segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

REINO MEU

Luigi Benedetti

Eu tenho um reino que ungido é bem meu
que sendo meu é teu e não tem espaço
do tempo não conhece o embaraço
é teu e meu de todos tem de seu

Ao reino de que falo neste abraço
da sombra não conhece nem o breu
é todo ele luz que adormeceu
no sono em que caído me desfaço

À curva não a tem nem ao meu traço
das margens que nos recortam se escondeu
é todo ele magno gineceu

Do nome que ele tem por não ser baço
não o pronuncio em vão nem por cansaço
daquilo que ele a todos prometeu

em memória das vítimas de Christchurch que mais vale lembrá-las tarde do que nunca e daquelas que mais do que de catástrofes naturais morrem às mãos dos seus iguais


Kronos Quartet


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Fevereiro de 2011

domingo, 27 de fevereiro de 2011

RONDA

Vincent van Gogh, A Ronda dos Prisioneiros

Depois de feita uma ronda que se arrasta há um mês e desde Não Cairei, testando da direita à esquerda, de uma ponta à outra do espectro, as potencialidades do meu discurso e tendo por pano de fundo o turbilhão que sacode o Norte de África e o Oriente Próximo, recentro-me e enfoco-me, de novo, como se o tivesse perdido (!), no meu fio condutor na vigília que, em permanência, o testa como põe à prova.
No permanente repúdio por quaisquer derivas a que a volatilidade dos tempos, em mim como em qualquer um de nós, nos possa induzir!
Estabilidade e convulsão não são, não podem ser fins em si mesmos!
Prisioneiro de mim mesmo, nesta ronda, constato:
Se alguma coisa comprova a imparável convulsão que varre a margem sul do Mediterrâneo, essa coisa é, tão só, quão universal é o valor da Liberdade.
O mundo árabe dá-nos, no que se desenrola diante dos nossos olhos, uma monumental lição!
A Liberdade é um fim em si mesmo.
Tal como a Democracia é o seu próprio garante.
E é à luz delas que convulsão e estabilidade se entrecruzam, chocam, se justificam como não.
Claro que na ausência do pão como da paz, Democracia como a própria Liberdade não passam de miragens, de sonhos distantes por realizar.
Democracia pressupõe a prevalência da vontade popular e esta, apenas se pode aferir pelo sistema do sufrágio secreto e universal que lhe garanta a representatividade necessária sem a qual a estabilidade não faz sentido nenhum.
Pressupõe, ainda, a divisão de poderes.
Mas este sistema é para ser levado a sério e não apenas em função dele convir ou não aos nossos próprios interesses particulares ...!
A convulsão justifica-se em momentos de mudança na incerteza da realização da própria Liberdade.
Liberdade de culto, liberdade de opinião política como de outras, liberdade das minorias, respeito destas na prossecução das decisões maioritárias e vice-versa, uma ordem livremente consentida, a liberdade, responsabilidade maior de ser-se livre!
O não fazer-se tábua rasa da História ...!
A liberdade que a todos nos leva do exílio à terra prometida, esta, a nossa, a única Terra possível e onde todos teremos de aprender, uns com os outros e em Paz, a conviver.
Outra coisa não faria sentido nenhum ...
Ela é pequena, a nossa Terra, única e nela tem de haver lugar para todos!


Mozart, Rondó


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 27 de Fevereiro de 2011

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

HIPERSENSIBILIDADE

autor desconhecido

Há por aí uma hipersensibilidade cega e sem espinha dorsal que se pauta pelo medo, capaz de investir na estabilidade em si mesma e seja a que preço for mas incapaz de investir no futuro, na cidadania e na Liberdade, decididamente, na Democracia!
Qual banco de apostas de roleta russa manchada de sangue, essa hipersensibilidade joga, confrontada pela incerteza, na desgraça alheia qual variável perversa acarinhando, de facto, cleptocracias e o banditismo institucional!
Farejando a incerteza, o sangue e a morte, nelas encontra, sem hesitar, as razões da sua própria subsistência e engorda ...
Essa hipersensibilidade que não olha a meios para atingir os seus fins, deixada à solta e pela demissão da Política, lança povos, países, anseios e a própria instabilidade resultante da queda de ditaduras sanguinárias no jogo da roleta em que se tornou especialista viciosa, cobarde batoteira, não hesitando à custa de quem faz os seus protentosos lucros.
Não lhe chamo mais do que isto, hipersensibilidade invertebrada!
Medo sem quaisquer escrúpulos!!
A inverdade dos mercados!!!
Em que sentido apontam os sinais da economia?
No sentido da estabilidade a qualquer custo e sem olhar a quem ou naquele outro que à Política tenha por garante e à democratização por destino!?
É, a economia, um fim em si mesmo ou deverá ela antes servir os interesses das populações em geral e do indivíduo, por elas pautado, em particular!?
Mercados que se se querem livres não podem andar selvaticamente à solta!
Quem disse que o dinheiro não tem cor ...!?
Depois ... queixem-se!

