quarta-feira, 29 de junho de 2011

HÁ UM LUGAR POR PREENCHER


a democracia só pode ser aprofundada confiando nela e eu nela confio

Há um lugar Político que se encontra, descobre, que não depende tanto de maiorias como de minorias, ele é, absolutamente, minoritário, singular, lugar esse cujo preenchimento, ele está por preencher cumpridos que sejam certos requisitos (!), apenas de quem o saiba criar e dele estar à altura depende.
Apenas é um favor …!
Na acção política que o candidato a esse lugar venha a prosseguir, resumem-se esses requisitos:
Ao integral respeito pela Democracia o que implica a valorização e a salvaguarda, sem beliscadura, da democracia representativa e do Estado de Direito;
À salvaguarda da equidistância sem a qual, esse lugar, não acrescenta nada de novo;
À criação dos fundamentos, tão globais e estratégicos quanto o possível, que a esse lugar, o candidato venha a desenvolver e o justifiquem de vir a preencher.
Aos requisitos somam-se as qualidades que, como os requisitos, apenas no tempo, no exercício sistemático da não violência, se tornam possíveis de aferir:
Constância;
Persistência;
Resiliência …
Eis apenas algumas delas das quais, apenas o tempo, repito, se torna seu exigente avalizador!
Vós, cada um de Vós que me seguis neste meu blogue tendes deles, desses requisitos e qualidades uma panorâmica muito abrangente embora eu não pare de Vos alertar tratar-se este, o meu blogue, apenas a parte mais visível de uma acção Política que, embora sempre pública e registada mas iniciada com outra discrição, se desenvolve de há mais de vinte e dois anos a esta parte.
Aos meus interlocutores, será bom de frisar, nunca lhes faltei ao respeito nem fui tomado pela intolerância nem me deixei toldar pela impaciência.
Paguei, é certo, um preço muito elevado quer pela minha frontalidade desabrida como pela ousadia em que persisto como persistirei, não desisti nem arrepiei caminho, dei provas da minha imensa flexibilidade e da capacidade de ajustamento ao fluir do tempo mas, no seu todo, a minha estratégia conserva toda a sua actualidade prospectiva …
Por maioria de razão, a sua imensa pertinência!
Sem querer ser catastrofista nem messiânico, atitudes que nunca cultivei e que, ao longo deste meu blogue logo se comprovam, há, no entanto, um lugar por preencher e que a não ser preenchido, o que não está nas minhas mãos (!), deitará a perder o aprofundamento da Democracia sem o qual esta se fragilizará no todo global, com custos de consequências cada vez mais imponderáveis como os tempos, aliás, o vão demonstrando!



matérias como os tráficos, o terror, a corrupção, a imponderabilidade económico-financeira ou a sustentabilidade democrática e ambiental ou são atacados política, global e concertadamente de cima para baixo ou, encarados como manta de retalhos, não o serão com efectividade






