domingo, 23 de setembro de 2018

O SILÊNCIO E A PALAVRA














quem firme se mantém com toda a resiliência e sem desfalecer durante trinta anos, faltará pouco para se completarem, com o silêncio aprendendo a conviver na equidistância e na oportunidade dos factos e pela palavra escrita, não menos silenciosa quanto reflexiva, desta feita, se afirma, está em muito boas ou excelentes condições de à Paz a estabelecer e de no público silêncio, sem oralizar, portanto, se aguentar ao bulício dos intempestivos dias

eis o que mais falta faz

sem ceder à tentação dos soundbites tão conformes às redes sociais e do púlpito ou do microfone que são uma e a mesma coisa e, não menos, trampolins de demagogos e de populistas, assim como eu haja quem nessa postura cultivada ao longo de décadas, com toda a resiliência, repito, permaneça sem cessar

valorizando o que tão desvalorizado está:

o silêncio sem o qual não há música, apenas o ruído que é fonte de todos os impasses, dissabores, disrupções e rupturas

o silêncio gerador de Harmonia escrita com maiúscula ou entendida na sua mais lata aceção, isto é, para lá de toda a necessária quanto democrática dissonância





1, 2



no silêncio toda a música e a palavra






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Setembro de 2018





quarta-feira, 19 de setembro de 2018

PALAVRA, POLÍTICA, INFORMAÇÃO E CASUÍSTICA





Bernard Simunovic, Balance







Política escrita com maiúscula é a palavra prenhe do seu profundo sentido prospetivo

informação é o que permite o escrutínio, entre outros, da Política

casuística remete para casos, o conjunto daqueles que permitem escrutinar

em todas três, a palavra comanda e em nome da Democracia, todas três, na certeza da ilicitude de quantos casos, têm o seu mais que legítimo lugar, dela mesma e da realidade definidores mas quando a pressão casuística do imediato se impõe e sobreleva, é o que acontece hoje em dia e independentemente dos ciclos eleitorais e já para não falar, como lhe chamam, na cultura do boneco omnipresente, entre as três gera-se uma perigosa subversão em que à política, não menos pela palavra, se esvazia ou escamoteia da sua completa e profunda função prospetiva

aí e despida da sua mais nobre razão de ser sem a qual não há futuro, sem Política = Palavra não há futuro, enredada em casos sobre casos, sempre inesgotáveis casos à política a desarmando quanto depauperando, a palavra fica refém do imediato e, por sua via, de toda a sorte de demagogias e de populismos

à palavra, então, há que lhe repor toda a sua inteira soberania sob pena da Democracia, colocada sob cerco e autofagicamente, enredada se emaranhar perdendo o norte, o equilíbrio, correndo o risco de se esvair

no seu pleno sentido, a Palavra = Política com maiúsculas, sublinho agora na inversa, é Caso de força maior e em particular da saúde democrática, logo, do bem sucedido combate ao terror, às xenofobias e às alterações climáticas














Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Setembro de 2018