diante da especulação criminosa que, desenfreada, confrontada pela insegurança, joga na política de terra queimada


terra sem sombras


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 25 de Fevereiro de 2011

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

OS NOVOS VELHOS - III -

Os novos velhos saem de escolas bafientas e paradas no tempo em que estudaram e olham apreensivos, receosos de terem perdido o pé e o bacio em cujas cálidas águas se banharam em férias escolares e sem tão pouco se interrogarem sobre as vantagens da Democracia ...
Aquilo era tão giro, espantam-se ...!
Tão calmo e paradisíaco, quem diria!?
Um bocado sodas, os indígenas, é certo, sempre a assediarem-nos por tudo e por nada mas, como é que poderíamos adivinhar ...!?
Sol e camelos ... havia, por ventura, outra paisagem!?
Quem diria, para lá de imensas ruínas, talvez metáfora do que por lá vai acontecendo, que nelas poderia haver mais do que isso!?
Gente com aspirações ...!
Sim, quem diria!?
E o fundamentalismo!?
Ai se aquilo descamba!
Cruzes, é melhor nem pensar ...!
Agora, quem pensa sou eu:
Eu que já não devo ser assim tão novo cogito, mas afinal, onde estariam esses novos velhos se, ao tempo, tivessem experimentado o sabor incerto da euforia que foi o 25 de Abril de 1974!?
Sim, onde estariam eles, de que lado da barricada!?


em memória de todas as vítimas de cleptocracias que foram demasiadamente toleradas

e de mim mesmo que, tendo comido o pão que o diabo amassou, sabendo-as, por isso, inevitáveis em levantamentos pela Liberdade mas que por ela não hesitando, desde sempre, em lutar, depressa aprendi a não embarcar em derivas totalitárias e mesmo se estas não passavam da ilusão da própria Liberdade


Olá gente que aqui estamos


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 24 de Fevereiro de 2011

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

POVO PARA QUÊ - II -

O povo é uma chatice ...!
A gente bem o tenta estratificar, dividir em grupos, etnias, tribos, culturas e religiões, sexos, uns mais baratos do que os outros e classes mas nada, o povo não se conforma!
A gente bem o industria, força a novas tecnologias, dispensa-o, cria exércitos de desempregados que o tornem mais em conta e domável, disponível e rentável, mas não, o povo não perde a capacidade de se indignar!
Ao povo bem o tentamos virar contra si próprio mas, de que é que serve ...!?
O povo não devia existir ...!
Perdão, o povo só devia existir quando nos fizesse jeito!
Para que serve o povo se ele só nos cria engulhos!?
O povo é assim como se um polvo de imensos tentáculos que nos armadilha os pés, que se enreda e exige, que está por aí e quer sempre mais, que quer ter voz e direitos, imagine-se (!), que não nos larga nem conhece fronteiras, cada vez menos (!), que se imiscui em tudo e não nos deixa os movimentos livres, que se levanta em massa e nos atazana o juízo, o povo é uma chatice, repito!
Nós a julgar que tínhamos criado, ali, a Sul, um cordão sanitário que estancasse a mob mas, qual quê!?
O povo transborda ...
O povo ...!
Educámos o povo para quê!?
O povo é ingrato, é mal agradecido, mune-se de ferramentas tecnológicas e zás, vira-as, nós que lhas demos (!), contra nós próprios, já julga que manda e rebela-se sem atender a quem, é insaciável e suga-nos até ao tutano, atrapalha a vida àqueles que, por ele, sempre fizeram o melhor ...!
O povo, essa imensa e descaracterizada amálgama, esse incógnito tumulto ...!
O povo é uma chatice e pronto ...
... povo, povo para quê!?


