Gertrud Richter, 1917
Tirando essa doença
pública inenarrável a que chamaria futebolite
que sequestra, monoliticamente, canais públicos e privados de informação e para
lá das catástrofes humanas e naturais que estão sempre a acontecer para as
quais, por saturação, há um limite de receção, a velocidade a que se processa a
informação e na ausência de investigação jornalística que se preze é de tal
ordem que a partir da especulação ou da não notícia, ela própria, quantas
vezes, cria a informação.
Excetuando, portanto, as
catástrofes referidas, a informação corre o sério risco de se transformar em
pseudoinformação, em si mesma o inexistente facto que se pretenderia noticiar.
Quanto aos critérios que
permitem classificar um facto digno de ser noticiado, na matriz informativa,
por natureza quando não por deformação, não isenta e desconfiada a que não é
alheio aquilo a que chamaria o síndroma Watergate
hoje, ainda, prevalecente, há clichés ou estereótipos de que se parte cuja
assertividade, no entanto, me permito questionar a saber, o poder inerente a
esse facto:
Poder económico, poder
financeiro, poder circense, poder das
ruas ou das corporações, poder da fama, poder político e à volta deles, sempre
à volta de quaisquer desses poderes que se tomariam como decisivos e desde
sempre adquiridos sem lhes ir à sua própria génese, parte-se desses clichés e
está tudo dito:
Sendo qual seja cada um
desses poderes, em si mesmos e pelo facto de o serem, potenciam-se em notícia.
Assim, a informação,
melhor, o espetáculo degradante da pseudoinformação prevalecente, numa luta sem
quartel e tanto maior quanto mais as redes informáticas se alastram e se impõem
corre célere, a mais das vezes, critério supremo para fazer circular a dita
informação, pelos piores motivos neles incluídos o empolamento que sempre lhe
merecem fenómenos xenófobos e populistas de toda a casta ajudando-os, não
intencional mas objetivamente, a singrar.
São eles, esses piores
motivos e como já escrevi antes que fazem, por regra, a notícia.
A pseudoinformação ou o
filtro (i)mediát(o)ico, o cinzentismo de que falo e que nos atola, esquece-se,
porém, de um poder muito simples que à própria informação, implicitamente e por
definição, lhe preside:
Que poder ela não tem e
tanto mais quanto, sem baias nelas incluídas aquelas da concorrência
desenfreada que à pseudoinformação a norteia, em liberdade que se desejaria
plena!
E esse poder parte do
nada, do quase nada que provém de quem a profere ou da vibração musical que a
própria palavra emite, de quem a escreve ou diz ou do nada irrelevante, que
poder o não terá, do que por ela, tendo sido feito, feito está.
Esse poder como giz
ao apagador o desdiz
O apagador é, aqui, o rolo
compressor imediato do mediático onde à esperança que a mesma quer dizer
confiança, com constrangedora parcialidade, não lhe é concedida qualquer
soberania.
este meu texto publico-o na sequência de dias e dias,
semanas a fio em que para lá das eventuais catástrofes enunciadas acima e da
especulação desenfreada em busca de notícias, na ausência de investigação
jornalística digna desse nome, nada mais terá acontecido, sinal de que, quiçá,
muito haveria para contar como, por exemplo, a realização deste concerto
digno de todas as parangonas mas que passou, pratica e intencionalmente, contra
propagandisticamente desapercebido
PERGUNTA DO PAPA
E RESPOSTA DA
EUROPA ( MINHA )
- Contorcendo-me e recriminando-me, persisto em virar as costas a mim
mesma! -
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 11 de Maio de 2016