de um cartaz
alusivo ao Dia Internacional da Mulher, Jornadas
do Parlamento Europeu, 8 de Março de 2012
Se, é certo, zelo e mesmo ou por maioria de razão se sendo crente,
pela separação entre a Igreja e o Estado como da minha produção se poderá
constatar, quererá tal facto dizer que sagrado e profano são estanques entre
si?
Que tudo, no universo, não
se religa com tudo ou é interdependente?
Que não dependemos uns dos
outros?
Nem de propósito, na
página anterior, De 25 ao Dia 1 e por
ocasião da celebração de um feriado laico ou civil como o é o 1º de Maio, ao poema que a constitui aduzi-lhe
uma citação do Evangelho do Domingo que o precedeu, do dia 29 de Abril e que
aqui, ousadamente, quer partindo de uma perspetiva laica como religiosa, retomo
e decidi, de novo, invocar, a saber:
Abordemos a sua
oportunidade de uma perspetiva estritamente histórica recuando, para tal
efeito, dois milénios:
No microcosmos
etnocêntrico e tanto mais quanto sob ocupação do Império em que se desenrola a vida de Cristo, etnocentrismo esse do qual, ainda nos nossos dias, essa
região permanece refém, a que outras ovelhas se poderia Ele,
literalmente, estar a referir?
Outros povos?
Talvez aqui o grande e paradoxal equívoco das cruzadas …
No microcosmos fechado,
repito e longínquo da globalização, em que a Sua vida se desenrola, não me
parece!
Numa sociedade
profundamente paternalista, de intérpretes quase exclusivamente masculinos a
quem Ele, sobremaneira, se dirigia e nem de outra maneira, à luz do contexto
histórico, o poderia ter sido, pesem como pesaram as exceções então heréticas e logo a começar por aquela da Sua
própria conceção que, à época, no
feminino, à luz da doutrina, são invocados, o seu redil, por quem poderia ser,
senão por homens, constituído?
E se, de então para cá,
observarmos a evolução histórica, com que acuidade maior, na desigualdade que
nas sociedades mais desenvolvidas, ainda hoje, separa os géneros, não
sobrelevam, no seu seio, essas ovelhas tresmalhadas,
mal quistas e mal-amadas que, até certo ponto, continuam a ser as mulheres?
Para mais na ambiguidade
que, ainda hoje, num mundo, hoje sim, globalizado, em relação a elas a Igreja
conserva?
Logo não as admitindo,
plenamente, na hierarquia ou a sociedade, no seu todo, impedindo-as objetivamente
de aceder a redutos que permanecem exclusivamente masculinos?
Por que carga de água!?
Eu não sou nada de
leituras ou interpretações literais dos Textos mas, certo é que os contextos
históricos em que os mesmos se desenrolam, na
sua relatividade e não confundamos esta com relativismo, não podem ser
obliterados e sobre esses vai-se tendo um conhecimento crescente até por
testemunharmos a desigualdade que, ainda hoje, entre mulheres e homens, pesem
embora todos os progressos conseguidos e, voilá,
paradoxalmente ou talvez não, coincidentes, em grande medida, com o mundo
formatado à luz do cristianismo, teima, contudo, em persistir.
Ele há ambiguidades …!
Há ambiguidades que pesem
todos os tacticismos que as poderão, cada vez menos, justificar e mesmo quando
se tratando de uma instituição milenar como o é a Igreja ou por maioria de
razão, na vertigem acelerada da História a que assistimos, num turning point incontornável, cada vez
mais, nos interpelam e até ou sobremaneira no que toca ao revitalizar da Mensagem
que a não ser decididamente assumido, a vai depauperando da sua imensa
atualidade ou da sua acrescida universalidade.
E tanto mais quanto, à
época, partindo Ela de um microcosmos tão etnocêntrico!
No contexto de crise em
que vivemos levantar, uma vez mais e quantas o forem necessário, a bandeira de
para trabalho igual, salário igual não
contém, em si mesma, nenhuma heresia e, muito menos, irrealismo.
Ela não significa,
necessariamente, aumento de salários antes a sua equiparação entre os géneros.
É, tão só, razão de
elementar justiça no caminho que tarda em realizar-se, em preencher-se
plenamente.