à Liberdade dos povos e aos que por ela sofrem


triste vida


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 23 de Fevereiro de 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

EU OU O CAOS - I -

Eu ou o caos é o que todos os potenciais plutocratas e ditadores dizem quando vêm seriamente abalados ou ameaçados os seus potentados e influência fazendo, deste modo, aterradora chantagem sobre os seus e os demais.
Quando é que a riqueza material deixará de provocar as derivas que provoca no exercício da Democracia?
Quando é que a riqueza material deixará de às democracias as condicionar como se um homem rico valesse mais do que um Zé ninguém?
Como se uma pessoa rica valesse mais do que uma rica pessoa?
Quando é que a riqueza material deixará de influir ou condicionar, irremediavelmente, o exercício democrático?
Tanto interna como externamente na vida dos povos e das nações?
Quando é que cada um valerá pela sua riqueza interior, imaterial e o dinheiro deixará de ter o peso que tem, nas decisões que se tomem?
E que às democracias as subvertem, logo, como se vê, pela sua política de alianças agora, diante da crise no mundo árabe, em falência amplamente anunciada?
Quando é que, globalmente, se imporá a geoestratégia dos direitos fundamentais?
Quando é que os ditadores deixarão de impor a sua lei, jogando, pela chantagem, com as debilidades das próprias democracias?
Quando é que os tacticismos darão lugar ao exercício da Política?
Quando é que se deixará de confundir tacticismo com diplomacia?
Quando é que a força da razão se imporá ao poder da força?
Quando será que às perguntas que aqui formulo as deixam de tomar por simples clichés?
Para lá de mim mesmo, não é o caos!
Só pensa que sim quem se julgue insubstituível, quem nos outros não confie, quem, no seu íntimo, seja intrinsecamente pobre, anti-democrático!
Quem da Democracia apenas conheça o nome mas não a exerça!
Quem dá toda a importância aos ditames macro-económicos mas esqueça, de facto, aqueles que ao nosso lado vivem na mais absoluta carência, logo a das liberdades ou que morram à fome!
Sem clichés, nem demagogia, nem populismo!

a todos os que lutando pela Liberdade só podem lutar, também, pelo pão


Rumor


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 22 de Fevereiro de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

RECEIO OU ANTECIPAÇÃO

No momento em que o mundo árabe e até ao Irão tremem, sacudidos por uma vaga imparável de contestação contagiante que às suas autocracias ou democracias musculadas as põem em causa, fazendo rever ou reequacionar estratégias tidas, até há muito pouco tempo, por adquiridas, ao mais leve indício de contaminação, viro-me para a China em aparente fuga em frente e incito-a à antecipação ou à iniciativa estratégica.
Para a China e para as democracias, o assim chamado mundo ocidental, expressão de que tão pouco gosto por pressupor uma centralidade geográfica que na globalização já não faz sentido nenhum mas do qual a primeira importou, adaptado, é certo ... o comunismo.
Receio ou antecipação?
Não há, para mim, que ter receio embora a apreensão seja legítima, há antes, pela iniciativa estratégica, que anteciparmo-nos, se queremos ter, naqueles países, por ora, em convulsão, seguros aliados no futuro já que o receio, eivado de paternalismo, do qual parece ainda não nos termos livrado qual tique colonial, por se confundir com desconfiança ou mera cumplicidade com as situações, até agora, prevalecentes, nos faz delas cúmplices, mais cúmplices ainda do que, eventualmente, o tenhamos, porventura, sido!
Aliás, em manifesta incongruência com aqueles ideais que apregoamos à boca cheia!
Agora, a China:
Imaginemos que a todas estas situações que se têm vindo a despoletar, umas atrás das outras, se vem a somar, a partir do interior do regime, a democratização não violenta, pacífica da China ...
Aquilo a que chamaria uma segunda vaga no seu processo de abertura e democratização ...!
Que impulso maior, à escala global, nesse sentido ela não daria!
Incluindo no mundo árabe!
E não estará na hora de esse grande país uno mas de dois sistemas, o público e o privado, lato senso assim o interpretaria eu, adoptar, consequente, o que daí se infere!?
O que, na impossibilidade de se voltar a fechar, o abra, resoluto e de par em par!?
A bem da sua própria unidade e da sua florescente pujança económica!?
A prudência, em tudo, é fundamental mas o receio, a prevalecer, é inimigo da Democracia que se verá levada a reboque e manca de toda a iniciativa!
Julgar-se-ão, os ditos ocidentais, munidos de anticorpos, de ideais dos quais os outros estivessem, porque carga de água (!?), desprovidos!?
Por quem se tomarão estes últimos!?