Jaime Latino Ferreira
Estoril, 29 de Junho de 2011




segunda-feira, 27 de junho de 2011

AOS POLÍTICOS DEMOCRÁTICOS DO MUNDO INTEIRO


A Vós me dirijo interpelando-Vos a que olhais para aqui!
Para aqui, para este meu blogue e já para não falar em tudo, o muito que o antecede e que corrobora, como não o poderia corroborar (!?), a tudo o que em manifesto, agora, Vos dirijo:
O Mundo patina, patina numa deriva económico/financeira que ameaça globalmente as próprias instituições democráticas.
Não apenas as daqueles países que, na linha da frente ou ditos periféricos se afogam na crise das suas próprias dívidas soberanas quando não em revoluções democráticas nunca antes vistas mas a de todos os que, por arrasto ou por contágio, como não poderiam deixar de ser contagiados (!?), a esses países não podem deixar de associar-se, tanto para o bem como para o mal …!
No meio disto tudo, partidos, indispensáveis que são à salvaguarda da Democracia pela representatividade que a ela lhe asseguram, partidos e os seus representantes, opinion makers incluídos, não param de alertar para a necessidade de se abrirem, de darem atenção à assim chamada sociedade civil e de a integrarem, de fazerem um esforço monumental para a reconciliação desta, da sociedade civil com as próprias instituições democráticas.
Como se estivessem a descobrir a pólvora …!
Há mais de vinte e dois anos que em acção política perseverante, para esse próprio divórcio me obstino em alertar e, hélàs, a criar antídoto.
Alerta consequente com uma praxis que, ela também, não paro de desenvolver!
Toda ela registada e tornada pública e mesmo aquela que a este blogue o precede, em acção política resiliente e que, nunca por nunca, aos representantes formais e legais da Democracia, imprescindíveis que são, os pôs em causa como não os porá!
Entretanto desenvolvi doutrina que ela mesma aprofunda a Democracia que na sua representatividade não se esgota embora se torne incontornável e que me obstino em nesta atitude persistir e desenvolver …
Preso à minha equidistância e independência, é um direito legítimo que me assiste estando certo que ambas, não me excluem de à Política a desenvolver, instilando-a da nobreza sem a qual, esta se reduz a politiquice com os elevados custos que, com o tempo, os vamos, irremediavelmente, todos pagando!
O Mundo já mal se compadece com esses custos ...!
Deverei eu continuar a ser remetido para um limbo cercado de aparente silêncio e omissão quando a minha acção se torna imprescindível a nela instilar, na Democracia, novo e acrescido endurance!?
Aqui Vos interpelo, uma vez mais e desafio à coerência de que me não podeis acusar de não ter!
Ao Vosso veredicto me sujeito sendo certo que a mim é que não me podeis acusar de em Vós não confiar.
Je, moi-même devant Vous!
I, I myself in front of You!


a propósito do XIX Encontro de Estudos Políticos, Curso de Verão – Estoril Political Forum 2011 – que se está a realizar sob o tema “ O Futuro do Mundo Livre “ no Hotel Palácio do Estoril



e


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Junho de 2011

sexta-feira, 24 de junho de 2011

INFLEXÃO GLOBAL É URGENTE

entre o frio …


Prolonga-se o braço de ferro.
Entre a ameaça do não pagamos e a forçada, tíbia solidariedade …
As duas faces de uma mesma moeda sem ir à raiz dos angustiantes problemas que a todos nos afligem …
O mesmo é dizer, entre o eu não tenho nada a ver com eles ou o lavar, daí, as suas mãos por um lado e, por outro, a ameaça, sempre enxotada do contágio …
Tudo aparentemente pela rama, na superficialidade de uma crise que se persiste em não olhar na sua profundidade.
Vamos lá a ver:
Se eu não pagar, a prazo e mais cedo do que tarde, também não receberei, ou poderei eu ter a leviandade de pensar de outra maneira!?
Se eu não exercer a solidariedade, o que implica quer pagar como emprestar sem ter em mira a ganância do lucro, alguma vez poderei, poderão, quaisquer dos lados ficar imunes!?
Como posso eu dizer não ter nada que ver com isso ou lavar daí as minhas mãos!?
Ou como poderei eu, sendo contribuinte líquido dos empréstimos que me venham a ser solicitados, sugerir estar imune a seja que tipo de contágio for!?
Estamos todos ligados, é o próprio Presidente do Banco Central Europeu ou, implicitamente, o Presidente da Reserva Federal que, em relação ao sistema financeiro que, para o bem como para o mal, se globalizou, o dizem na maior das apreensões …!
E persistimos em não nos enxergarmos prolongando o melodrama dramaticamente, obstinando-nos num enredo, ópera bufa, aparentemente, sem fim à vista!?
Para quando as decisões de fundo!?
Decisões essas que só podem ser Políticas!?
Decisões que têm de fazer corresponder o quadro financeiro que se globalizou com a realidade global, estamos, de facto, todos ligados (!) o que, por sua vez, remete para a criação de uma instância Política, ela também global e que reforce, aprofunde o endurance democrático que ameaça estiolar-se mas que não poderá senão sair, tendencialmente, reforçado e consagrado, sem tibiezas, à escala global!
Estamos todos ligados e não há como dar-lhe a volta!!!