Dividido, aliás, o
trabalho, ele também, nunca poderá ter a força que desejavelmente mereceria ou
importaria que tivesse!
o sagrado é o eterno do profano
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Maio de 2012
4 comentários:
é uma leitura que deita abaixo o paradigma masculino dominante
eu pessoalmente acho que o evangelho se refere aos não crentes e ao desejo de haver um só pastor e um só rebanho
mas
antes este redil católico, do que uma enorme pradaria fundamentalista nos países mulçumanos, pelo menos para mim, moi, je
MANUELA BAPTISTA
Minha Querida,
Talvez ensaio do que se seguirá:
Fundamentalismo é fundamentalismo e a esse, sem o especificar porque os há de todas as naturezas, dispensamo-lo bem!
Quanto às interpretações que das leituras se façam:
Pessoalmente, sublinhas bem!
Aí a riqueza da Mensagem que a muitas leituras as permite, à tua como à minha também.
Como melhor sublinhas a preferência que por este redil tens ou não foras tu, não apenas católica mas, pesem as desigualdades ainda patentes, mulher!
O que remete para o equívoco das cruzadas e que neste texto, de passagem, refiro ou para a tentação de vermos no Outro ou nas outras culturas o mal que a nós mesmos ou à nossa a dilaceram e que numa fuga em frente do Outro, estando em nós, somos levados a querer extirpar e mesmo se de crentes se tratarem embora na nossa religião não se revendo ...
Ao tempo das cruzadas a cultura muçulmana florescia!
Ainda hoje estamos a pagar a fatura do nosso próprio fundamentalismo, avesso à mensagem de tolerância de Cristo, sua matriz axial:
Revisita-te a ti mesmo e não apontes o dedo ao Outro, diria.
A ti mesmo, individualmente considerado ou na cultura em que te integras e nesta, repito, há época, as mulheres, essas sim, eram ovelhas completamente tresmalhadas.
Tresmalhado ou que está separado dos outros como pelos séculos fora e ainda hoje se verifica!
E ainda que, subliminarmente, porque a mensagem está lá e pesem todas as interpretações, porque linhas tortas a História não se faz (!), tendencialmente, por avanços e recuos, se vá caminhando para um estatuto de igualdade.
E não apenas entre nós!
Mas entre nós, a prevalência da ambiguidade de que escrevo é um perigoso impasse que à regressão pode conduzir:
Regressão social e ao tresmalhar do próprio rebanho!
Obrigado pela deixa que me deste
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Maio de 2012
E a preferência deste redil, que segue um pastor do Bem.
Igualdade, igualdade, nem a todos convêm.
E aos fundamentalistas, que não tresmalhem o rebanho, perdiam a irmandade e a igualdade que em todos eles contêm.
Se da reflexão nasce a Luz, vejamos...
À luz do contexto histórico, muitos ficaram reféns.
Assim sendo corroboro o "grande e parodoxal equívoco das cruzadas."
Foi efémero.
E na luz da doutrina e no redil por alguns homens constituido,as mulheres limitam-se à função da maternidade.
Mal amadas?
Releve, releve, revitalize a ideia.
Mal amados?
Que na Mensagem, não exista a resiliência das palavras emparedadas.
Porque as mulheres (e como mulher que sou), são detentoras de qualidades excepcionais, que é urgente revitalizar.
Exorcizemos a retórica pastoral da Igreja e de alguns homens, que por Medo das mulheres, as votaram injustamente à fogueira e engrossaram as bibliotecas com o literário pífio, difamando-as, conspurcando, obscurecendo o seu real valor.
São hoje as mulheres que viram as costas e já podem proferir a palavra Não, mais não, já chega, já basta!Ou a palavra sim!
É um mamífero primata fêmea,muito sagaz e inteligente, que é mãe e é filha.
Homem/Mulher = uniaxial.
Diclinismo?
Talvez!
O sagrado é o eterno do profano, sim é verdade.
Vamos procurar mais igualdade e não deixar tresmalhar o rebanho.
Porque sendo todos filhos de Deus, somos todos irmãos, mas nem sempre a irmandade se mantêm unida.
Medos?
Talvez, porque entre a opção de um cobarde vivo ou um herói morto, é sempre a estúpida opção da vida.
Como disse e muito Bem as mulheres ERAM, ovelhas tresmalhadas, ERAM...
Estamos a melhorar e aprimorar a nossa "casta".
Obrigado por nos ter(às mulheres) num bom conceito.
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