Pois se a bem se tomam, que ajam e incentivem em conformidade!

a todos os que lutam pela Liberdade

Renascença


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 21 de Fevereiro de 2011

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O PERFUME DO JASMIM

flor do jasmim

Sendo a China um dos maiores produtores do jasmim, dele é conhecido o seu chá de aroma adocicado, adocicado tal como a Democracia e tal como ela, apreciado em todo o mundo.
Da China chega, agora e, de novo por arrastamento, o perfume do jasmim!
Simbolicamente:
Há séculos que, no Oriente, o jasmim é considerado como o símbolo da beleza e da tentação das mulheres. Na Índia, Kama, o deus do amor, chegava a suas vítimas por setas acompanhadas de flores de jasmim. Cleópatra teria ido ao encontro de Marco António num barco cujas velas foram revestidas com essência de jasmim. O casamento de jasmim é o símbolo dos 66 anos de casamento no folclore francês.
Veja-se em Wikipédia!
Contagiante, o
aroma da Democracia e, logo também, da emancipação feminina (!), alastram pelo mundo inteiro ...!
E eu remeto, de novo, para a jogada
de antecipação de Hu Jintao para a qual eu logo alertei há não muito tempo atrás.
Como pode a China pretender conciliar o seu poderio económico que já teria destronado o do próprio Japão com qualquer falta de abertura ou supressão dos novos meios de comunicação, de informação que se traduzem nos infindáveis suportes informáticos, sem os quais esta, a economia, não se pode expandir?
Não terá o comunismo, esse ismo que alguns, precipitadamente, já enterraram e como logo a História recente, a queda do império soviético, o demonstrou, capacidade de, decididamente se extroverter, de se conciliar com a ideia da Democracia?
E não valeria apena, dando continuidade à jogada de antecipação do próprio Presidente chinês, a China, como um todo, vir a antecipar-se, sem medo e sem dar aso, na imensa incógnita e instabilidade que criaria, a qualquer vazio de poder que de uma nova vaga de descontentamento cujos sinais despontam já, pudesse vir a contagiá-la?
Vivemos tempos, simultaneamente, inseguros mas não menos fascinantes ...!
Que mais poderá vir a acontecer?
E não será tempo de a Democracia tomar, ela também, a iniciativa estratégica que implica o seu próprio aprofundamento!?
Aprofundamento no um, no singular, pela consagração indivisível e cidadã como há longos anos, mais do que teorizar e pelo que aqui se vê, persistentemente exercito!

de como os ecos eclodem por todos os lados


from all sides


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Fevereiro de 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

ISTMO

Roeselien Raimond, The Polesitter

A doença infantil mas crónica e já com barbas dos nossos dias chama-se ismo.
Chamo-lhe crónica porque se fosse do início do século passado ou anterior a ele ainda se poderia perceber, tão absolutamente contagiante como infantil que, então, verdadeiramente o era, agora, nos nossos dias ...!
Infestando-se dela, os média e as escolásticas caseiras, sempre prontos a resumir tudo numa só palavra, reduzem-na a um indivíduo que nela se inspire ou que por ela dê a cara, num cada vez mais afunilado fulanismo.
Uma doença, aliás, tornando-se crónica, passada a fase do contágio totalizante e da morte anunciada, é individual e controlável, pode-se, que remédio (!), viver com ela, pelo menos, poder-se-ia viver e assim sendo, ismo para cá, ismo para lá em sucessivos soundbites a amplificarem-se, transformam-na, no entanto e ruidosamente, em sonantes megabites tanto mais redutores quanto incompreensíveis o forem.
Àquele que a esse fulano o apoia chama-se um ista.
Ai se eu comesse alpista ...!
Voava, majestático e não estivesse engaiolado, daqui para fora ...
... voava mas como ave não sou, não o posso fazer!
E como não como alpista, empoleirado neste tronco, observo e ironizo, resisto!

Daí eu ser, mais aproximadamente, um isto!
Um visto que aguarda, no que aqui visto, no meio de tanta falta de discernimento, de aprofundamento:
Perdão, isto também não o sou, em rigor, eu sou antes um istmo!
Istmo:
Contracção de isto com ismo.
Parte estreita que liga uma península ao continente;
Uma porção de terra estreita cercada por água em dois lados e que conecta duas grandes extensões de terra;
Em sentido metafórico, ponte que liga o continente das ideias àquele do suporte material em que se lêem ou em que estas se expressam;

Singular extensão fina de terra arável;
Este meu blogue!
E deixem de me tentar classificar porque nenhum de nós se resume a um epíteto e seria completamente ridículo tratarem ao que aqui escrevo por ... jaimistmo, latinistmo ou ferreiristmo!

porque todos ocupamos diferentes, sempre diferentes angulares, ninguém pode ter, exactamente, as mesmas ideias sendo que eu respondo pelas minhas
e com o pensamento posto nos meus e no mundo árabe que também não se resumem a um ismo nem a um ista mas que sendo, por segura hipótese, istmos, são terra arável e fecunda de si próprios e de nós mesmos