… e o calor


 

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 24 de Junho de 2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

FACEBOOK

 
 
Descobri, há poucos dias atrás, o facebook.
Descobri no sentido de dele me apropriar e me dar conta, pouco a pouco, é certo, das suas potencialidades.
Certo é também que, para mim, blogue e facebook não se excluem, antes podem ser complementares:
Têm, ambos, ritmos e densidades distintas ...
Por outro lado, a defesa que da minha escrita faço na página anterior, permanece e, digamos, medra:
Não excluo que o Professor junto do qual nesta me defendo não venha a aduzir novos argumentos que permitiriam que o nosso diálogo se desenvolvesse em acrescida profundidade.
Entretanto e como se já não bastasse, tenho vindo a entreter-me, soi disant, com as novas potencialidades que o facebook me abre ...
Tudo isto para Vos dizer que caso queiram continuar a interagir comigo ou a ler-me tout court e enquanto novas páginas a esta não forem acrescentadas, agora ou depois, podereis, na página do Google, escrever o meu nome, Jaime Latino Ferreira e procurar-me no facebook.
Se tiverdes dificuldades adicionais e já que eu não consegui aqui criar um link que a ele lhe desse acesso, podereis sempre propor-Vos como amigos desse meu novo suporte que eu não hesitarei em ao conjunto deles Vos adicionar.
Vosso

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Junho de 2011

domingo, 19 de junho de 2011

DIÁLOGO TRAVADO ENTRE UM PROFESSOR E O MESTRE

Paula Rego, Tempo Passado e Presente

há quem encontre piada em coisas que não têm piada nenhuma

- O que tem a dizer do que de mim me lê? Mais concretamente, o que me diz da Réplica a Mudam-se os Tempos ...!?
- Acho muita piada …
- Pois eu digo-Lhe sem presunção: tem mais do que piada!
- O Jaime está sempre atento à sociedade e não deixa nunca de se manifestar contra a falta de ética, contra as tentativas de silenciamento ... E eu aprecio. Agora que utiliza um estilo muito rebuscado, lá isso utiliza. Preciso sempre de o ler duas vezes.
- Rebuscado!?
- Outras vezes, perco-me porque alguns posts estão associados a outros e nem sempre me consigo situar. Sim, rebuscado.
- Precisa de ler duas vezes!? Olhe eu cá, então, leio-me e releio-me encontrando-me sempre novas qualidades!
- Rebuscado, no sentido gongórico. Não é nenhum defeito!!
- Pois é ... há, no meu blogue, uma permanente remissão para o que já foi escrito, lá isso é verdade e, agora com o facebook, a coisa ainda se adensa mais! Está-me a chamar gongórico, não, não lhe vejo nenhum mal ...!
- De qualquer modo, está de parabéns pelo cuidado com que "organiza" cada post. Quanto tempo lhes dedica?
- Ah ... se Lhe contasse ... sabe, é o meu grande investimento!
- Investimento? Vai publicar um livro a partir do blogue? É uma hipótese. Eu estou a pensar fazer isso.
- Quando falo de investimento, querido Amigo, a resposta mais curta traduz-se em saber, ter a convicção de que o que escrevo chegará a bom porto, isso sim!
( ... )
- Jaime, esqueci-me de responder à sua questão sobre a réplica a Camões. Não está má; eu não faria melhor. Aliás, eu não seria capaz de fazer nada do estilo. Mas como sou professor de Português, perturba-me o ouvido a métrica que usa. Em Camões, os versos são de dez sílabas métricas, regulares em todas as estrofes. Camões é decassilábico. Os seus versos, porém, não mantêm essa regularidade. Mas pode tentar reformular algumas palavras de forma a consegui-lo. Fui mau?
- Não, Querido Amigo, mas havia de me ouvir a lê-la, à minha Réplica ...! De métrica, estrito senso, pouco sei, mas da métrica musical que nela, na minha réplica se condensa ... oh se sei, sei e está muito bem construído, perdoe-me! Mau não foi mas mantenho o que atrás escrevi! ( porque carga de água Lhe fui eu perguntar uma tal coisa ...! ) Já agora, desculpe-me voltar à carga mas, sabe, onde se condensa, com rigor, a Sua resposta é quando escreve que não faria melhor e que não seria capaz de fazer nada do estilo ...! Ainda quanto ao gongórico ou ao estilo afectado onde sobressai a metáfora, gostava de Lhe acrescentar, gongórico, a metáfora que se segue: O artista é o alquimista e, por sua vez, aquele que se refugia no rigor das supostas medições, na forma, anda de régua e esquadro e não ultrapassa as aparências. As aparências não passam disso mesmo, a alquimia é a permanente busca do elixir da vida ...! Mas há um ponto que Lhe concedo: é que, no meu soneto réplica, o meu amigo, pese embora, encontra-lhe novidade em relação ao soneto original e ainda bem que me o diz. Deixa-o, essa novidade, perturbado... ou não estivéramos no século vinte e um! Fui mau? Confesso-Lhe que não era essa a minha intenção … e só mais um pequeno e não irrelevante pormenor: que pena esta nossa conversa não ter tido lugar publicamente! E, rematando, muito pessoalmente: não é ao ouvido que Lhe perturba a métrica que utilizo é, antes sim, à vista ...!


