Quando morre um artista é
como se um rio fosse privado da sua foz e da nascente.
O rio continua a correr
mas não corre da mesma maneira.
Priva-se dos sais minerais
da sua circulação subterrânea e da salinidade do mar.
Do sal.
Não fossem outros artistas
perpetuarem-no e parada, a água, putrefazia-se.
Quando morre um artista
vai-se, com ele, a dimensão que na sua obra, do mundo, no que está ao seu
alcance faz por perpetuar.
O que está ao seu alcance
fazer perpetuar é a sua razão de viver.
A sua luta incansável, a
sua razão de ser.
No que toca, pinta, escreve
o artista, na ansiedade de partilhar o que vê, ou ouve ou sente, não tem tempo
suficiente ou o tempo que tem é todo o tempo que lhe resta e quando morre …
… não fossem outros
artistas perpetuarem-no e o tempo, sem eternidade, morria connosco.
Quando morre um artista,
na eternidade que legou, acresce a imortalidade.
Desde que o artista seja
perpetuado.
Enquanto vive, porém,
nunca é devidamente reconhecido.
Assim o sente, assim o
sabe e, por isso, não descansa.
Mas quando morre, porém,
perpetuado que o seja, renasce em todo o seu esplendor.
Quando morre um artista,
feito de nós sendo todos, na noite que em nós mergulha, no seu silêncio
morremos um pouco.
Mas, pela mão de todos os
artistas que o perpetuem, renascemos, alvorecemos também.
Mais pobres mas também
mais ricos.
Perpetuado e ai se o não
fosse, com ele, em nós o levamos para sempre.
O artista é um sol que
gira.
na pessoa de Bernardo Sassetti,
a todos os artistas quando morrem
( arrastado de mb )
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Maio de 2012
4 comentários:
YOU TUBE:
"Alice é um marco importante na forma como olho agora para a composição musical."
Bernardo Sassetti
"Quando morre um artista, na eternidade que legou, acresce a imortalidade."
Cabe-nos perpetuá-lo.
Obrigada por este maravilhoso post.
Beijinho
Ná
assim será!
bonito o sol destas palavras
Tive tanto prazer em ler o seu post. Delicado lamento pela morte do Bernardo.
Músico que eu admirava. Pessoa que muito estimava.
Um abraço
Isabel
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