Rondeau


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 19 de Fevereiro de 2011

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

AUTOCENSURA

Que eu não tenha, jamais, que utilizar a censura, o mesmo é dizer, que autocensurar-me!
Há por aí muito puritano, com a boca cheia de tudo e as mãos, esquerda ou direita, vazias de nada.
Supostamente impolutos, julgam-se esses puritanos os detentores da verdade situados num canto do espectro político sem que se dêem conta de que, por aí se situarem, logo por definição, se encontram toldados de imensa parcialidade.
Assim, situando-se na extrema esquerda parlamentar, àqueles que colocados à sua direita os julgam, logo por aí se situarem, carregados de um estigma condenatório e censurante.
Ou então, colocando-se na extrema direita, àqueles que situados à sua esquerda parlamentar os pretendem, logo por aí se colocarem, detentores de igual estigma em si mesmo censurável.
Em ambos os casos, quer uns como os outros enfermam da intolerância típica de quem ainda mal se habituou à convivência democrática e julgando aos seus antípodas apontar a dedo como se estes fossem os maus da fita, o que fazem, na prática, é autocensurarem-se.
Mas o mais grave é que estes extremos contaminam todo o espectro, da esquerda à direita ou da direita à esquerda, da intolerância típica e moralista de quem ainda não foi capaz de superar, de resolver as lições da História ...!
Como se a afirmação de uns se tivesse de fazer, obrigatoriamente, pela negação dos outros!
Assim, saídos, historicamente, de uma ditadura de direita, esta, a direita vê-se, ad eternum, subliminarmente condenada a carregar um pesado fardo estigmatizante.
Ou então, saídos, historicamente, de uma ditadura de esquerda, esta, a esquerda vê-se, ad eternum, subliminarmente condenada a carregar um não menos pesado fardo estigmatizante.
Em particular a Europa, centro deflagrador das duas guerras mundiais ou das duas guerras civis e globais e ela mesma vítima quer dos extremismos de esquerda como dos de direita vê-se, deste modo, condenada a carregar sem as conseguir sarar, as feridas da História, entalada entre uma religião de esquerda e outra de direita incapazes, pela autocensura exercida em permanência, de as cicatrizar, contaminando pela agressividade sempre latente, na preponderância da intolerância recíproca, a paz indispensável sem a qual essa mesma Europa não se conseguirá fazer erguer como um todo.
E, mais grave ainda, nesta postura de uma censura, autocensura latente, subliminar, contagiando sem se dar conta o Mundo inteiro quando, mais do que nunca, perante a globalização imparável, na obcessão pela economia e esquecendo-nos sempre dos crescentes desequilíbrios ambientais (!), importaria unir todos os esforços ...!
Alguma vez eu, dextro que o sou embora ambidextro de atitude, poderia dispensar a minha lateralidade esquerda?
Alguma vez um esquerdino poderia dispensar a sua lateralidade direita?
Mas não, numa cegueira infantil e constrangedora, direita e esquerda, esquerda e direita censuram-se obstinadamente, como se a sua afirmação passasse por jogadas tácticas oportunisticas que mais não conduzem do que à sua própria, de ambas (!), auto-mutilação!
E não adianta, tão pouco, pasme-se (!), que, simbolicamente, o Parlamento Europeu se desenhe, arquitectonicamente, insinuando-se, sugerindo-se como um círculo completo e já sem extremos ...

Acusam-se, uns e os outros, de liberais ou de estatistas como se fossem, uma ou outra das coisas autênticas heresias incapazes de entre si poderem conviver e inquinando toda a possibilidade de um sério debate e de eventuais entendimentos que permitissem um denominador mínimo e consensual!
Tal qual como as diatribes doutrinais cristãs e já milenares, quem sabe se não reflexo distante disso mesmo, quanto a saber-se se é pela esquerda ou pela direita que se deve fazer o sinal da cruz, esquecendo-nos sempre que esquerda ou direita dependem da posição em que às lateralidades as observemos incapazes, unilaterais, de nos colocarmos na posição do Outro!!!
Quando será que, tiradas as lições da História que urge resolver, todos, nas suas diferenças que importa salvaguardar e que deveriam ir muito para além de questiúnculas laterais que vão permitindo alimentar facções quasi guerreiras, estas se transformarão em verdadeiros partidos que mais do que se autocensurarem reciprocamente concorram, acima de tudo, para o bem que é comum!?
Quando será que de um armistício de facto, se passará, de jure, a uma verdadeira Paz?
Quando!?
O tempo urge e o Mundo não espera!


quando a censura se revela como verdadeira autocensura


Bach, Suite nº3


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 16 de Fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