se esta conversa tivesse decorrido em espaço público, imagino (!), não teria tido lugar
 

( inspirado numa conversa real onde, a itálico, fala o professor )



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Junho de 2011

quinta-feira, 16 de junho de 2011

RÉPLICA A MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES

De igual para igual ( porque não!? ) interpelo Camões, essa matriz inconfundível, e canto-lhe como tudo, de então para cá, mudou!


MUDAM-SE OS TEMPOS, MUDAM-SE AS VONTADES

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
 
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

( Luís de Camões )
 

RÉPLICA

CRESCE MINHA VONTADE

Passa o tempo ficam as saudades
transformo-me e encho-me de esperança
tudo muda cresce a confiança
não ficando iguais as qualidades

Olho para o teu tempo e vejo as novidades
que das tuas diferem na lembrança
magoada de um tempo o teu desesperança
isolamento perdido das vontades

De expectativa verde é o meu canto
diferente do teu em que seria
um grão perdido neste imenso manto

Tudo já muda e cresce como soía
quanto mais se mude o forte espanto
neste meu transfigurado canto em cada dia



( publicado, em primeira mão, no mural do meu facebook, hoje mesmo )




Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Junho de 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

ACADEMISMO, DOENÇA INFANTIL DA MODERNIDADE

Van Gogh

O discurso academista é um discurso desprovido do eu e, exactamente por dele ser desprovido, faz tábua rasa do   singular, do cidadão comum individualmente considerado.
Tudo nele, na sua multifacetagem, bate certo menos essa omissão, a omissão do singular, do eu e do que a ele lhe escapa o que é a mesma coisa, a omissão insusceptível de lhe conferir humanidade e, logo, adesão à realidade.
Três dimensões deste discurso:
A dimensão política, a científica e a artística.
Dimensão política:
A política sem o destinatário concreto a quem ela se dirige, resumida às ideologias ou às doutrinas que a sustentam, despida, também, de quem as encarne, transforma-se em retórica sem emissor nem destinatário, fogo-fátuo sem ter princípio nem fim, princípios ou finalidade;
Dimensão científica:
O conhecimento científico, na sua metodologia, sem ter objecto nem finalidade, é um amontoado de hipóteses, tantas quantas as que se queiram formular desprovidas de seriação hierárquica, desprovida também, essa dimensão, da excepcionalidade que todos somos, hipóteses dispostas a confirmar como a desfirmar a regra que se tinha como segura e tanto mais quanto de ambos esse conhecimento estiver desenquadrado, do objecto como da finalidade;
Dimensão artística:
A arte, sem o seu autor e aquele a quem ela se destina, o outro autor, como nas dimensões política ou científica, podendo ser tudo, pode descambar em nada e ainda que, como fogo-fátuo, se transforme, circunstancialmente, em top de vendas ou de sucesso instantâneo.
O discurso academista, colado de citações postas entre aspas, biombo de quem o emite nele se escondendo e escudando, omitindo o eu, por muito certo que o esteja quando originalmente emitido na primeira pessoa, torna-se em vacuidade sem sentido descolado que fica da realidade.
Essa é a doença que aflige e constrange os nossos tempos à falta de quem, como eu, saiba conjugar na primeira pessoa …
… um eu que também és tu ou ele, nós, vós e eles!





