da estrela de David ou dos
triângulos invertidos …
Papa Francisco
Santidade,
Dirijo-me a Vossa
Santidade em nome próprio como, anteriormente, também me dirigi ao Vosso predecessor.
Em nome próprio não faz
uma multidão.
Uma multidão, um grupo de
fiéis ou de não fiéis, um lóbi ou uma classe de indivíduos.
Sou eu na minha
circunstância e perspetiva singular, original como todas individualmente
consideradas o são, irrepetível portanto, católico apostólico romano e que em Cristo, na Sua universal abrangência, se
revê.
Em Cristo ou em outras referências que, politicamente, ao longo da
História e na modernidade, balizam o futuro como, entre as mais recentes e
proeminentes, pela apologia da não-violência destacaria Gandhi, Aung San Suu Kyi ou Nelson
Mandela, os dois últimos e como o Papa
Emérito, graças a Deus, ainda entre nós.
Politicamente.
Precisamente como ainda
outro dia com pompa e circunstância se anunciava o fim do comunismo quando,
esses mesmos arautos, o que não viam é que a sua crise, o que antevia, de
facto, era a crise em que o próprio capitalismo, sem o seu contraponto,
mergulhava, sobretudo perante o florescimento de uma China comunista e, logo, capitalista que emergia e pesem ou por
maioria de razão a queda dos muros, hoje, num crescendo avassalador, são os
próprios alicerces em que a Europa assenta
o seu desenvolvimento do pós guerra, também por via desse contraponto escurado no
Estado Social e na Democracia Representativa, que tremem perante a crise em que,
politicamente decapitada de um dos seus contrafortes, persiste e patina sem
aparente volta que se lhe possa dar na prevalência de todos os egoísmos
nacionais que a assolam e dilaceram incapaz de, pese embora a separação de
poderes que importa salvaguardar e à qual a Igreja como o Estado se encontram, felizmente,
obrigados senão mesmo manietados, por si mesma, ultrapassar.
Impasse político.
Que persistente impasse
político.
Que incapacidade
depressiva em dar a volta à situação.
Que obstinação em não ver
a relação estreita entre o capitalismo e o comunismo ou entre este e um certo
cristianismo, comunismo primitivo quando Cristo,
já ao seu tempo, afirmando-se filho de Deus e sem recurso, por uma vez que
fosse, à violência individual ou grupal, classista muito menos, ao fazê-lo se
equiparava ao imperador como seu herdeiro e, como ele, detentor de toda a
legitimidade política suscetível de com o imperador, um deus na terra,
plenamente, como homem livre, irmão entre irmãos, na sua original sacralidade se
afirmar ou comparar, blasfémia que ao tempo, como sabemos, sabendo-o pagou bem
cara.
Isto ao tempo do império
da força que deveria ter sido ultrapassado mas que incapazes, hoje em dia, que
parecemos ser de um verdadeiro aprofundamento da Democracia que sem pôr em
causa a Democracia Representativa, o Estado Social nem, tão pouco, a separação
de poderes e para lá da afirmação classista ou grupal, da lógica da sublevação
das massas, revolucionária, portanto, erigirmos a afirmação pacífica do
indivíduo singular como derradeira meta ou instância secular, respiração
supletiva, que nesse aprofundamento importaria, à imagem secular que esse Cristo também sinalizou, enraizar, colmatar e erigir.
Por provas dadas.
Aquelas que não paro, de
há dezenas de anos e em livro aberto, de Vos dar cavando-se, num impasse
persistente que subsiste e deste modo, o imparável fosso entre a Democracia e
os crescentes e frustrados anseios do Povo.
Dos povos dando razão,
afinal, à lógica leninista e aos seus múltiplos sucedâneos que em corpos
doutrinais quase inquestionáveis, blindados e que os próprios média, voluntária ou involuntariamente,
constituindo-se em contraponto dos poderes e tentando polarizar as redes
sociais em acirrada concorrência que escamoteia o que aqui Vos vou deixando, em
pensamento único, objetivamente, erigem.