CARTA A UM FABRICANTE DE PARAFUSOS

Jackson Pollock

Senhor Empresário,
Escrevo-lhe em desespero de causa e interpelo-o sobre o que é que os parafusos têm a mais que as palavras, na sua musicalidade, não tenham!?
Em que é que estes contribuem a mais na criação de riqueza de que as palavras estejam desprovidas!?
Em que é que estes, na sua fábrica de ponta, fazendo a ela confluir a nata das classes dirigentes, as dispensa, por outro lado, de às palavras darem a devida, igual ou maior atenção!?
Dirigentes que, tanto para o bem como para o mal, as não dispensam, entenda-se!
Eu bem sei que os parafusos, ainda nos dias que correm, são indispensáveis tanto ao hard como ao software, que empregam talvez milhares ... milhões de pessoas, que se exportam aos magotes e que concorrem, por isso e numa simples operação contabilística para o produto interno bruto das nações mas, e as palavras, são elas, porventura, mais dispensáveis!?
Devem ser elas atiradas para um limbo a que, eufemisticamente, se chama de cultura sempre carente da atenção que apenas um último louvor, qual extrema unção, devessem merecer!?
Eu bem sei que os parafusos servem para apertar muita junta, ligar as partes que se constituem num corpo material sem os quais este não se manteria de pé nem poderia ser transaccionado e mesmo que desmontado mas, e as palavras!?
Que seria da sua empresa sem elas!?
Até à linha final de produção e aos entrepostos de revenda!?
O que elas unem, apertam, juntam, aparafusam e alicerçam!?
Como elas contribuem ou não (!) para a coesão de um grupo!?
Palavras que, tantas vezes, são utilizadas sem qualquer critério ou musicalidade ...!
Como aquele discurso que, pertencendo a outro, por erro, um alto dignitário começou a ler numa arena internacional e que nem sequer, por si mesmo e qual colegial, ao lapso o ter sido capaz de detectar ...
... e sem tão pouco, no acto, se ter feito acompanhar por um simples pedido público de desculpas em relação ao seu homólogo, em relação àquela arena e em relação ao seu próprio Povo!?
Como são importantes as palavras, quando utilizadas com critério, na sua empresa, na sociedade, no Mundo em geral!
Como elas contribuem para a riqueza cultural e, logo, geral dos povos ...!

Senhor Empresário,
Tire os parafusos do produto a que se destinam e o que será dele!?
Ou vejam-se as suas partes deles dispensadas e o que será do Senhor!?
Mas ver-se-á, o meu Amigo, alguma vez, dispensado das palavras!?
Habituamo-nos a conviver com as coisas, somos incapazes de dispensar as palavras que a bem dizer são mais do que coisas, mais do que parafusos que indispensáveis, por ora, ainda o são (!), elas povoam o nosso imaginário virtualmente por elas aparafusado, aquele mesmo que o fez erguer a sua empresa, mas quer isso dizer que por nos povoarem se troquem a pataco, mais do que em saldo, sem qualquer valor!?
Vem esta carta a propósito de Lhe pedir um simples favor:
Quando algum dos nossos impertinentes dirigentes, sempre com a boca cheia de palavras (!), o for visitar, agradecia-Lhe muito que lhe perguntasse porque é que ainda não me veio visitar a mim!
Seu e, afianço-Lhe (!), com os parafusos todos no lugar

em memória do meu avô Latino, comerciante de ferragens e revendedor de ... parafusos