Jaime Latino Ferreira
Estoril, 15 de Junho de 2011

domingo, 12 de junho de 2011

TRÊS NUM SÓ


Pedro Paulo de Jesus, Três em Um


Neste poema
há três
num só


Nele estou eu
na panorâmica de mim
que se reflecte
no que aqui escrevo


Nele estás Tu
cujos contornos
não me canso de esboçar


 Nele está o que aqui fica
o objectivo inerte
que não cessa de percorrer
Musical
de mim ao outro meu eu alienígena

  



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Junho de 2011

sexta-feira, 10 de junho de 2011

NESTE MOMENTO

para lá das estrelas

No momento em que uma situação de opróbrio como aquela que resulta do resgate que constrange o meu país e que se apresta, na sua dureza e ignomínia a abater sobre cada um dos seus cidadãos constituintes entre os quais, para o bem como para o mal, eu próprio me incluo, importa sublinhar em alta voz:
Sou um cidadão do mundo, europeu por maioria circunstanciada de razão e como tal merecedor de toda a consideração tal como os meus pares, deles igual em deveres como em direitos e tanto mais em direitos quanto por dever, há longos anos pugno, incansável, pelo cada vez mais inadiável aprofundamento da Democracia!
Democracia que passa, incontornável, pela Democracia Representativa, pela divisão de poderes e pelo Estado de Direito mas que tem de ir mais longe ainda!
Em prol da Democracia e do seu aprofundamento tenho, de há décadas, abdicado de muito, de quase tudo, num incansável Serviço a estender-se no tempo e a erguer-se numa Obra que aqui, neste meu blogue, apenas se aflora qual parte emersa de um iceberg cuja profundidade imersa mas tornada pública e transparente se vai perdendo no tempo!
Pese embora o reconhecimento que instituições gradas da Cultura Portuguesa como o Centro Nacional de Cultura me prestou, oficializou, um bloqueio ensurdecedor parece permanecer à minha volta como se me testando na minha resiliência quando não pior, ignorando-me na recusa em que persisto, sem desmobilizar, de a outros que não os meios que resultam da força intrínseca da palavra expressa em português e que faço, sistematicamente, por utilizar.
Força que aqui, uma vez mais utilizo!
Isso não faz de mim menor mas maior e tanto mais quanto na falta do contraditório que tarda em se manifestar e pesem embora todas as oportunidades que sempre lhe proporciono e a que me não furto!
Sou um cidadão do mundo igual, em deveres como em direitos, a todos os demais!
E tanto mais merecedor de direitos quanto por dever, ao longo dos anos, sem esmorecer nem dar azo a qualquer quebra de dignidade, minha ou de terceiros, persisto!
Valho tanto como qualquer outro cidadão seja ele de que  parte do mundo o for!
Valho mais porque persisto, inamovível, no dever que faço por cumprir!
Valho o que valho e, por isso, aguardo e tanto mais quanto há limites para tudo e ainda mais quanto por viver em Democracia  pela qual também eu zelo e sempre pugnei!

