terça-feira, 13 de novembro de 2018

COLHEITA






 
Picasso, Pomba da Paz







Quem à palavra como arma
só usa em terra que se lavra
seus frutos colherá em tempo certo
nela amadurecidos a céu aberto

Por demais que a use com acerto
não imperará sem grande aperto
a montes e vales os revolverá
e às tormentas e intempéries lhes fará

frente sem esmorecer e opinará
sem hesitar dando-lhes conserto
como nesta amostra ou seu breve excerto

Antes de reunido o concerto
de todos quantos importa e que trará
pacificado consenso que vingará




sendo este o terceiro tempo de uma trilogia composta por três sonetos, nela incluídos Não São Demais e Haja Quem, quem pela palavra escrita se afirma é pela palavra escrita que se infirma, faceta tão subalternizada da Democracia




1, 2



PAX






 Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Novembro de 2018





segunda-feira, 12 de novembro de 2018

HAJA QUEM






Picasso, Pomba da Paz





Basta haver quem se alteie
e que por se elevar medeie
que aos demais trará o querer
que vença as inércias do ser

Se esse alguém se oferecer
perfilando-se sem mais ter
escreva ele tudo o que anseie
sem que a vanglórias hasteie

Na vontade delineie
sem pelo meio se intrometer
nem medo do que receie

olhar pois terá de ver
e no que veja franqueie
seu limitado saber




altear-se é erguer-se ou elevar-se e só quem, como descrito, o consegue fazer, de facto, está em condições plenas de pelo exemplo, apenas pelo perseverante exemplo mediar, por maioria de razão se pela escrita, forma sublime de comunicação








PAX







Jaime Latino Ferreira
Estoril, 12 de Novembro de 2018






domingo, 11 de novembro de 2018

NÃO SÃO DEMAIS






Picasso, Pomba da Paz





Aos princípios e aos valores
reafirmar sem ter temores
mais os preenchem se adstritos
ao um concreto em seus fitos

Não são demais estes ritos
mais a mais se em verso ditos
de um tronco comum como as flores
da substância dos clamores

De anunciados horrores
pelos lancinantes gritos
vertidos no que mais fores

Ai não são demais os meus escritos
expressos em quantos louvores
por todos e por tantos mais aflitos



na certeza de não ser possível, intolerável mesmo, deixar morrer a humanidade tal como a poética, irmãs inseparáveis que uma da outra são, andai – ANDA(i) na vertical das primeiras letras de cada estrofe - que se faz tarde





1, 2, 3



( no Centenário do Armistício )








Jaime Latino Ferreira
Estoril, 10/11 de Novembro de 2018