Suite


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 14 de Fevereiro de 2011

domingo, 13 de fevereiro de 2011

FALTA QUEM DIGA

Duy Huynh, Moment of Clarity


Falta quem diga que o que diga é mais forte que uma figa

Falta quem diga que a razão não é inteira condição

Falta quem diga que estes versos se preenchem dos anversos

Falta quem diga que o que rima tem sentido que se afirma

Falta quem diga que a palavra tem a força de uma lavra

Falta quem diga que quem escreva tem da força o que se atreva

Falta quem diga que é no escrever que cresce o ser

Falta quem diga que o que escreva se religa

Falta quem diga que imortal é meu mural

Falta quem diga que ousado é este fado



Scarlatti


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Fevereiro de 2011

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

ABALO TELÚRICO

Carola Onkamo, Storm in Universe

Os acontecimentos avassaladores no Egipto trazem à ordem do dia, inabalável, a questão de saber em quem, geoestrategicamente, assentam as democracias as suas políticas globais que lhes permitam, enquanto tais, sobreviver.
Há uma má consciência que, diante do abalo telúrico que varre os países do Norte de África e do Oriente Próximo, não deixa de aflorar no discurso político democrático e que não mais revela do que as más companhias de que as democracias se têm feito acompanhar no esquadrinhar do xadrez global e da sua política de alianças.
E que, em si mesma, ajuda a explicar os sentimentos que em relação a estas não deixam de crescer criando, eles próprios, o caldo e o viveiro do próprio terror de que se tornam, quantas vezes, o alvo e as vítimas.
Quando deveríamos todos rejubilar pela libertação do Egipto, revendo-nos como a nós próprios na Revolução de Abril de 1974, na memória viva que dela permanece, eu sou dela memória viva (!), logo se ergue a apreensão sobre o que se lhe seguirá e tanto mais quanto as revoluções, historicamente, parecem da democratização permanecer antagonistas ...!
Se em alguma coisa o 25 de Abril fez doutrina, doutrina essa que se espalhou Europa fora em avalanche que desembocou na queda do Muro de Berlim foi, exactamente, na constatação de que a revolução não é, necessariamente, inimiga da Democracia.
E assim deveríamos todos olhar para o Egipto e nem que mais não fosse para que não fiquemos reféns de ditaduras!
Melhor, para que deixemos de ser reféns de ditaduras!
De ditaduras como de supostos fossos culturais que dos outros nos antagonizariam!
Não há verdadeira Democracia que não deva assentar na
geoestratégia dos direitos fundamentais.
Sinais dos tempos, quer ontem, quer hoje, como qualquer dia que seja!
Canto num só
cântico o desejo partilhado de ser livre ...


no dia da libertação do Egipto


Freude schöner götterfunken


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 11 de Fevereiro de 2011

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

CÂNTICO

chat noir

Tenho do peixe a vontade de nadar
do urso polar
gana de sobreviver
do pássaro
o impulso de voar
do insecto
laborioso torcer
dos extintos
memorioso larvar
tenho do que não sei
a intuição de crescer

De meu irmão
a distância que aproxima

Tenho o pólen de uma flor
uma cidade com cor

De uma estátua
sou pedra
um sedimento que medra

Tenho o Mundo a sofrer
a gritar
por querer ser

Tenho a vontade de escrever
aqui
no que se pinta
ou fotografa sem ver

Eu sou um filme a correr

Tenho
na música
o instinto a ferver
de nada ter a perder

Minha emoção a cantar

Tenho
se tenho o lazer
que me faz ser peixe
urso
um pássaro
uma flor
pó de um afecto
insecto
ou um extinto dejecto
estrela polar
o que não sou ou serei
música que sempre darei
e quando escrevo bem sei que por escrever te encontrei

Meus lábios são lábios de sonho
neste cântico em que os ponho
se sou rico saberei
que é por saber que te os dei


dois dias passados sobre esta publicação, hoje, dia 11 de Fevereiro,
na demissão de Mubarak, dedico este poema à libertação de um povo e acrescento:
que eu não tenha, de hoje em diante, que esconder o meu rosto, a minha boca, aquilo que penso


Debussy, Reverie


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 9 de Fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

REVERIE

Ivo Sisevic - Sisko, Silence


Da massa informe
polar
surgem disformes
lobos marinhos
focas
baleias
ou cachalotes
simbólico o urso
vagueia sem norte
tropeça na fome
procura um lugar
no meio do degelo
desfaz-se
seu porte
sem porto
hangar
abrigo
e seu mote
quem dera falar
escrever
ou suporte
onde sonhar
a sua sorte


há, todavia, quem os retrate, sonhe e escreva por eles
( clique em baixo )



Einaudi - Reverie


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 8 de Fevereiro de 2011

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O QUE É QUE

Dogan Kokdemir, Alice's World

O que é que nos faz assim como somos, humanos e tão diferentes?
Para o melhor como, admita-se, para o pior!?
A simples evolução genética que nos teria feito, em si mesma, chegarmos onde chegámos?
E como chegámos!?
Como autênticos transformers do próprio habitat que partilhamos!?
Dando-lhe um relevo particular que dantes não tinha ou que apenas tinha porque o vamos decifrando!?
E ao ponto de se poder vir a tornar na razão da sua própria e, sobretudo, da nossa própria destruição!?
Da nossa própria acrescida precariedade, pelo menos, se comparada com a qualidade de vida de que hoje ainda gozamos!?
O que é que nos faz assim tão diferentes ...?
A genética, a palavra, escrita para mais ou a combustão essencial entre ambas?
Antes de saber falar, tudo era uma imensa amálgama de diferenciação difícil de discernir.
Pelas palavras que aprendemos a dizer a amálgama deu origem a contornos que se foram diferenciando entre si.
Mas foi pela escrita que, saltando estes para o papel e mais tarde para a pantalha em que me lês, diferenciando-se nos seus pormenores mais subtis, os contornos, na sua intrínseca dialéctica ganharam vida e autonomizaram-se, interagindo, por sua vez, connosco e uns com os outros, agigantando-se subversivamente como imensas construções, de tal maneira que à própria realidade que nos rodeia e que nela também o somos a transformaram e continuam a transformar pelos anseios que, por esta via, partilhamos.
O que é que nos faz assim tão diferentes?
O que nos faz assim tão diferentes são os nossos anseios que logo porque, pela palavra, os escrevemos, realizamos também ...
... sob o impulso do que sonhado é, esse anseio maior a que chamaria Música!
Espelhos de um espelho, de outro e de outro ... e de outro mais ainda ...!