no dia de Portugal, de Camões e das Comunidades


Carlos Seixas, Concerto para cravo em lá maior
 

Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10 de Junho de 2011

terça-feira, 7 de junho de 2011

IMAGEM, ESPELHO E REFLEXO



Eu, o espelho e o meu reflexo …
Eu, matéria do visível, antimatéria do intangível;
Reflexo, antimatéria do visível, matéria do intangível;
Espelho … microtelescópio, estação espacial, detector de partículas avant la lettre!
Espelho ou simulacro de matéria escura entre o cá e o lá, barreira que o simulacro confunde e as julga, à matéria e à antimatéria, fisicamente estanques.
Os três, eu, o espelho e o meu reflexo, negativa, simétrica simulação da relação entre matéria, matéria escura e antimatéria.
Quando me vejo ao espelho é o não eu de mim próprio que em mim se reflecte e no que vejo, reflexo, é o não eu de mim próprio que em mim se conjuga e reflectindo me complementa.
Ao simétrico, de pólo a pólo vou buscar a ilusão tornada real que me equilibra:
O que revejo e me reforça a minha identidade;
O que não oiço e ecoa no que pensando oiço e, logo, vejo.
Só que um espelho é um espelho, um simulacro e a matéria escura é matéria escura, sistema comunicante de vasos entre a matéria e a antimatéria.
Entre um e o outro pólo há um corredor comunicante e que de uma à outra, da matéria à antimatéria, através do espelho ao outro lado nos conduz.



sou o que sou
porque não sou o que sou





Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Junho de 2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

VALIDAÇÃO DE UMA HIPÓTESE

Desintegração do Observado, fotografia por mim abusivamente titulada e trabalhada


A não ser pelos factos, terá uma hipótese científica, para que seja validada, que ser sufragada pelo voto?
Do tipo:
Quem está ou não de acordo com ela que ponha o dedo no ar!
Ou …
Quem está ou não de acordo com ela que deposite o seu voto em urna!
A não ser pelos factos …
A não ser pelos factos e, logo, pela experimentação, não há maiorias ou minorias susceptíveis de sufragarem, de validarem ou não uma hipótese científica e muito menos se ela implica um feixe múltiplo de muitas outras hipóteses!
Havia de ser bonito …!
Havia de ser bonito que a validação de uma hipótese científica resultasse de eleições …
E em caso de dúvida ou de impossibilidade de comprovação, valerá mais tê-la ou não, à hipótese, na sua plausibilidade, em linha de conta?
Valerá mais prevenir, equacionando-a ou pura e simplesmente ignorá-la?
A termos atravessado um Buraco Negro, hipótese sistémica porque sobre tudo, literalmente sobre tudo e todos incide obrigando a rever todo um olhar na holística que obrigaria a reequacionar como aqui, neste meu blogue, sistematicamente o faço, o certo é que não a tendo em consideração, não poderíamos nós, pergunto-me, estar a olhar para a parte enviesadamente descolando da realidade, exactamente por não estarmos a equacionar essa paradigmática hipótese!?
E que implicações negativas não teria, em cadeia, esse olhar enviesado, supondo que a Travessia se tinha ou estaria a efectuar com sucesso, no todo e em fossem quais fossem os campos de abordagem?
Há uns tempos atrás perguntei a um especialista da área e de chofre, como tanto gosto, provocatoriamente, de o fazer, o que pensaria ele se tivéssemos, de facto, atravessado um Buraco Negro ao que esse especialista, surpreendido, me respondeu:
O mais certo seria termo-nos desintegrado …!
Ah, o mais certo, respondi-lhe eu, concordarei consigo como diz, o mais certo, o que não quer dizer que tal tivesse acontecido …!
Hoje, porém, acrescentar-lhe-ia:
O que não quer dizer que tal tivesse acontecido, pelo menos assim, de um momento para o outro como se uma tal travessia se não dilatasse no tempo à medida, não do nosso tempo cronológico ou do instante mas do macrocósmico de uma tal entidade e do fenómeno astrofísico, da travessia que tivéssemos feito ou a que estivéssemos a ser sujeitos …!
Agora, teimando em ignorar esta hipótese persistindo em olhares dela enviesados, obcecadamente, aí sim e no dilatado do tempo que uma tal travessia sempre implicaria, a prazo e na impossibilidade de ao Buraco o ver e comprovar a não ser pelas reacções em cadeia já aqui, nas páginas anteriores elencadas e que estariam a ser desencadeadas, não as conseguindo, por isso, a essas reacções interpretar devidamente por à hipótese a não equacionarmos, provavelmente, a desintegração, aí sim, a prazo seria, poderá vir a ser o nosso fatal destino.
Pelo menos o nosso … o da Humanidade já que a Terra, essa, de nós não precisa para continuar, de uma maneira ou de outra, a sobreviver!


