional;
O institucional não pode
dividir a unidade.
Nestas observações da mais
elementar aritmética não podia sobressair mais clarividente a essência da ideia
democrática.
Da ideia democrática,
sublinho-o uma vez mais:
O institucional ( o zero )
está impedido de dividir a unidade, o indivíduo, a cidadã ou o cidadão
individualmente considerados, indivisíveis que o são ao encontro, aliás, da
carta dos direitos humanos fundamentais mas o cidadão, a unidade, o indivíduo
singular pode, embora o não deva, ao primeiro subtrair-se-lhe dando origem à
numeração negativa no espelho que o institucional do primeiro, da unidade é ou
deveria ser.
Quebrada que seja a
simetria, a proximidade, a igualdade à imagem da qual o Estado Democrático foi
a pulso erguido, consigo se estilhaça, numa matemática anti natura, a ideia
democrática.
1 = 0.
Um e zero não são uma e a
mesma coisa mas são feitos à imagem um do outro.
Não o indivíduo à imagem
do Estado mas este último à imagem do primeiro que não devendo sempre se lhe
pode subtrair, repito ou, pelo menos, ter a última palavra.
Em tese podíamos passar
sem Estado mas este não podia passar sem cada um de nós nem hoje nós sem o
Estado e ele existe porque é ou deveria ser o somatório de todos nós.
Historicamente, porém, na
sua génese, o Estado impôs-se como usurpador ao indivíduo e, ainda hoje,
sobreleva a desconfiança que, pese embora a democratização crescente, entre si,
inquinados os relaciona e tanto mais quanto a crise se agudiza.
Mas no dia em que o um,
com toda a evidência, no zero se poder rever, ultrapassado pacificamente o
rubicão que assimetricamente os tem vindo histórica e inevitavelmente a
aproximar, essa relação de desconfiança, poderoso
enguiço, será quebrada com resultados matemáticos e, por isso também,
económicos exponenciais ainda hoje, positiva e ainda que pela negativa,
difíceis de antever.
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Maio de 2012
2 comentários:
grande empresa esta!
mais facilmente entendo o violoncelo
Jaime,
Desculpe não ler hoje o post, tive a filha hospitalizada longe de casa e estou a acompanhar. Só para dizer que ainda estou viva.
Voltarei breve.
Beijinhos
Enviar um comentário