Jogo de Espelhos


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 7 de Fevereiro de 2011

domingo, 6 de fevereiro de 2011

ONDE NASCE A FANTASIA

Duy Huynh, The optimistic traveler

De um secreto lugar
silencioso bem estar
nasce imensa a fantasia
cheia do que ela sabia

É luar da utopia
salpicado de magia
cai como estrela a brilhar
cintilante sobre o mar

Conjuga o verbo amar
como só sabe cantar
com aroma a maresia

Brilha de noite e de dia
como quer e quando cria
leva-me na mão a remar

há uma menina que renasce, desponta e cria por
aqui e por ali


Lullaby


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Fevereiro de 2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

ENVOLVIMENTO X INTERFERÊNCIA

Ruhollah Kalantari, Mourning for Imam Hussain


Onde se lute contra a barbárie
não posso deixar de me envolver
Onde se lute pelos mais elementares direitos fundamentais
não posso deixar de me envolver
Onde se lute pela Liberdade
não posso deixar de me envolver
Onde haja injustiças
envolvo-me

Envolvo-me
deixo-me apanhar pela indignação que me assalta

Envolvo-me mas não interfiro
é aos povos que cabe a sua própria emancipação

Não se exportam convicções

Se não queres
quem sou eu para te o impor
Se não lutas
como poderei lutar por ti
Se não queres ser livre
como te poderei eu emancipar
Se tu próprio não te indignas
como te poderei reparar

Mas nada me impedirá de
por ti
sofrer
de me rebelar como a música que de todos os poros me sai em contínuo como torrente que as palavras apenas tentam imitar

Deusa maior no teu

no meu encalce


Fratres


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 5 de Fevereiro de 2011

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

QUE PALAVRAS

Hardibudi, Oh No!


Palhaço
que ri
é abraço
criança
no meu regaço
minha vontade
que traço
sem conhecer embaraço

Palhaço
que chora
é baço
tristeza sem fim
neste passo
percalço
naquilo que faço
arrepio sem nó nem laço

em memória de todos aqueles que dão a vida pela Liberdade, num veemente apelo à contenção das partes no Egipto


Se(7)m Palavras


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Fevereiro de 2011

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

SINAIS DOS TEMPOS

Milan Malovrh, Horses in gallop

As minhas três últimas páginas, processaram-se a um ritmo verdadeiramente alucinante, tão alucinante quanto, em pano de fundo se desenvolvem os acontecimentos que lhes subjazem, por ora, no oriente próximo.
Num primeiro momento, em
Turmoil, a perplexidade dos acontecimentos que lhes deram origem;
Num segundo momento, em
Geopolítica Estratégica e a partir deles, desses acontecimentos, a recentragem na geopolítica dos direitos naturais, fundamentais, a geopolítica do eu que esses mesmos acontecimentos expressam, remetendo de volta, em nota de rodapé e em inglês, não por acaso, o libelo de dois sentidos que remete de volta a pergunta, mas, afinal, e tu, que podes tu fazer por mim, por nós (!?);
E, finalmente, em
Qualquer Dia, a prospectiva pró-activa que olhando para o futuro, contém a chave que nos permite prevenir o momento, o tempo que transcorre à luz dos acontecimentos que, dominantes, vão fazendo História.
Não é para mais, verdadeiramente esgotado e como se não bastara já toda a intensa produção que até aqui e desde que este blogue surgiu se desenvolveu, protagonista de tantos Abris, confesso-Vos:
Por ora, apetece-me ficar por aqui mas não, não é agora que poderei desmobilizar ...!
De uma Ponta à Outra, interrogo-me:
Até que ponto é que não há quem esteja já a jogar por antecipação, por iniciatica, no apelo à democratização e ainda que feito no exterior, irresistível como esta se torna na era da informação e que não pode cair em qualquer vazio de poder!?
Perante os sinais dos tempos, só podem ser brilhantes aqueles que decorrem e ainda que o possam não parecer e contraproducente seria que, diante deles, paralisante, prevalecesse a apreensão!

acuso as agências de rating que, em nome da especulação, isto é, do lucro imediato, não hesitaram em baixar a nota à dívida do Egipto não se dando conta, para mais, do risco que existia anteriormente


Abertura


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 2 de Fevereiro de 2011