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Junho de 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

LUMINOSA E IMPLÍCITA TRILOGIA


A força do que não se vê é maior, suplanta aquela do que se vê.
Mas ela tem de estar, residir implícita naquilo que se vê.
Naquilo que se escreve.
Escrever sabendo remeter para o que não se escreve, eis o que pode caracterizar uma luminosa trilogia!
Um escrito cheio de oculta complexidade, de luz …!
Escura luminosidade …
Escuridão que irremediavelmente atrai!
Absorve …
Tal como um Buraco Negro e do qual, dessa outra coisa maior (!), afinal, também se torna, a escrita, num seu reflexo.
Buraco que, uma vez por ele apanhados pelo seu raio de atracção, nos tornamos no objecto da sua acção e não em meros observadores a ele imunes e dele distanciados.
Na nossa sistemática cegueira que, numa persistente teimosia, insiste em fundar-se, basear-se apenas no que se vê e, nem mesmo quando o próprio conhecimento científico admite não estarmos em condições de desenvolvimento tecnológico suficiente que a tudo permita ver, nem aí o  estamos dispostos a admitir …!
Sabe-se que um Buraco Negro apenas se detecta, não porque se veja, ele não se consegue ver no estado de desenvolvimento tecnológico em que nos encontramos, mas pelas reacções que à sua volta desencadeia e que a ele, implicitamente, escondido o sugerem.
Assim, apenas pelo reflexo do reflexo e do reflexo, estando nós no centro da sua acção que por maioria de razão não conseguimos ver, pelas  manifestações por ele desencadeadas, seus reflexos, poderemos estar em condições de a ele, na sua travessia, o admitir:
Reflexo que as alterações ambientais, somadas à predação do Homem, em si mesmas o são já;
Reflexo que a aceleração histórica o sugere;
Reflexo que a economia, no afundamento e na desintegração em que patina, apenas o é;
Reflexo que a política, ela própria o traduz, não apenas pela fragilização crescente das plutocracias mas pela própria fragilização do sistema democrático de representação política;
Reflexo que, por exemplo, a osteoporose enquanto manifestação patológica da fragilização da massa óssea o induz!
Reflexo de reflexo de outro e outro mais reflexo num encadeado factual a manifestar-se sem fim …
Fenómenos que nos obstinamos em observar isoladamente caindo num crescente mio-estrabismo crónico!
E se se sabe que a massa absorvida por um Buraco Negro permanece do outro lado ao qual se deixa de ter acesso a não ser sendo dele o objecto da sua acção e que nela apenas se altera, ligeiramente, a sua organização, quem nos garante não estarmos a olhar para o conjunto dos reflexos aqui elencados mas aos quais muitos outros lhes poderiam ser somados, de uma forma anti-sistémica completamente errada exactamente por nos recusarmos a admitir essa hipótese o que nos incapacitaria de os atacar, no seu todo, devidamente!?
E com que irreparáveis consequências a prazo …?



Jaime Latino Ferreira
Estoril, 1 de Junho de 2011