Quase que assim é.
Falta o quase para a
coragem que falta!
Entre nós, em Portugal, o Partido Comunista, entre os que mais ortodoxos, na pureza da sua
doutrina original se conservaram, polo incontornável do nosso sistema a conter
a sua descaracterização e sendo uma ponte privilegiada para a China, ironias da História, tornou-se
também dos mais institucionais, constitucionais partidos portugueses, ele
próprio na génese da constituição democrática que nos enforma e que à débacle da Democracia a sustém, pese
embora a crise que tão duramente, sobre nós, se abate e que, hoje em dia e em
simultâneo, em sistema de contrapesos, aos populismos e aos fascismos de
expressão praticamente inexistente entre nós os contém.
Tal como a União Soviética, pormaior que com grande displicência tendemos a esquecer, foi
contraforte ao nazismo.
E como esse comunismo
primevo que, como a Igreja, vai resolvendo a tentação totalitária, penetrou,
conquistou e seduziu, como nenhuma outra doutrina que lhe fosse exógena, outro pormaior que importaria reter, a China!
Depois dele, para lá da
luta de classes que o comunismo valoriza e polariza, no aprofundamento da
democracia resta o eu, repito.
O eu singular, a minoria
das minorias e que por provas dadas, repito, em corpo doutrinal democrático respeitador
e ao abrigo da separação de poderes, com resiliência que não esmorece e
pacificamente, em mundividência singular mas abrangente e que apenas a mim me
obriga, mais e mais por aqui se afirma.
Ainda outro dia e a
propósito da resignação do Vosso antecessor, escrevi que o futuro não se
faz sem o passado mas o passado, tanto o próximo como o distante, não pode
obstruir o futuro.
E é o que acontece quando
ao passado tão levianamente se escamoteia.
Disponho-me, de há muito e
no respeito pela tradição, pela Memória, a caminhar sobre a chama dos vivos nas infindáveis e dinâmicas triangulações que em
crescendo nos interpelam em direção ao porvir.
Qual eixo da estrela de
seis pontas, símbolo do tronco comum do monoteísmo, composta por dois triângulos
equiláteros, decalcados mas invertidos.
Daquele que, como vértice
superior a Deus aponta e do qual sois um dos seus guardiões àquele outro que
invertido, inversamente decalcado, à Humanidade na pessoa de cada um de nós, em
imparável dinamismo, a interpela.
Agindo, como
comprovadamente me disponho a agir, num terreno sem território nem fronteiras
físicas, literalmente virtual, equidistante e de referência, na fronteira entre
o cá e o Lá, exposto mas silencioso e sem púlpito, esse cadinho onde, sem o seu
silencioso mas soberano contraponto, também fermentam os totalitarismos, constituindo-me
em caixa-de-ressonância não obliteradora mas apaziguadora e congregadora de
esforços perante os desafios que não mais se compadecem com egoísmos grupais,
classistas ou nacionais, de género muito menos, na crescente afirmação singular
que as novas tecnologias, irremediavelmente, ampliam e projetam nem, tão pouco,
com os de Deus que Deus não tem.
Dando a Deus o que é de
Deus e à Humanidade o que lhe pertence abrindo o futuro de par em par que num
presente sem norte, perigosamente, em recorrente e imprevisível impasse, resvala.
Neste Serviço que presto,
Vosso e a Vós, por sua via, Vos interpelando ao alívio do fardo mediático que
carregais arcando com uma função política supletiva ao encontro dessa projeção
secular que Cristo tão bem sinalizou
e para a qual não Vos encontrais, pela natureza do Vosso próprio Ministério,
talhado, qual antídoto de entorpecidos fantasmas, enquanto aguardo um sinal que
de Vós emane, desejo-Vos toda a felicidade, na fidelidade e sempre
permaneço na certeza de quem ao Amor lhe impõe
exclusividade lhe retira, em simultâneo, a sua universalidade, isto é, a sua
catolicidade
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 13 de Março de 2013
… passando pelo Homem Vitruviano de
da Vinci